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Entenda o batismo anglicano, parte das tradições da família real britânica

Príncipe Louis é o próximo a passar pelo ritual, que é muito parecido com o batismo da Igreja Católica Apostólica Romana.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 12h01 - Publicado em 7 jul 2018, 08h30
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  • Marcado para o dia 9 de julho, o batizado do príncipe Louis, caçula de Kate Middleton e príncipe William, é um evento aguardadíssimo por quem acompanha a família real britânica. Todos querem conferir os protocolos, as tradições e os looks dos convidados (não adianta querer enganar: todo mundo fica de olho nos figurinos, sim).

    No interior da igreja, em uma cerimônia reservada apenas para pouquíssimos convidados, o que rola é um batismo anglicano. Não se trata exatamente de uma escolha religiosa: o fato é que a bisavó de Louis, Rainha Elizabeth II, é a Governadora Suprema da Igreja Anglicana, também conhecida como Igreja da Inglaterra. Todos os membros da família real, portanto, são anglicanos e pronto.

    Rainha Elizabeth II, líder da Igreja Anglicana
    Rainha Elizabeth, Governadora Suprema da Igreja Anglicana, e Justin Welby, Arcebispo de Canterbury, autoridade máxima da Igreja Anglicana (Anthony Devlin - WPA Pool/Getty Images)

    Como são poucos os anglicanos no Brasil – de acordo com dados de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, são cerca de 19.400 pessoas, o que equivale a 0,01% da população brasileira –, os rituais dessa igreja acabam sendo pouco conhecidos por aqui. Decidimos, então, saber como é o batismo pelo qual passa a grande maioria dos britânicos.

    A surpresa: não é tão diferente do batismo católico apostólico romano, tradicionalíssimo por estas bandas. Vem saber mais!

    O batismo na Igreja Anglicana

    Para começar um batismo anglicano, o bispo ou a bispa – mulheres são aceitas nesta posição – fala algumas palavras sobre a iniciação religiosa e as responsabilidades dos pais e dos padrinhos e madrinhas. “Eles precisam responder se entendem a importância do batismo e se comprometer a levar o afilhado ou a afilhada para a confirmação, na adolescência”, conta o Bispo Humberto Maiztegui, bispo diocesano da Diocese Meridional Anglicana do Brasil com sede em Porto Alegre (RS).

    Batismo igreja anglicana – aspersão
    (fotograv/ThinkStock)

    Em seguida ocorre o clássico derramamento de água na cabeça do bebê, chamado de aspersão. A maioria chora e o ritual continua com a unção, em que o bispo ou a bispa faz uma cruz com óleo na testa do bebê para confirmar que ele está batizado. Por fim, é acesa uma vela virgem para o bebê. “Ela simboliza que a vida dele agora está iluminada. Depois do batismo, o bebê vê a luz”, explica o Bispo.

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    Protocolos do batismo anglicano para a família real

    Você sabe que a família real britânica ADORA protocolos, né, então não é de se estranhar que até para os batizados dos bebês haja uma listinha de regras.

    – A roupa do bebê

    Menino ou menina, os bebês da família real precisam ser batizados vestindo uma réplica da bata usada pela filha mais velha da Rainha Victoria, também chamada Victoria, em seu batizado, em 1841.

    Príncipe George usou:

     

    Batizado Príncipe George
    Kate carrega George na saída do batizado do menino, em 23 de outubro de 2013 (John Stillwell - WPA Pool/Getty Images)

    Princesa Charlotte usou:

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    Batizado Princesa Charlotte
    Kate carrega Charlotte ao chegar para o batizado da menina, em 5 de julho de 2015 (Chris Jackson - WPA Pool/Getty Images)

    E Louis também deverá usar.

    – A água usada para a aspersão

    A partir do batizado de George, em 2013, a família Windsor iniciou uma nova tradição: a água usada para a aspersão é do rio Jordão, o mesmo em que Jesus Cristo teria sido batizado, de acordo com a Bíblia.

    Antes de Louis, apenas três pessoas já aproveitaram essa água: George, Charlotte e Meghan Markle, que precisou ser batizada anglicana antes de casar com Harry.

