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Romance de adolescência que 40 anos depois virou casamento

Foram dois relacionamentos estáveis, dois filhos e um neto até a gaúcha Dirce Carrion, 55 anos, reencontrar o namorado da adolescência. "A vida esperou por nós"

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 22 out 2016, 14h54 - Publicado em 27 mar 2014, 22h00
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Após 40 anos de desencontros, casal fica junto
Foto: Getty Images

“Conheci o Paulo quando eu tinha 15 anos, em Porto Alegre. Éramos da mesma turma de amigos, frequentávamos o mesmo clube e as mesmas festas. Ele era mais velho, tinha 18 anos. Era bom de papo, bonitão e só namorava meninas lindas. Eu achava que era areia demais para o meu caminhãozinho, mas acabamos engatando um namorinho de adolescente. Nada sério. Depois de seis anos, o Paulo se mudou para Salvador. Nas poucas vezes em que voltou a Porto Alegre, nos encontrávamos, só que sempre acompanhados de amigos e até do respectivo parceiro da época. Quando fiz arquitetura, conheci meu primeiro namorado sério. A relação durou quatro anos e, em 1980, tivemos o Diego, meu primeiro filho. Formávamos um casal tranquilo e meio hippie. Moramos juntos no Rio de Janeiro, onde ele arranjou emprego, depois abrimos um restaurante em Florianópolis e permanecemos lá dois anos. Com o tempo, a relação foi ficando estremecida e, um dia, simplesmente acabou. Voltei com o Diego para Porto Alegre e concluí a faculdade. Trabalhei dois anos como arquiteta, até mudar de área: me envolvi com filmes e projetos sociais.

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Essa nova carreira me levou a Olinda, onde eu ia começar em um canal de televisão independente. Fiz minhas malas, coloquei o Diego no nosso fusquinha e lá fomos nós rumo a uma nova fase de vida. No caminho, passaríamos por Salvador, e me lembrei de que o Paulo morava lá. Liguei para combinar um encontro. Quando cheguei à casa dele, levei um susto. Ele estava todo machucado, pois tinha sofrido um acidente de moto. Eu só ia ficar um fim de semana, mas virou um mês. Sempre fui muito solidária e, com um homem bonito daqueles, não seria uma tarefa difícil prolongar minha estadia para cuidar dele. Não demorou a recomeçarmos a namorar. O melhor é que o Diego adorava o Paulo. Aquele foi um tempo muito gostoso, apesar de eu saber que nada mais sério iria acontecer e não alimentar nenhuma expectativa. Quando não tinha mais como adiar meu trabalho, segui para Olinda. Fiquei lá dois anos. Nesse tempo, eu e o Paulo nos encontramos muitas vezes e continuamos o relacionamento. Até que, novamente decidida a mudar o rumo profissional, fui para São Paulo, abri uma agência de fotografia e nos distanciamos. Ainda não tinha chegado o nosso momento. Estávamos focados na carreira e cada um continuou o seu caminho.

No trabalho, conheci um fotógrafo que depois virou meu namorado. Fomos morar juntos e tivemos um filho, o Pedro, hoje com 19 anos. No total, foram 17 anos de companheirismo. Em 2004, resolvi voltar a atuar em projetos sociais e comecei a viajar com frequência para a África. Fiquei 100% envolvida naquilo, pois estava fascinada pela cultura e pelo povo daquele continente. Meu relacionamento sofreu com isso. Meus valores e os dele começaram a se diferenciar e nós fomos nos afastando cada vez mais. Houve um momento em que já não existia conexão nenhuma. Mesmo assim, nossa relação prosseguiu por mais três anos. Era pelo Pedro, que era adolescente e sofria muito com a ideia de os pais se separarem. Aguentei o máximo que pude, mas um dia tive de colocar um ponto final.

