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Brasil é o 4º país em número de casamentos de meninas menores de 18 anos

Dados divulgados em 2016 por organizações não-governamentais voltam à tona nesta semana devido aos preparativos para o Dia Internacional da Menina.

Por Fernando Gomes
Atualizado em 15 jan 2020, 08h46 - Publicado em 11 out 2019, 09h54
 (mrs/Getty Images)
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Nesta sexta-feira (11), comemora-se o Dia Internacional da Menina. A data, criada pela ONU em 2011, foi estabelecida para marcar a luta pelos direitos das garotas, celebrar progressos e organizar eventos ao redor do mundo, incentivando a igualdade de gênero e outras causas importantes, como a luta contra a discriminação e o abuso infantil.

Diversos atos de conscientização acontecem nesse dia em vários estados do nosso país. A principal instituição que encabeça ações nesse dia é a Plan International Brasil, uma organização não-governamental que defende os direitos das crianças e dos adolescentes há 20 anos no Brasil. Seu objetivo é empoderar comunidades para tirar esses jovens da situação de vulnerabilidade e gerar mudanças significativas para esses jovens.

Em 2016, a Organização divulgou dados relevantes a respeito da situação das meninas no país, que tiveram grande repercussão. A pesquisa mostrou que, em números absolutos, o Brasil é o quarto país com o maior índice de casamentos de meninas com menos de 18 anos, ficando atrás apenas da Índia, Bangladesh e Nigéria.

Os dados foram coletados pelo Instituto Promundo – outra organização não-governamental que trabalha em busca da equidade de gênero e da não violência – mostraram que 287 mil garotas menores de idade se casaram com menos de 15 anos. A Unicef também informou que, na última década, 650 milhões de meninas tornaram-se esposas antes da maioridade.

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Organização Mundial da Saúde (OMS) trouxe dados que diziam que complicações na gravidez e no parto estão entre as principais causas de morte para garotas de 15 a 19 anos no mundo. E 90% dos casos estão relacionados a casamentos precoces.

Os números chocantes alertaram os países do mundo – incluindo o Brasil – para uma crise humanitária terrível. Na época em que os estudos saíram, os veículos de imprensa publicaram histórias reais de meninas que tiveram filhos muito precocemente e o assunto, então, tornou-se alvo de campanhas fortes que pregavam a reversão desses números elevados.

A revista CLAUDIA publicou uma importante reportagem, em 2016, sobre a realidade comum no nordeste brasileiro de noivas muito jovens. Uma das entrevistadas era Ivonete Santos da Silva, de apenas 14 anos na época, que vivia em Maceió com o marido, Sislânio Silvério, de 21 anos, e sua filha Rayslani, que tinha 1 ano.

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Em entrevista, a adolescente contou que dividia seu tempo cuidando da casa e de sua filha e que ainda não sabia responder como se sentia de fato naquela posição de mãe. “Não sei direito. Sou um pouco mulher, pequena demais, meio criança também […] Espero que minha filha case bem tarde, só com 17 anos, e não engane a escola para aprender tudo direitinho”, disse.

A matéria destrinchava mais seis histórias de meninas que foram mães e se casaram extremamente cedo. Dentre elas, apenas uma estudava na época em que a matéria foi publicada.

Todos os dados acerca do casamentos de meninas menores de idade no Brasil voltam à tona nesta semana, e servem de alerta para os atos promovidos no Dia da Menina. A Plan International, por exemplo, está realizando no Brasil durante todo o mês de outubro – e em especial no dia 11 – o movimento #MeninasOcupam. A causa tem como objetivo levar garotas para ocuparem espaços públicos e privados como demonstração de seu potencial, além de reiterar a importância do empoderamento delas.

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Este movimento está acontecendo em cidades da Bahia, Maranhão, Piauí e São Paulo. Mais do que ter noção dos números da problemática, é importante termos eventos iguais a este para que eles estimulem cada vez mais a busca pela igualdade de gênero no nosso país.

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