Na Sérvia, futebol divide popularidade com tênis e vôlei
Não é que os sérvios gostem pouco de futebol – pelo contrário, gostam bastante –, mas eles têm o Djokovic e várias medalhas no vôlei
Terceira adversária do Brasil na Copa do Mundo de 2018, a Sérvia é um país com um passado recente triste. Apesar de ter sido o berço da cultura vinca, a mais importante da pré-história europeia, nos últimos 2 mil anos sua capital, Belgrado, foi destruída – literalmente, posta em ruínas – mais de 40 vezes. Depois de mais de um século pertencendo à Iugoslávia, e à custa de muita guerra, apenas em 2006 o país conquistou a independência definitiva.
O esporte é uma das formas pelas quais os sérvios curam suas feridas. Saber que sua seleção masculina de futebol jogaria contra o Brasil na Copa do Mundo da Rússia foi uma alegria imensa para a população, por causa da oportunidade de encarar uma das equipes mais tradicionais da história. E outras duas modalidades formam o triângulo amoroso esportivo perfeito do pessoal de lá: o tênis e o vôlei.
Vem entender por quê!
Tênis sérvio: Novak Djokovic e seus 12 títulos de Grand Slam
Monica Seles foi a primeira grande campeã sérvia de tênis, mas naquela época (entre 1991 e 1996) o país ainda era parte da Iugoslávia. E ela também se naturalizou norte-americana, o que a distancia um pouco da Sérvia, no fim das contas.
Quem inaugurou a era vitoriosa do tênis sérvio de fato foi Novak Djokovic, 12 vezes campeão de Grand Slams (Australian Open: 2008, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016; US Open: 2011 e 2015; Roland Garros: 2016; Wimbledon: 2011, 2014 e 2015) e com 68 títulos variados em sua carreira – até aqui, porque ele está em franca atividade.
Djoko (olha a intimidade! – mas tudo bem, todo mundo o chama de Djoko) representou o triunfo no momento em que a Sérvia mais precisou: logo depois de sua independência. Aquele sinal de que tudo pode dar certo, sabe?
Ele hoje está em 14º no ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais), mas já esteve por 223 semanas no topo deste ranking. Além disso, foi o primeiro jogador da história do tênis a ultrapassar a marca de US$ 100 milhões em faturamento por prêmios. O cara é a realização do sonho sérvio.
Outra tenista que ajudou na popularização do tênis no pós-independência foi Ana Ivanovic, aposentada das quadras desde 2016 (apesar de ter apenas 30 anos de idade).
Ana foi campeã de um Grand Slam em 2008 – o Roland Garros – e ocupou o primeiro lugar no ranking da WTA (Women’s Tennis Association, ou Associação do Tênis Feminino) por 12 semanas naquele ano.
O que a fez entrar para a história sérvia, além do título, foi o timing: assim como Djoko, Ana encarnou o sonho de sucesso de um país que ainda respirava os primeiros ares de liberdade.
Vôlei sérvio: medalhas olímpicas e mundiais
No vôlei, 2016 foi o ano mágico da Sérvia depois de um longo período de amadurecimento do esporte.
É verdade que o que hoje conhecemos como a seleção sérvia de vôlei masculino havia sido campeã dos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney (Austrália), mas naquela época a camiseta que os jogadores vestiam era da Iugoslávia. A história do vôlei sérvio começou mesmo em 2006, depois da independência.
Em 2007, a seleção feminina já abocanhou a prata do Campeonato Europeu, o que foi um feito e tanto. Duas edições depois, em 2011, conseguiu o ouro, medalha repetida no ano passado.
Em termos mundiais, as conquistas mais marcantes do vôlei feminino sérvio são, até hoje, o segundo lugar na Copa do Mundo de 2015 e nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro – esta é considerada a mais importante de todas.
Já o volêi masculino da Sérvia demorou um pouquinho mais para conseguir sua primeira medalha pós-independência: foi em 2011, o ouro no Campeonato Europeu. Em 2016, a seleção conquistou outro ouro, desta vez na Liga Mundial realizada na Polônia.
Tanto no masculino quanto no feminino, o vôlei sérvio lota ginásios e exporta talentos. Brankica Mihajlovic, Nadja Ninkovic, Tijana Malesevic e Ana Bjelica, por exemplo, já jogaram em times brasileiros e fizeram muito bonito nos campeonatos estaduais e na Superliga.
O ouro olímpico não deve demorar a sair para uma das seleções sérvias. Ou para as duas, quem sabe?