Passei a trabalhar ainda mais, coloquei corpo e alma no projeto social, que expandi para outros lugares. Viajei o mundo todo e, nos lugares por onde passava, tive muitos namorados e paixões. Mas nada foi duradouro. Não me comprometi com ninguém por um bom tempo. Na verdade, eu não esperava mais ter outro relacionamento sério. Por todo esse tempo, porém, pensei no Paulo. Sabia, por intermédio de amigos, que ele estava casado e tinha dois filhos. Ficava feliz por ele, mas sentia saudade: queria vê-lo, conversar, contar da vida. Nunca fui atrás, pois achava que ia atrapalhar e bagunçar a rotina dele. Assim, estive em Salvador muitas vezes, embora nunca tenha tentado encontrá-lo.

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Sete anos depois de me separar, encontrei o Paulo no Facebook. Eu não gostava muito dessa história de redes sociais, mas comecei um perfil porque parecia imprescindível para o meu trabalho. Quando o achei, resolvi mandar uma mensagem. Passou mais de um mês até eu receber resposta. Já tinha desencanado completamente quando chegou uma mensagem dele. Depois, Paulo me contou que mal entrava no Facebook e que, quando viu meu nome, nem me reconheceu, porque estava acostumado desde jovem a me chamar pelo apelido: Meca. Um dia, por curiosidade, resolveu abrir minhas fotos e viu que era eu mesma. Respondeu à minha mensagem imediatamente. Não consegui esconder o entusiasmo. O sentimento voltou com tudo na hora e foi intenso, como se toda nossa história tivesse sido resgatada naquele instante. Trocamos mensagens por duas semanas sem parar. Aí começamos a nos ligar com frequência. Passávamos horas pendurados no telefone, como adolescentes. Gosto de pensar que nós estávamos abertos a novas oportunidades afetivas e, por isso, aconteceu assim. Foi tudo muito inesperado. Claro que, no comecinho, senti medo de não conseguirmos adaptar nossas respectivas rotinas para ficarmos juntos. Estava totalmente insegura com um relacionamento novo. Mesmo assim, me entreguei. Marcamos um encontro no meu aniversário, em novembro. Dispensei todos os meus amigos e preparei um quarto de hóspedes para o Paulo. Quando ele chegou, nos vimos sozinhos pela primeira vez em 26 anos. Ele estava tão nervoso… Desde sua separação, há 12 anos, não tinha tido ninguém. Bebeu algumas doses de uísque para relaxar. Eu também estava agitada. Era tanta ansiedade… Mas, finalmente, estávamos ali, em sintonia total. Combinamos que nós dois iríamos curtir três dias, mas isso não foi suficiente. Queríamos recuperar o tempo perdido.

Ele só foi embora 21 dias depois. Desde então, viajamos para nos encontrar sempre que possível. Pelo menos por enquanto, decidimos que não vamos morar juntos, pois cada um já tem sua vida estruturada – eu em São Paulo, ele em Salvador. Além disso, ainda viajo muito por causa do trabalho. O que mais me atrai no Paulo é sua leveza. Ele é muito engraçado. Meus relacionamentos anteriores eram muito complicados. No fundo, eu queria alguém como o Paulo, que me faz sentir feliz e segura. Ele é do bem, ético e se importa com seu papel social. No Natal, fomos visitar meu filho mais velho, que mora na Chapada Diamantina (BA). O Paulo não via o Diego desde aquela vez em Olinda, há 26 anos. Quando contei para meu filho que nós tínhamos nos reencontrado, ele deu risada e disse que se lembrava de tudo daquela época, até do nome do cachorro do Paulo. Viajamos com meu caçula e o primogênito do Paulo. Na ocasião, o Paulo também conheceu o filho do Diego, meu primeiro neto, o Theo, de 6 meses.

Não acredito em destino, mas acho que coisas boas acontecem quando estamos abertos a novas experiências. E sei que existe um momento certo para tudo. Tanto que vida esperou por nós, pela nossa maturidade. Após tantos desencontros, estamos juntos! É maluco: rodei o mundo e me apaixonei por um homem que conheço há 40 anos. Quero envelhecer ao lado dele. Estou adorando viver este recomeço e minha sensação é de que ainda temos muito pela frente. Hoje, entre nós, tudo é mais intenso e melhor: o sexo, o companheirismo, as conversas, as risadas… Com o Paulo do meu lado, sei que tudo vai dar certo.”

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