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Três importantes times brasileiros abraçam a causa do Dia do Orgulho LGBT

O número ainda é pequeno frente aos 20 clubes que fazem parte da elite do futebol brasileiro, mas já representa uma evolução no cenário do esporte.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 jan 2020, 14h01 - Publicado em 28 jun 2019, 17h11
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  • A luta continua! Em comemoração ao Dia Internacional do Orgulho LGBT nesta sexta-feira (28), três times da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol, também conhecido como Brasileirão, prestarem homenagens à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. São eles Internacional, Cruzeiro e São Paulo. No total, há 20 times disputando o campeonato.

    Entre os três que se posicionaram, esse ano a atitude que mais chamou atenção foi a do Internacional. O time de Porto Alegre escolheu iluminar o Estádio Beira-Rio com as cores da bandeira LGBT. Além de ter publicado imagens do espaço, que ficou lindo, o clube fez uma postagem consciente e empoderadora na legenda das fotos: “Não somos o Clube do Povo por acaso. Honrando nossa tradição, em defesa de uma sociedade livre de preconceitos, o Gigante está colorido em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTI+”.

    No Facebook, o Inter explicou que é a primeira vez que a “Casa do Povo” ficou colorida para apoiar a luta contra a LGBTfobia, mas que essa não será a única atitude do clube em prol da causa.

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    Algo semelhante foi feito pelo Cruzeiro. Pelo terceiro ano, o time se posicionou a favor da comunidade LGBT com uma grande movimentação no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Em uma postagem no Twitter, a equipe revelou que 420 cadeiras foram cobertas com as cores da bandeira, para relembrar que foi esse o número levantado pelo Grupo Gay da Bahia de pessoas que foram mortas por LGBTfobia em 2018.

    Pelo terceiro ano realizamos uma ação no Dia do Orgulho LGBT. Já iluminamos o estádio com as cores do arco-íris, no ano passado realizamos casamentos plurais no gramado do Mineirão e, este ano, focamos em um número impactante. É um dado que revela que muito ainda precisa ser feito”, explicou Ludmila Ximenes ao Globo Esporte

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    Já o São Paulo optou pela manifestação apenas nas redes sociais. Nos stories do Instagram e na página do Facebook, a imagem foi a mesma: o estádio do time de fundo, com os dizeres “O amor não é problema. E o São Paulo é de todos” por cima. O time também deixou um recado importante para a torcida na descrição da imagem: “Que hoje, e todos os dias, repensemos atitudes”. 

    O posicionamento desses clubes é importante, pois a LGBTfobia ainda é algo fortíssimo no futebol brasileiro. No final de 2018 a Vice lançou uma extensa reportagem a respeito disso, que pode ser conferida na íntegra através do YouTube. Nela vemos que os estádios ainda são um ambiente hostil para pessoas LGBT e que muitos torcedores acham absurdo problematizar as ofensas homofóbicas nos jogos – sob a justificativa de que isso já faz parte da cultura do futebol.

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    “O futebol tem um stakeholder [público estratégico] bem difícil, que é a torcida. Você tem paixão quase sempre maior do que a razão. O pensamento, quando você traz a torcida, você tem que duas vezes pesar e colocar na balança. Normalmente eu acho que as pessoas vão pra defesa em função de ‘o que é que a torcida vai imaginar que o Marcus tá falando de homofobia?'”, diz Marcus Vinicius Freire, ex-CEO do Fluminense, explicando por que ainda é tão difícil ver os clubes se posicionando sobre sobre o assunto. 

     

    No ano passado, a atitude de um grupo de palmeirenses explicitou o quanto a homofobia é tratada como normal dentre os torcedores. Sem nenhum constrangimento, alguns homens que vestiam camisas do time começaram a gritar “Ô bichara, toma cuidado, que o Bolsonaro vai matar viado”. As ofensas eram direcionadas a torcedores do São Paulo e essa cena aconteceu numa estação de metrô, momentos depois de o Palmeiras vencer o Cruzeiro numa partida do Brasileirão.

    Na época, o UOL também fez uma grande reportagem a respeito da homofobia no futebol. Nela, diversos torcedores homossexuais dão depoimentos, falando, dentre outras coisas, do medo de serem “descobertos” quando vão aos estádios.

    Nunca levei um namorado ao estádio, mas, se levasse, eu não ia demonstrar carinho. Beijo, abraço, nem pensar. No máximo um carinho na perna e olha lá. Se eu vejo um homem bonito lá dentro, tenho medo até de olhar. Imagina se ele percebe, acha ruim e chama amigos para me agredir?”. Por medo de perseguição, os torcedores se mantiveram anônimos ou revelaram apenas o primeiro nome na reportagem. 

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    Na contramão da homofobia que reina no universo futebolístico, torcedores do Pará chamaram a atenção do Brasil inteiro ao estenderem uma bandeira do arco-íris na arquibancada. A iniciativa veio da Banda Alma Celeste, torcida organizada Paysandu que, anteriormente, já havia decidido abolir letras homofóbicas de seus cânticos. 

    Por conta disso, membros da Banda Alma Celeste foram agredidos e receberam ameaças. Segundo noticiou a ESPN, as agressões teriam partido de outros torcedores do mesmo clube, revoltados por terem ganhado “fama de gays”. 

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    Frente a esse cenário, atitudes como a do Internacional, do Cruzeiro e do São Paulo são atos de grande importância. É um posicionamento corajoso, que bate de frente com uma parcela expressiva dos torcedores.

    Felizmente, isso aponta para dias menos medievais no futebol brasileiro. Vai ter estádio coberto com as cores do arco-íris, sim!

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