A fé é um território sagrado
Antes de questionar a religião alheia, o correto é entender esse sentimento tão verdadeiro
Nasci numa família católica, fui batizada, crismada, mas não fiz a primeira comunhão. Não tinha sapatos, e o padre me comunicou que não poderia chegar diante de Deus descalça. Ora, onde já se viu?
Naquele tempo não era moda padre politizado, eles eram claramente do lado do poder, dos ricos. Como hoje, aliás. Por isso não misture igreja com fé. Mas, voltando à minha infância, sempre fui uma criança diferente, não sei se por viver solitária ou por ser sofrida, amadureci precocemente. Se Deus não me queria sem sapatos, eu não queria esse Deus, pronto!
Continuei indo à igreja com minha mãe, mas completamente desinteressada, até minha adolescência, quando uma vizinha me emprestou um livro de Chico Xavier. Um mundo novo se abriu. Nunca tinha ouvido falar naquelas coisas, inclusive reencarnação. Essa revelação me fez buscar mais. Descobri a sociedade teosófica, os maçons, os grandes mestres hindus, e conheci e entendi melhor Jesus! Descobri que o verdadeiro mestre é aquele que nos liberta e não aquele que nos amarra a seus pés. Aprendi que a fé é um território sagrado e ninguém tem o direito de menosprezar esse sentimento tão verdadeiro. Que as igrejas são multinacionais, donas do poder, administradas por homens que entendem de política e dinheiro. E que o amor pelo Deus que habita em todos os seres humanos e nos faz irmãos na fé, tenha ele o nome que tiver, tem que ser sempre respeitado.