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Instituto Survivor dá suporte para mulheres vítimas de violência doméstica

Lançado por Izabella Borges e Duda Reis, projeto foca na saúde mental e no empoderamento financeiro de mulheres

Por Paula Jacob
14 mar 2022, 09h29
violência contra a mulher
 (Ponomaiovva_Maria/Getty Images)
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Casos de violência de gênero afligem mulheres desde que o mundo é mun- do. Apesar das recentes campanhas de conscientização e iniciativas públicas em diversos países, os números não são nada animadores. Pelo contrário: segundo a pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, feita pelo Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma a cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de violência física, psicológica ou sexual em 2020. São cerca de 17 milhões. Os dados ainda nos mostram uma clara ligação entre o aumento dos casos e a pandemia, seja na perda de um emprego que acarreta na dependência financeira do companheiro, seja na hiper convivência com o agressor.

O cenário assustador também incita outro questionamento: como ficam essas mulheres depois “que tudo acaba”? Pensando justamente nesse momento do pós-trauma que a advogada criminalista Izabella Borges e a atriz Duda Reis criaram o Survivor. O objetivo principal do instituto, lançado neste mês de março, é dar ferramentas para que as que sofreram qualquer tipo de agressão tenham uma nova chance de ressignificar essas dores e seguir em frente. “As mulheres ficam presas na imagem de vítima porque todo o sistema faz ela ter esse congelamento: da queixa à exposição do caso – mesmo não sendo uma pessoa famosa. Ninguém está preparada para lidar com as consequências disso, ainda mais numa sociedade machista e patriarcal que insiste em deixar a mulher nessa posição de fragilidade”, argumenta Izabella.

“Demanda muita vontade e confiança para sair desse lugar e viver uma vida com outra narrativa.” O Survivor, então, se divide em dois pilares principais: o tratamento psicológico e o auxílio na vida financeira. Tudo com acompanhamento de profissionais especializadas reunidas no banco criado pelo projeto, com atendimentos gratuitos ou a baixo custo. A primeira parte será focada no processo de elaboração do ciclo traumático e na possibilidade de autonomia psíquica pós-trauma, e a segunda, na fomentação de criação de vagas preferenciais em empresas e atuação conjunta com RHs para que haja uma autonomia também econômica.

Entendendo que o tratamento envolve outras práticas de atuação, o Survivor terá uma proposta interdisciplinar, que inclui aulas de ioga e meditação, além de rodas de escuta empática e ciclos de diálogo, oferecendo os alicerces necessários para a reescrita desse novo capítulo. “Percebi que para me libertar das dores que marcaram os episódios de violência que vivi eu precisava mergulhar em um processo pessoal de autoconhecimento e entender realmente o que passou. Foi após todo esse percurso que a Izabella e eu decidimos unir forças para ajudar e empoderar outras mulheres. Quero fazer a diferença de forma coletiva, sou uma sobrevivente também”, comenta Duda Reis.

Num segundo momento, a ideia é levar a iniciativa para o poder público. “Podemos criar e apresentar projetos de lei para deputadas federais e esta- duais, colocando no papel tudo o que queremos incorporar na sociedade”, diz Izabella. Aos casos que demandem atendimentos jurídicos ou psicológicos emergenciais, o Survivor contará com a rede de apoio do Projeto Justiceiras, da promotora Gabriela Manssur.

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