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O primeiro sopro ao mundo: relato de um parto

Relato do terapeuta Felipe Boni que, na ausência da parteira, auxiliou sua esposa, Nathalia, no parto de seu segundo filho

Por Da Redação
Atualizado em 22 jul 2023, 15h45 - Publicado em 19 jul 2023, 09h26

“Quando estava próximo do nascimento do meu segundo filho, David, minha esposa, Nathalia, e eu, escolhemos um sítio para realizar o parto. É um lugar que frequentamos bastante e estávamos querendo ter o bebê por lá. Como somos terapeutas, era possível ficar trabalhando à distância, hospedados por um mês. Foi ótimo, pude me conectar com a natureza.

Fizemos os preparativos e montamos uma equipe. Além da doula, reunimos pessoas queridas, como a responsável pelo sound healing e a outra que ficaria com a fogueira. Estava tudo lindo e maravilhoso. Próximo ao dia, porém, a parteira olhou para o local onde a gente queria que o David nascesse, amplo e alto, e disse que é da natureza da fêmea buscar um cantinho para o parto. Assim como os animais, que vão atrás de uma caixa ou de algo mais protegido para os filhotinhos nascerem, é instintivo também para o ser humano procurar abrigo. E mesmo que tenha medo, a mulher sabe o que tem que fazer porque o corpo entende o caminho.

Estava atendendo em um dos quartos, mas precisei dizer para a minha paciente que meu filho iria nascer. Desliguei. A Nathy, ali próxima, já sentia as primeiras contrações. A ideia inicial era avisar as pessoas que deveríamos ir para o local combinado. Contudo, na hora, ela me olhou e pediu para não irmos a lugar algum: ‘Não quero ninguém aqui’. Era o instinto dela falando mais alto.

Concordei e perguntei se poderia pelo menos comunicar a parteira, ao que, obviamente, respondeu sim. Por ela estar próxima ao sítio, chegaria tranquilamente. A gente só não imaginava que o parto seria tão rápido — o processo inteiro durou uma hora e cinco minutos.

Nesse meio tempo, corri para pedir para prenderem os cachorros: já era noite, eles estavam rondando o sítio e precisavam ficar presos para a parteira conseguir entrar na casa. O rapaz que cuidava dos cães tinha ido ao pronto-socorro, fiquei apreensivo, mas, por sorte, já havia retornado e me ajudou na tarefa. Tudo certo.

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Quando voltei para Nathy, ela estava no boxe, naquele cantinho que as fêmeas procuram, tendo as contrações. Eu fiquei na assistência e a minha filha, Maria Clara, na época, com dois anos, nos acompanhou. Não tinha mais ninguém… E a gente esperando a parteira chegar.

Apesar dos contratempos, estávamos todos muito tranquilos. Em momento algum ficamos preocupados, me senti tomando as medidas necessárias e ficamos em paz — não sei se por ignorância ou por apenas emanarmos tranquilidade mesmo. A Maria Clara perguntava se a mãe estava bem e a Nathy dizia que logo logo o irmãozinho dela iria nascer. Achei curioso ela ter tamanha presença de espírito ao se preocupar com a experiência que a Clara estava tendo. Para não assustá-la, toda hora que vinham as dores de uma contração, aquele momento intenso, a Nathy transformava a situação em algo leve, com sons e expressões que davam a entender ‘tudo estava bem’. Foi sensacional esse cuidado com a família.

Até que uma hora ela me olhou e disse: ‘O David vai nascer’. E eu pensando ‘Como assim? A parteira ainda não chegou’ — olha a minha cabeça. Naquela hora, liguei para a cuidadora do sítio e pedi que ela ficasse com a Maria Clara. O David estava nascendo. Foi o tempo dela pegar a criança no colo. Ao voltar para o boxe, segurei, literalmente, o David nas minhas mãos. A partir dali, não soltei mais.”

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