“Nada vai tirar minha rotina”: a vida após o diagnóstico de câncer de mama
Com informação e o cuidado da rede de apoio, cada vez mais mulheres encontram bem-estar e saúde de uma vida inteira após seus diagnósticos
Todos os anos, mais de 70 mil mulheres são diagnosticadas com Câncer de Mama no Brasil, uma taxa que, para muitas pode significar o começo de uma nova estratégia de vida que impacta a todos que estão em volta.
Esse foi um dos temas discutidos durante a última edição do Casa Clã 2024, que recebeu as médicas especialistas Debora Gangliato e Karina Fontão para tratar da vida após o diagnóstico da doença.
“Ter câncer de mama hoje reforça uma enorme responsabilidade em todas as pacientes. Além de toda ansiedade causada pelo diagnóstico, a mulher ainda tem que se empoderar de algumas informações para ela poder se desafiar e conhecer de maneira assertiva o seu tipo de doença, dando nome e sobrenome a ele. Seja HER-2 positivo ou Triplo Negativo, essas informações reforçam a ideia de que os tratamentos para o Câncer de Mama são completamente diferentes, assim como a sua evolução. E é aí que entra a nossa responsabilidade como profissionais para mostrar a essas mulheres que elas podem perguntar qual é o tipo de câncer que as acometem, para discutirmos com clareza e racionalidade a vida após um diagnóstico”, pontua Fontão, diretora médica de AstraZeneca Brasil.
Além das especialistas, Erika Vissotto, paciente em tratamento para a doença, também esteve presente no debate para compartilhar sua rotina após o diagnóstico de câncer de mama, que, após alguns meses de tratamento, não a impediu de ter bem-estar.
“Após o início do meu tratamento, eu entendi que tinha que preparar meu corpo para o que fosse vir. Eu não tinha acompanhamento nutricional antes do diagnóstico, porém já realizava alguns exercícios físicos diários. Após a informação do diagnóstico e de que o tratamento se iniciaria, em uma conversa com a Dra. Karina, tudo foi ajustado em poucos dias. Alimentação anti-inflamatória, tratamentos alternativos como drenagem, reiki e, claro, musculação. Como não podia ir até a acadêmia, tudo foi pensado para que eu pudesse me exercitar em casa, na sala mesmo. Tudo o que eu mais pensava era que aquilo não iria me derrubar e que nada ia tirar a minha rotina”, relata Erika.
Um apoio que salva
São em rotinas dedicadas à saúde como a de Erika que o diagnóstico da doença encontra outro significado.
Segundo Debora Gangliato, a informação coerente e a rede de apoio empática se mostram pilares essenciais para que a vida após seja regida por racionalidade e leveza emocional, que contribuem positivamente no tratamento dessas pacientes.
“Eu acho que o ponto mais importante neste processo é a informação. Como médica, eu conheço toda a literatura e comportamento dessas mulheres ao receberem essa notícia. Eu vejo as pacientes chegando no meu consultório apreensivas, com medo e receio do que está por vir e a informação nessas horas contribui muito no começo de um tratamento correto. Isso é fundamental. Passar segurança, acolher e se colocar um pouco no lugar nos faz menos blindadas para esta situação. Dar o primeiro abraço, conversar e encaminhar para o tratamento específico dita positivamente o tom deste processo. Tudo isso ajuda”, conta a oncologista.
E para além das dinâmicas de informação após diagnóstico, o cuidado da rede de apoio contribui para entender que o tratamento contra a doença não necessariamente significa o fim de uma rotina saudável.
“O cuidador, aquele que fica na retaguarda dando suporte ao paciente, também tem que ser cuidado. Isso é um ponto importante, porque você tem toda uma rede de apoio que acaba mudando a sua rotina para melhorar o processo de tratamento. Tentar entender essa complexidade e os sentimento de quem está acompanhando também é muito importante para que esse momento seja passado com leveza e com bom humor”, comenta.
Quem procura acha, quem acha cura
Com uma tecnologia e medicina a favor de mulheres pacientes, a disseminação de informações coerentes no tratamento acaba sendo protagonista nesse enredo pela busca da cura.
“Cada vez curamos mais mulheres, e isso é consequência de uma rotina saudável que inclui um tratamento com as melhores medicações e sequência médica assertiva. Um exemplo disso é que o tumor HER-2 é considerado um dos mais agressivos quadros e hoje ele é o mais curado. Não queremos cronificar o câncer, queremos curá-lo para que mais mulheres fiquem livres e nunca mais tenham”, esclarece Gangliato.
“Tudo o que eu mais pensava era que aquilo não iria me derrubar e que nada vai tirar a minha rotina”, conta Erika Vissotto durante talk em Casa Clã 2024
“Hoje, a medicina é capaz de mapear e avaliar a parte genética de cada mulher de maneira ainda mais valorizada e personalizada. Portanto, a mamografia deve ser anual para as mulheres independentemente de fator de risco, mesmo para aquelas que possuem histórico familiar. Uma vez ao ano a partir dos 40 anos de idade e todos os anos até que essa mulher envelheça. Existem exceções em casos de que há a necessidade de acrescentar ressonância magnética de mama na avaliação, porém o exame é primordial todos os anos”, acrescenta a especialista que acompanhou Erika por todo o seu tratamento.
“Eu desejo que a medicina continue evoluindo pois que a cura é possibilidade para todas. Um médico uma vez comentou comigo uma frase que me marcou muito: ‘Quem procura acha e quem acha, cura’. Então não devemos ter medo, porque para tudo somos capazes. Eu sou prova viva disso.”