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Bielo e Giovanna Heliodoro apontam recuo das marcas no mês do orgulho LGBTQIAPN+

As fundadoras do Transbaile expõem um retrocesso no compromisso do mercado com a diversidade

Por Gabriela Nassif
Atualizado em 28 jun 2025, 11h25 - Publicado em 28 jun 2025, 05h00
Gio Heliodoro e Bielo Pereira são ativistas na causa Afrotransfeminista.
Gio Heliodoro e Bielo Pereira são idealizadoras e fundadoras do Transbaile.  (@transbaile/Divulgação)
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Neste dia 28 de junho, é celebrado mundialmente o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, em memória dos eventos conhecidos como a Rebelião de Stonewall, em 1969 — uma revolta contra a violência policial e em defesa dos direitos da comunidade. A data não é apenas uma lembrança, mas uma reafirmação do orgulho, da diversidade e da promoção da visibilidade.

56 anos depois de Stonewall, o apoio à comunidade LGBTQIAPN+ recua

Cinquenta e seis anos depois desse marco, a comunidade ainda enfrenta ataques, agressões, ausência de direitos e de representatividade. Conversamos com Bielo Pereira, influenciadora digital, empresária e apresentadora; e com Giovanna Heliodoro, historiadora, apresentadora e criadora de conteúdo, para entender como a sociedade tem retrocedido no apoio à diversidade.

Bielo Pereira e Giovanna Heliodoro falam sobre o apagamento da diversidade

Gio Heliodoro e Bielo Pereira são idealizadoras e fundadoras do Transbaile.
Neste ano, o Transbaile precisou ser adiado por falta de patrocínios corporativos. (@transbaile/Instagram)

Bielo e Giovanna são mulheres transexuais, fundadoras do Transbaile e ativistas na comunidade preta e LGBTQIAPN+. Diferente de anos anteriores, em 2025, as influenciadoras foram surpreendidas com uma diminuição expressiva na busca de marcas por trabalhos relacionados à visibilidade LGBTQIAPN+.

“Se há dois, três anos eu fazia quatro marcas no mesmo dia em campanhas de orgulho nas redes sociais, hoje eu consigo levantar duas marcas, e olhe lá”, contou Giovanna.

Corpo magro, padrão e branco: o que voltou ao centro das campanhas?

O tema da Parada deste ano teve três pilares: memória — resgatar pessoas que fizeram esse trabalho; resistência — nossa luta diária; e futuro — aquilo que queremos construir para que, ao envelhecer, tenhamos dignidade.
A temática da Parada LGBT+ em São Paulo deste ano foi “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”. (Rodrigo Farias/Divulgação)

Para Bielo, esse retrocesso não está relacionado apenas ao movimento LGBTQIAPN+, mas à diversidade como um todo. “Eu sinto esse recorte não apenas pela transexualidade, mas também como uma pessoa preta e gorda, o que é ainda pior”, disse.

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Ela acrescenta que percebe uma volta da padronização. Se, a partir da pandemia, houve uma onda de iniciativas em prol de corpos e pessoas diversas, hoje o corpo magro “padrão” retorna ao mercado e à mídia como prioridade.

Marcas estão deixando de investir em diversidade e inclusão?

Essa percepção não é isolada. Em março deste ano, a marca de lingerie Victoria’s Secret mudou suas políticas sobre diversidade, equidade e inclusão (DEI), e suspendeu a meta de promoção para funcionários negros.

De acordo com a BBC, outras grandes empresas — como Google, Amazon e Disney — também têm abandonado programas e políticas voltadas à promoção da diversidade. Esse movimento começou com a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos. No dia de sua posse, o presidente determinou o encerramento de programas federais de diversidade e inclusão em até 60 dias, classificando-os como “radicais e ineficazes”, assim como as iniciativas de justiça ambiental.

Falta de reconhecimento também afeta financeiramente as influenciadoras trans

Não só as propostas diminuíram, como também a valorização do trabalho LGBTQIAPN+. “A marca que me chamou há dois anos para estar como representante, como embaixadora, é a mesma que agora me chama para ir de graça no mesmo esquema”, revelou Giovanna. E, se a proposta fosse recusada, ela era informada de que outra influenciadora aceitaria seu lugar.

Como a desvalorização impacta a união da comunidade LGBTQIAPN+

Heliodoro expressou sua preocupação com essa abordagem, que acaba gerando conflitos de interesse, inimizades e separações dentro da comunidade — e, consequentemente, resultando em seu enfraquecimento. “Mas que orgulho é esse que não dá o básico pra gente?”, desabafou.

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As fundadoras do Transbaile explicam que, nos eventos que organizam, fazem questão de oferecer ao menos o mínimo aos convidados, como transporte e alimentação: “Não vamos colocar em situação de vulnerabilidade alguém que já está vulnerabilizado pela sociedade em prol de algo maior”, disseram.

Transbaile enfrenta falta de patrocínio em 2025

O Transbaile, um dos maiores eventos de cultura LGBTQIAPN+ do Brasil, também teve dificuldades para arrecadar fundos e conquistar patrocínios neste ano. Para suas fundadoras, o atual recuo do mercado em apoiar a diversidade reflete uma onda de conservadorismo e no avanço de políticas anti-trans em diversos países.

Pesquisa global aponta queda no apoio de marcas à causa LGBTQIAPN+

“Muitas marcas que antes investiam em diversidade e inclusão hoje repensam se precisam assumir esse compromisso publicamente”, disse Giovanna. Para que a realização do baile fosse possível, o apoio de instituições e da própria Soho House — casa que sediará o evento — foi essencial.

O instituto Ipsos realizou, entre 23 de fevereiro e 8 de março de 2024, a pesquisa Global Advisor – LGBT+ Pride 2024 em 26 países, com 18.515 entrevistados (cerca de 1.000 no Brasil). O levantamento revelou que o apoio de empresas à igualdade LGBTQIAPN+ caiu de 49% em 2021 para 44% em 2024.

Parada LGBTQIAPN+ de São Paulo também sofreu queda no número de patrocinadores

A Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de São Paulo (APOLGBT‑SP), reconhecida pelo Guinness Book como a maior do mundo, também sentiu os efeitos. A ONG, composta por voluntários, depende da captação de recursos e patrocínios corporativos para realizar o evento. Em 2025, o número de patrocinadores caiu de 19 para 11.

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“Houve diminuição por conta dessas questões: empresas que não quiseram nem conversar, outras com orçamento menor, outras segurando verba para entender o cenário político-econômico. Isso impactou diretamente a gente”, explicou Diego Ribeiro dos Santos Oliveira, diretor cultural da APOLGBT‑SP.

Diego também denunciou o oportunismo de algumas marcas. Mesmo sem apoiar financeiramente a Parada, elas estiveram presentes usando a infraestrutura patrocinada por concorrentes. “E não teria nenhum problema se tivessem contribuído”, afirmou.

“O trabalho do Grupo Map é manter o diálogo franco e propositivo junto as empresas que mantém o compromisso com a diversidade e inclusão apesar de todo retrocesso do mercado. Nós acreditamos e queremos fazer parte de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável do ponto de vista dos negócios”, afirma Juliana Dejesus, diretora de cultura e relacionamento do Grupo MAP, responsável pela comunicação da CLAUDIA com Giovanna e Bielo. O TransBaile é um projeto em parceria com o MAP, que elabora, incentiva e viabiliza projetos em diversos setores culturais.

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