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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Como encarar o isolamento social com as crianças?

Muitas perguntas sobre confinamento, crianças e coronavírus. Há respostas também

Por Stéphanie Habrich
Atualizado em 23 abr 2020, 15h55 - Publicado em 24 mar 2020, 16h00
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  • “O que fazer com os filhos no isolamento?”

    “Meu filho está muito assustado com o novo coronavírus. Como posso acalmá-lo?”

    “As crianças se sentem presas. Estão se sentindo isoladas e cansadas de ficar tanto tempo em casa. O que posso fazer?”

    “Meu filho está tendo aulas on-line. Como posso garantir que ele esteja cumprindo com todas as suas tarefas e obrigações?”

    Perguntas como essas estão circulando aos montes pela internet. O isolamento decorrente da pandemia do novo coronavírus pegou pais e responsáveis de surpresa, fazendo com que todos – crianças, adolescentes, adultos e idosos – tivessem que se adaptar às pressas a essa nova realidade. Para ajudar pais e responsáveis a lidar com esse período, levantei alguns pontos sobre como estou tratando a questão com os meus filhos em casa.

    Confira a seguir.

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    “O que fazer com os filhos no isolamento?”

    O momento atual está nos forçando a desacelerar o ritmo e focar nas coisas que realmente importam. Se podemos extrair um lado bom do período é que finalmente estamos tendo tempo para desfrutar da companhia da família. Acredito que pais e responsáveis devem aproveitar o tempo em casa para fazer coisas gostosas com as crianças: ler livros, assistir a filmes, conversar, jogar, dar risada… Não precisam ser atividades obrigatórias, com horário e tempo de duração determinados. Às vezes, você tem uma ideia, pergunta se os filhos aceitam participar dela e, então, todos estão reunidos em torno daquilo. Tudo de forma natural e espontânea, sem precisar forçar nada. No fim, o mais importante é que esses momentos de descontração sejam prazerosos para todos os lados. No Revisteen, podcast de atualidades do Joca em parceria com a rádio CBN, entrevistamos diversos jovens em isolamento e vários disseram que estão aproveitando o tempo em casa para fazer coisas com os pais. Pode ter certeza de que, quando a pandemia passar, esses momentos serão lembrados com carinho pelas famílias.

    “Meu filho está muito assustado com o novo coronavírus. Como posso acalmá-lo?”

    As crianças têm acesso a diversas informações na televisão, no rádio e na internet. Essas informações, no entanto, não foram formuladas de uma maneira específica para elas que, por isso, muitas vezes, ficam confusas. Quando a criança não entende muito bem o que está acontecendo ao seu redor, começa a inventar um monte de “minhoquinhas” em sua cabeça. Se essas “minhoquinhas” não forem eliminadas, elas só vão crescer cada vez mais – o que fará com que a criança fique mais assustada e com medo. No Joca, estamos fazendo uma cobertura especial sobre o novo coronavírus para que as crianças e os adolescentes entendam o que está acontecendo, tirem suas dúvidas e, assim, eliminem as “minhoquinhas” bobas que nascem em suas cabeças. Os jovens podem ler as matérias do site e os PDFs das últimas edições ou ouvir os episódios do podcast Revisteen. Neles, vão encontrar depoimentos de crianças e adolescentes do Brasil e do mundo dizendo como estão enfrentando essa crise. Quando os jovens percebem que todas as pessoas da sua faixa etária estão encarando os mesmos problemas, acabam ficando mais calmos, pois veem que não estão sozinhos nesse barco. Em paralelo a isso, é importante que os pais e responsáveis conversem com as crianças sobre o que está acontecendo. Com calma e tranquilidade, sente com o seu filho, ouça o que ele tem a dizer, tire dúvidas e fale com ele normalmente. Vocês podem conversar, por exemplo, sobre o lado positivo da pandemia. Fale sobre as várias ações de solidariedade que estão acontecendo no mundo todo, sobre os espanhóis que aplaudem médicos, os italianos que cantam nas janelas… Esses momentos de empatia e generosidade que temos visto ao redor do planeta podem render ótimas lições de vida para os mais novos. E não se esqueça: os adultos servem de referência para os mais novos. Se nós começarmos a demonstrar preocupação excessiva, os jovens vão sentir e começar a ficar preocupados também. Mais do que nunca, é importante dar o exemplo e mostrar que tudo terminará bem.

    “As crianças se sentem presas. Estão se sentindo isoladas e cansadas de ficar tanto tempo em casa. O que posso fazer?”

    É normal que as crianças fiquem cansadas e sintam falta do mundo exterior: dos amigos, dos lugares que costumavam frequentar… Às vezes, o jovem ainda não tem maturidade para expressar frustrações de maneira clara e, por isso, começa a fazer birra, a brigar com todos. Por isso, é importante que os pais e responsáveis façam com que as crianças se sintam amadas e reconfortadas. Uma das melhores formas de fazer isso é propor atividades em família, como comentei na resposta da primeira pergunta. Além disso, procure manter a calma. É natural que o adulto esteja estressado com o isolamento, mas é importante que procure maneiras de extravasar a raiva e evite discutir com os mais novos. No fim de tudo isso, o que mais vai importar é a nossa saúde mental e a dos nossos filhos. É melhor que eles se lembrem desse momento como uma fase em que se sentiram protegidos e seguros do que como um período em que todos na casa brigavam constantemente.

    “Meu filho está tendo aulas on-line. Como posso garantir que ele esteja cumprindo com todas as suas tarefas e obrigações?”

    Muitos adultos fazem questão de montar cronogramas de atividades para as crianças. Se você for fazer isso, é importante esquematizá-los junto com o jovem para que ele se sinta dono da própria rotina e entenda as suas responsabilidades – se ele concordou com aquele esquema de horários, deve fazer um esforço para cumpri-lo. Além disso, no início, muitos jovens podem achar incrível ficar fora da escola. Mas, depois de um tempo, a ficha começa a cair e eles se dão conta de que não estão de férias. Meus filhos estão estudando de casa há duas semanas. A essa altura, já estão cansados de terem que fazer tantas tarefas e de não poderem ver os amigos. De fato, não é fácil passar por isso. Para não colocar ainda mais pressão neles, acho que não vale a pena que nós, adultos, exijamos que nossos filhos tenham um desempenho acadêmico impecável e que passem 100% do tempo dedicados aos estudos. Em vez disso, podemos, sim, estimulá-los a manter um equilíbrio. Os estudos têm que ser levados a sério, mas também é importante realizar atividades de lazer e distrair a mente. Repito: não queremos que, no futuro, eles se lembrem desse momento como um período devastador, em que, além de não poderem sair de casa, foram muito pressionados pela família para que não ficassem para trás no conteúdo.  Espero que essas dicas ajudem pais e responsáveis a lidarem melhor com o momento que estamos vivendo. Tenho certeza de que, se mantivermos a calma e o equilíbrio, o isolamento não será um grande fardo para nós e nossas crianças. Se estiver em dúvida sobre como falar com o seu filho sobre o novo coronavírus, leia a nossa última coluna.

    Stéphanie Habrich é Diretora Executiva do Joca. Franco-alemã que cresceu no Brasil, Stéphanie é formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, com Mestrado em International Affairs pela Columbia University, em Nova York. Atuou 8 anos no mercado financeiro em Nova York e no Brasil, em bancos como Deutsche-Bank e BNP Paribas. Fundadora e Sócia-diretora da Magia de Ler, organização que produz o Jornal Joca, primeiro e único jornal do Brasil voltado para jovens e crianças.

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