Ela correu uma maratona menstruada e sem absorvente como forma de protesto
Kiran Gandhi disputou a maratona de Londres em abril de 2015.
Se para algumas mulheres a menstruação é sinônimo de constrangimento, definitivamente, para Kiran Gandhi, não é assim.
Ela se preparou durante um ano para disputar a maratona de Londres em abril de 2015. Kiran ficou menstruada bem no dia da competição e teve duas opções: correr com um absorvente, ou não. Ela escolheu a segunda opção.
Gandhi correu sem um absorvente e aproveitou para fazer disso uma forma de combater a vergonha e a falta de posição que as mulheres tem na hora de falar sobre a própria menstruação. Segundo ela, as mulheres escondem a menstruação como se ela “não existisse”.
A maratona aconteceu em abril, mas sua história começou a viralizar a ganhar a internet só agora. À época, ela escreveu sobre sua experiência em um blog no Medium: “Enquanto eu corria, eu pensava em como as mulheres e os homens são socializados a fingir que o período menstrual não existe. […] Ao tornar mais difícil falar sobre isso, nós, mulheres, não conseguimos falar sobre isso no trabalho, e não é possível reconhecer as diferenças sociais entre mulheres e homens que devem ser reconhecidas e estabelecidas como aceitáveis. Porque é que as mulheres não reclamam ou falam sobre suas funções corporais? Porque ninguém pode ver isso acontecendo? E porque isso é uma questão importante? É importante porque acontece com todas e acontece agora”.
Leave it to resident bad-ass Kiran Gandhi to turn a marathon mis-hap into a silver/red lining. Not only was it my honor…
Continua após a publicidadePosted by Meredith Baker on Quarta, 22 de julho de 2015
Em entrevista à Cosmopolitan, a jovem de 26 anos contou que tomou a decisão em forma de protesto para que as mulheres não tenham vergonha da menstruação. E credita o fato de isso ser um “problema” à misoginia: “Eu tenho a visão de que se os homens tivessem um período menstrual – porque estamos em uma sociedade que privilegia o masculino – , que as regras seriam diferentes no local de trabalho, e que as regras sociais permitiriam que os homens falassem sobre isso livremente no trabalho, em casa, com amigos”, disse ela.
Em contrapartida, os dois homens mais importantes na vida de Gandhi – seu irmão e seu pai – estavam na maratona e acompanharam a corrida. Ela não sabia como eles reagiriam, mas quando ela chegou até eles na marca de nove milhas, eles só se preocuparam em abraçá-la e tirar fotos.
Em seu blog pessoal, ela escreveu que correr a maratona desta forma foi um desafio e quis passar uma mensagem para o mundo.
“Se há uma maneira de transcender a opressão, é correr uma maratona da maneira que você quiser”, escreveu. “Onde o estigma da menstruação de uma mulher é irrelevante, e nós podemos rescrever as regras, como nós escolhemos.”
E completa:
“Todo mundo estava correndo com uma missão pessoal. E, de repente, eu senti que estava completamente apropriado eu correr a minha maratona menstruada”.