A leitora Laura* descobriu que não poderia engravidar com seus óvulos. A solução foi contar com uma doação de uma mulher mais jovem. Em troca, seguindo a resolução do Conselho Federal de Medicina, ajudou a financiar o tratamento de fertilização da sua doadora por meio da doação compartilhada. Em um depoimento a CLAUDIA, ela conta como foi o processo:
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“Esperei bastante para pensar no segundo filho. Planejei-o para quando chegasse aos 40 anos, acreditando que seria facílimo. Da primeira vez, decidi ter um bebê e, um mês depois, já estava grávida. Não contava com nenhum tipo de problema. Mas eu e meu marido tentávamos, os dias iam passando e nada acontecia.
Depois de alguns meses de angústia, procuramos uma clínica. Feitos os exames iniciais, a médica identificou uma reserva ovariana muito baixa, com pouca qualidade, e outros hormônios aumentados. Soube pelos especialistas que seria muito difícil engravidar com os meus próprios óvulos. Foi um baque para mim.
Perguntei à equipe se eu não poderia tentar estimular os ovários. Resolvemos ir por esse caminho antes de recorrer a uma outra mulher. Então, iniciou-se um processo sofrido, com injeções hormonais diárias. Infelizmente, meu organismo não respondeu à medicação.
Meu marido e eu tivemos que fazer uma opção: receber a doação ou desistir do projeto. Na minha cabeça, não era um problema ter em mim uma célula de outra pessoa. Penso, por exemplo, nos que precisam de transplantes. Recebem órgãos de terceiros e nem por isso deixam de ser quem são.
Confiei na equipe profissional e me submeti ao processo. Nós conseguimos quatro embriões e colocamos dois deles. Um não era para ser meu. O outro deu certo. Foi uma alegria muito grande. Tivemos sucesso de primeira, e eu sei que nem sempre isso acontece.
Agora estou na décima semana de gestação e tudo caminha bem. Minha filha, de 10 anos, curte cada momento, depois de ter desejado tanto um irmão. Vejo o óvulo que recebi apenas como matéria. Ser mãe não tem a ver com a transmissão dos nossos genes, mas oferecer amor. Tem a ver com guiar esse ser pela vida até que ele possa caminhar com as próprias pernas. Eu nem lembro mais que houve uma doação. O que eu nutro, agora, é o meu filho.”
*O nome verdadeiro foi alterado a pedido da personagem.