Amigas se juntam para criar clube de assinatura de bem-estar sexual
Em um dos mercados que mais cresce no Brasil, empresárias criaram alternativa de acesso a produtos eróticos com preços mais democráticos
O boom do sexual wellness (ou bem-estar sexual) tem ajudado a quebrar muitos tabus sobre a sexualidade e o prazer feminino e já sabemos que brinquedos eróticos como dildos, vibradores e mais são grandes aliados nessa jornada. Mas quais mulheres têm, de fato, acesso a eles? Especialmente no momento de crise econômica que assola o país, são poucas as pessoas que podem despender R$ 100 ou mais num único sex toy. Essa foi uma das questões que motivou Tâmara Wink e Rafaela Oliveira, amigas de infância, a criarem um clube de assinatura focado na democratização de uma autoestima sexual. Desde janeiro deste ano, o Muito Prazer Club, que tem pacotes a partir de R$ 69,90, envia mensalmente para as assinantes caixas temáticas com cinco produtos voltados para o autocuidado, prazer e saúde da mulher. E não se trata de ter uma coleção de vibradores, como explicam as empresárias, já que o clube traz desde livros e cosméticos a conteúdos com informações de saúde física e psicoemocional.
“Nossa proposta é entendermos, juntas, o que é ser mulher e como se colocar como mulher nesse processo de aceitação e autodescoberta da sexualidade. Em março, por exemplo, incluímos no box o livro Viva a vagina e um espelho de mão, para provocar esse olhar sobre a própria região íntima. Queremos trazer esse bem-estar sexual atrelado à saúde, como um todo”, conta Tâmara.
Além das embalagens discretas, as empresárias quiseram fugir da visão fálica e pornográfica que ainda permeia a ideia de sexualidade e focaram em produtos eróticos pensados por e para mulheres: em vez de vibradores e estimuladores que simulam pênis, optaram por formatos e cores divertidas (como o famoso vibrador em forma de golfinho, por exemplo).
Alguns dos produtos do Muito Prazer Club.
Maternidade e prazer
Depois de 20 anos de amizade, Tâmara e Rafaela resolveram criar algo juntas durante o isolamento na pandemia de Covid-19, quando ambas perceberam que tanto elas quanto outras mulheres em suas vidas esqueceram do autocuidado e da busca do próprio prazer em meio às demandas de trabalho, casamentos e maternidade. “Conversando, percebemos que o sexo não é pensado como parte do bem-estar. E mesmo as amigas mais abertas em relação ao tema, que já tinham sex toys e tal, ainda carregavam muitos tabus”, conta Tâmara.
Para ela, que tem uma filha de 11 anos, isso ficou muito mais latente. “As mães gastam muito mais com os filhos do que com elas, por isso quisemos criar um clube de assinaturas, para tonar esse universo mais acessível e democrático, principalmente num momento de crise. Nossa assinatura mais cara custa R$ 150, um valor que, para nosso público, cabe no orçamento e na rotina”, diz.
A venda em escala foi justamente o que permitiu a estratégia do negócio: ao focar em uma grande estratégia de compra de produtos, a marca consegue melhores negociações e parcerias para repassar no valor final dos itens. Apesar do aumento da inflação (que ficou em 0,59% em maio, o maior valor desde 2016, de acordo com o IBGE), o mercado de sexual wellness é um dos que mais cresce no país, com aumento de 50% na venda de vibradores em 2020, segundo o portal Mercado Erótico. Parece que, por aqui, as pessoas têm entendido cada vez mais o bem-estar sexual como um direito humano fundamental”, como preconiza a própria OMS (Organização Mundial da Saúde).