Uma notícia assombrou pais e adolescentes na última semana. Um jogo online criado na Rússia estaria levando adolescentes a se suicidarem. Aqui em CLAUDIA, alertamos sobre os desafios propostos pela “brincadeira” da Baleia Azul (Blue Whale, em inglês no nome original) que fariam com que o psicológico dos participantes ficassem abalados a ponto de estarem realmente dispostos a tirar a própria vida como desafio final. Apesar da origem falsa da notícia, no Brasil, parece estar acontecendo um “efeito de imitação” e casos de suicídio e tentativas de suicídio estão sendo relacionados à brincadeira. Casos estão sendo investigados.
Como informado pelo psiquiatra Daniel Martins de Barros, em coluna no Estadão, essa história tem origem em uma notícia russa de um ano atrás repleta de suposições e sem nenhum fato realmente apurado. A publicação do periódico Novaya Gazeta foi encontrada pelo site especialista em desmascarar boatos Snopes.com.
Já a equipe da rádio Free Europe decidiu apurar melhor a história e se passaram por adolescentes interessados em jogar Baleia Azul. Eles até encontraram grupos ligados ao jogo e se conectaram com moderadores, mas, diferentemente do que foi noticiado pelo Novaya Gazeta no ano passado, a equipe não sofreu pressão e ameaças para não abandonarem a brincadeira, pelo contrário. Eles conversaram com jovem que entraram no jogo por curiosidade e todos afirmaram ter perdido contato com esses moderadores com o tempo.
Perigo real
O que contribuiu para tamanho alarde nacional em relação ao Baleia Azul foi o crescente número de suicídios entre os jovens e a falta de justificativas para o aumento dessa taxa. Na CLAUDIA de abril, conversamos com especialistas no assunto. O jogo pode ser mentira, mas o perigo é real.
A reportagem apurou que a faixa etária dos 15 aos 29 anos, a média de suicídios aumenta em ritmo mais rápido do que em outros segmentos. São 5,6 mortes a cada 100 mil jovens (20% acima da média nacional). Os dados são da pesquisa Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil e do Mapa da Violência: os Jovens do Brasil.
“Os suicídios vêm crescendo à sombra dos dois gigantes de nossa mortalidade violenta: os acidentes de trânsito e os homicídios. É preciso jogar luz sobre esses dados”, defende o sociólogo Julio Jacopo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), coordenador das pesquisas.
Os pais podem – e devem! – falar sobre o assunto. Se não aparecer espontaneamente, ele pode ser introduzido de modo a deixar claro que certas coisas acontecem e que devemos conversar sobre elas. É possível dizer frases como: “Algumas vezes, quando nos sentimos mal, pensamos que seria melhor não ter nascido ou que seria preferível morrer. Você já teve pensamentos desse tipo?”.
É fundamental ouvir com atenção e respeito, sem julgamento ou censura e sem preleções morais ou religiosas. O importante é reafirmar a preocupação e o desejo de conversar e ajudar, mesmo que isso implique tocar em assuntos delicados. “O adolescente deve ser acolhido, receber proteção e apoio, e não castigo”, explica Robert Gellert Paris, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo cvv.org.br, à reportagem.
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