Juliana Pereira ocupa o cargo de CEO da Montblanc no Brasil, sendo reconhecida como a primeira mulher e a primeira brasileira a assumir essa posição no país. Formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), iniciou sua trajetória profissional com o sonho de se tornar escritora. Essa paixão pelas palavras se refletiu de forma inusitada quando ela abraçou uma carreira corporativa – no universo que, ironicamente, representa um dos objetos mais icônicos da marca: a caneta.Durante sua trajetória, ela ocupou diferentes funções que permitiram que ela desenvolvesse uma visão ampla e estratégica do negócio. Durante esta entrevista, ela evidencia que sua experiência em marketing e comunicação, somada a um conhecimento profundo da operação local, lhe deu a confiança para assumir o posto mais alto.Juliana é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha os desafios e realizações de sua trajetória.Para conferir o episódio na íntegra, assista ao canal Veja+, disponível gratuitamente no Samsung TV Plus (canal 2075), hoje às 19h, ou acesse nosso canal do YouTube.https://youtu.be/xhM68upF7iMA gente tem uma importância simbólica de ter uma mulher como CEO, com certeza, mas a sua chegada também impactou os resultados da companhia, certo?Sim, é verdade. Não foi bem uma chegada a companhia, porque eu já fazia parte da equipe da Montblanc em outros departamentos, mas é importante ressaltar que, além de ser a primeira mulher, também a primeira brasileira, latino-americana, vamos dizer assim, representando uma marca europeia.Então, acho que isso também foi uma coisa que foi importante. Mas o impacto no resultado veio também por uma combinação de fatores. Obviamente que conhecer a operação de baixo para cima faz toda a diferença porque você consegue identificar algumas mudanças táticas que conseguem, a curto prazo, trazer um resultado que já consegue ser visto no topline. Qual é o panorama do luxo no Brasil hoje?O Brasil está em um lugar muito favorável nesse momento. Isso porque o brasileiro se sente mais à vontade para viver essas marcas internacionais e esse segmento. Ele não quer depender tanto da viagem. Então, acredito que é um momento muito importante para as marcas globais que estão presentes aqui. Agora pensando na sua trajetória profissional de uma vida inteira. Você sente que enfrentou adversidades por ser mulher e estar no rumo que você está?Às vezes a gente não percebe. Eu acho que isso foi muito positivo não focar nisso. Antes do segmento de luxo eu já estava num segmento premium de alimentos e bebidas – mais focado em vinhos. Você sente que existe uma certa barreira, um esforço a mais. Como você disse, tem que provar muito mais e reafirmar coisas que chega a ser cansativo. Mas não foquei muito nisso. Hoje, infelizmente, em muitas reuniões eu sou a única mulher. E fica cada vez mais nítido o quanto a gente precisa de mais mulheres em altos cargos.Tem uma sensação de solidão que acompanha chegar numa alta liderança? Isso é indiferente do gênero. É um cargo solitário. Mas nesse sentido ser mulher ajuda porque ela se abre mais, é mais sensível e confia mais na equipe. Eu tenho momentos de decisão unilateral para ter mais agilidade e não colocar um projeto em risco, mas acredito que as melhores decisões são tomadas em conjunto. Além de engajar, você consegue aprender olhares diferentes de chegar no mesmo objetivo.Queria que você contasse um pouquinho o que que você estudou. E como você sente que cada formação foi importante para te dar ferramentas para sua posição?A minha formação de bacharelado foi em letras. A ideia era escrever literatura e tradução. Depois fui buscando o conhecimento mais técnico em trade marketing e gestão de pessoas. Mas ter começado com letras foi bom porque pude exercitar toda a minha curiosidade. O importante na formação não é necessariamente você traçar uma linha reta, mas ter um conhecimento amplo, mas não raso. Desde a época do vinho e agora com a Montblanc, tudo o que envolve essa troca com pessoas é o que brilha meu olho.Pensando na comunicação também da companhia, você participa também das campanhas globais?Sim, todas as campanhas são globais. E elas precisam participar no sentido de fazer a tropicalização e as adaptações que cada mercado precisa para que o conceito global seja bem recebido localmente – é o que a gente chama de glocal. Acho que a gente tem as nossas especificidades como país e como cliente, mas a gente é muito aberto a tudo que vem também de fora. Quando falamos de estilo brasileiro e estilo feminino, o quanto você acha que isso tem um papel que faz diferença na liderança?Existe uma grande expectativa, mas depois desse tempinho acho que a gente conseguiu chegar num ritmo bom. Agora eles se sentem mais próximos no sentido de conseguir acessar, de conseguir entrar em detalhes operacionais, não ficar só no top line. Essa porta aberta e essa sensibilidade são os nossos diferenciais e isso tem sido bacana.Era um sonho seu chegar a CEO?Não era um sonho, mas foi uma consequência de tudo o que aconteceu. Obviamente, ser reconhecida é muito gratificante e foi uma coisa que busquei. Meu sonho era realmente continuar fazendo a palavra, em todos os seus formatos, tocarem as pessoas.Você tem ainda esse desejo e escreve no seu dia a dia?Sim, escrevo bastante. Para mim, a escrita à mão, principalmente, é uma forma de pensar, de elaborar e de concretizar um pensamento. O sonho da escrita e do livro foi se modificando. Não é mais aquele sonho juvenil, mas agora é um projeto que está acontecendo sem pressão, sem prazo, sem orçamento. Está num lugar muito mais pessoal do que uma coisa envolvida com a carreira, como era no comecinho.Quais são os próximos passos que você enxerga na sua carreira e aonde você quer chegar?A gente vive o futuro. Na companhia, estamos sempre planejando o próximo fiscal year, o próximo quarter. Vivo sempre com essa sensação de estar vivendo o futuro. O que posso dizer é que temos muitos projetos, muitas novidades, muitos desafios. Acredito que esse ano e o próximo vão ser muito desafiadores, mas, ao mesmo tempo, com muita novidade, que vai trazer uma marca que muitas pessoas não conhecem ainda.Assine a newsletter de CLAUDIAReceba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. 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