    – A escolha dos padrinhos e das madrinhas

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    Diferentemente dos plebeus, que escolhem duas pessoas para serem padrinhos e/ou madrinhas de seus filhos, na família real o costume é que cada bebê tenha entre cinco e sete padrinhos e/ou madrinhas. Os nomes só são revelados no dia da cerimônia.

    William e Kate, de toda forma, já quebraram uma parte do protocolo que envolve a escolha de padrinhos e madrinhas. Mantiveram a quantidade – George é afilhado de sete pessoas e Charlotte, de cinco –, mas não chamaram exclusivamente pessoas da família real, como se fazia anteriormente. Charlotte, inclusive, só tem padrinhos e madrinhas plebeus.

    – O passeio a pé até a igreja

    Os pequenos que serão batizados são levados pelos pais até a porta da igreja em um carrinho que pertenceu à Rainha Elizabeth II quando bebê. Não é uma réplica: é o carrinho que foi dela mesmo, muitíssimo bem conservado. Esse trajeto é feito ao ar livre e diante do público.

    Batizado Princesa Charlotte – carrinho
    Acompanhada por William e George, Kate empurra o carrinho com Charlotte, que seria batizada em seguida (Matt Dunham - WPA Pool/Getty Images)

    – O celebrante do batismo

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    Embora qualquer bispo ou bispa da Igreja Anglicana possa celebrar batizados, as cerimônias dos bebês reais ficam sempre a cargo do Arcebispo de Canterbury, autoridade máxima da Igreja Anglicana. Quem ocupa este cargo é Justin Welby, que inclusive foi um dos bispos do casamento de Harry e Meghan. É ele que está naquela foto lá em cima, ao lado da Rainha Elizabeth II.

    Igreja Anglicana = Igreja Católica reformada

    Compreender como a Igreja Anglicana se formou ajuda a entender a razão de tanta familiaridade com o batismo católico apostólico romano, então vamos nessa!

    Apesar de ter sido inspirada no protestantismo da Igreja Evangélica Luterana, a Igreja Anglicana hoje tem um posicionamento versátil – é considerada uma igreja católica reformada.

    A Igreja Anglicana foi fundada em 1534 pelo rei Henrique VIII. Ele estava estremecido com a Igreja Católica porque queria anular seu casamento com Catarina de Aragão, de quem já estava separado, para oficializar sua união com Ana de Bolena, e o Vaticano não cedia. Como não havia internet e as notícias demoravam para chegar, só naquele ano ele ficou sabendo que em 1517 a Alemanha havia rompido com a Igreja Católica por meio da Reforma Luterana.

    Ana de Bolena e Henrique VIII
    Retrato de meados de 1535 de Ana de Bolena e Rei Henrique VIII (Hulton Archive/Getty Images)

    Com os detalhes do movimento alemão em mãos, Henrique VIII criou os princípios de sua própria igreja – entre eles, permitia que casamentos celebrados em qualquer doutrina fossem anulados para que as pessoas pudessem casar de novo – e rompeu laços com o Vaticano. De sua morte, em 1547, até o fim do reinado de seu filho Eduardo VI, em 1553, a Igreja Anglicana manteve a força. Mas então Maria I, filha de Henrique VIII e Catarina, assumiu o trono e vingou a mãe, “cancelando”o anglicanismo e retomando o catolicismo no país.

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    A lua-de-mel durou pouco, apenas de 1553 a 1558. Com a morte de Maria, quem virou rainha foi Elizabeth, filha de Henrique VIII e Ana de Bolena. E ela quis a Igreja da Inglaterra de volta. Maaas, como não estava a fim de tanta briga e tantas mortes como na época em que seu pai rompeu com o Vaticano, criou uma espécie de via central, algo que agradasse tanto aos protestantes quanto aos católicos do país.

    Retomou a doutrina da reforma, mas permitiu que as igrejas tivessem imagens de santos, por exemplo (coisa que não existe nas igrejas evangélicas de raiz). Determinou que, a partir dela, quem quer que ocupasse o trono, seria Governador/a Supremo/a da Igreja Anglicana. E aí está Elizabeth II neste posto. O próximo a assumir a posição será Charles, e depois dele, William. Lá no futuro, George. E todos que chegarem ao trono da Monarquia Britânica.

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