Spinners: você deveria se preocupar com o brinquedo do momento?
Febre entre jovens, o brinquedo é simples e está em todos os lugares -- do pátio do colégio à festinha de aniversário. Veja o que dizem os especialistas
Em tempos de celulares e tablets com tecnologia de ponta, a bugiganga do momento não poderia ser mais simples: uma espécie de estrela de plástico, com um buraco em cada ponta, capaz de girar de acordo com a força e o jeito de quem o manipula. Você já deve tê-los visto por aí: chamados finger spinners ou hand spinners, essa espécie de pião 2.0, conquista crianças e adolescentes pela simplicidade.
Basta dar um impulso e ele permanece girando por até quatro minutos. O desafio é, justamente, conseguir a melhor performance do brinquedo. “Os jovens se desafiam com diferentes manobras e movimentos para superarem seus colegas e os próprios recordes. Assim como os ioiôs, que foram febre entre as crianças de antigamente, o finget spinner é a mania da vez”, explica a pedagoga e consultora materna Ana Flávia Andreoli, de São Paulo.
Problema: a experiência é tão viciante, que ele já foi para dentro da mochila da escola, causando preocupação nos pais pela distração em potencial. No Colégio Franciscano Pio XII, de São Paulo, os spinners são proibidos durante a aula, mas não no colégio. “O uso é permitido, mas restrito à hora da entrada, saída, recreio e momentos lúdicos, como nas sextas-feiras chamadas de ‘Dia do Brinquedo'”, conta Rosimeire Aparecida Vicente, orientadora educacional da instituição.
Outro caminho possível é a inclusão dos spinners na lista de materiais pedagógicos de disciplinas como física e matemática. “Aí é que entra a versatilidade e criatividade dos professores em misturar a seriedade e importância dos conteúdos com a diversão, tornando a aprendizagem ainda mais interessante”, sugere Andreoli.
Efeito terapêutico
A aplicação terapêutica em crianças com déficit de atenção e hiperatividade, por outro lado, não tem efeito comprovado. “Conseguir que o jovem com TDAH se concentre em algo que se move é simples, mas não produtivo; pois não há repercussão a longo prazo. Este brinquedo não regula o sistema atencional, que é o que realmente precisa ser trabalhado nesses casos”, argumenta Álvaro Bilbao, neuropsicólogo e autor do livro O Cérebro da Criança Explicado aos Pais, ao El País.
O ideal é que, como em todas as outras atividades ludico-educativas, os pais supervisionem a prática — especialmente dos mais novos. “Na hora da compra, é fundamental estar ciente de que este objeto não reduz níveis de estresse ou trata doenças. Depois, fique atento para que o jogo não se torne um vício e as crianças não deixem de interagir com seus colegas por causa dele”, finaliza Ana Flávia Andreoli.