Saiba como se prevenir das hepatites virais
Às vezes silenciosa, a doença pode causar cirrose e até câncer. Especialistas da Dasa mostram a importância do tratamento multidisciplinar
![Dasa](https://preprod.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Julho-Amarelo_DASA_Claudia.jpeg?quality=85&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O fígado é um dos órgãos mais importantes do organismo. Atua no armazenamento de minerais e vitaminas, participa da regulagem do volume de sangue, sintetiza uma série de hormônios e proteínas do plasma sanguíneo, armazena e libera glicose e atua, também, como uma espécie de filtro para substâncias potencialmente tóxicas.
Sua relevância é enorme, o que só aumenta a necessidade de conhecer e prevenir doenças que o afetam, como as hepatites, especialmente as do tipo A, B e C. Em 2010, para incentivar a divulgação de informações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a campanha anual Julho Amarelo.
“O fígado é um órgão extremamente importante e pode ser afetado por uma série de agentes que causam a hepatite, que nada mais é do que uma inflamação que varia de uma forma leve a uma falência do órgão, com necessidade de transplante hepático. Essa inflamação pode ser ocasionada por uma série de medicamentos, álcool, doenças metabólicas e autoimunes e principalmente por vírus. É importante saber que existem vírus que classicamente estão relacionados à hepatite: são os vírus da hepatite A, B, C, D e E”, explica a dra. Cristhieni Rodrigues, coordenadora do serviço de controle de infecção hospitalar no Hospital Santa Paula, em São Paulo, que faz parte da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil.
![Dra. Cristhieni Rodrigues (1) Cristhieni Rodrigues, coordenadora do serviço de controle de infecção hospitalar no Hospital Santa Paula -](https://preprod.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Dra.-Cristhieni-Rodrigues-1.jpeg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
A, B, C e D
O mecanismo de transmissão e evolução das hepatites virais varia conforme cada vírus. Os causadores das hepatites A e E são transmitidos pela via fecal-oral, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados, especialmente frutos do mar e vegetais. Os sintomas mais importantes são mal-estar, cansaço, olhos amarelos, urina escura, náuseas, vômitos e fezes de coloração esbranquiçada, podendo ou não ocorrer febre. A maneira mais eficaz de prevenção é evitar o consumo de alimentos e bebidas sem procedência conhecida, assim como manter o hábito de lavar as mãos corretamente. “Medidas de higiene e saneamento básico reduzem os riscos de transmissão da doença, assim como a vacinação contra a hepatite A, disponível na rede pública e privada”, informa a dra. Cristhieni.
Já a hepatite B é transmitida pelo sangue, relações sexuais sem proteção ou durante o aleitamento materno, caso a mãe seja portadora do vírus e as medidas de prevenção não sejam adotadas durante o pré-natal. Uma parcela pequena dos pacientes desenvolve a doença aguda, evoluindo com os mesmos sintomas da hepatite A. Após essa fase aguda, a maior parte evoluirá para a cura, e um número menor apresentará a forma crônica, podendo, após vários anos sem tratamento, evoluir para cirrose ou câncer hepático. A prevenção passa pela imunização por meio da vacina e pelo uso de preservativo durante o sexo. “Muitas vezes, o adulto carrega o vírus, mas não manifesta sintomas e pode contaminar seus parceiros”, explica o dr. Henrique Sérgio Moraes Coelho, hepatologista do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, especializado em transplantes hepático e pancreático, incluindo o transplante duplo de pâncreas e rim.
![Dr Henrique Sérgio Coelho Henrique Sérgio Moraes Coelho, hepatologista do Hospital São Lucas Copacabana -](https://preprod.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Dr-Henrique-Sergio-Coelho.jpeg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Assintomática, a hepatite C tem como principal meio de contágio o sangue infectado, especialmente via seringas e agulhas, havendo relatos de transmissão sexual. Ela apresenta um alto risco de complicações, já que os sintomas costumam aparecer muitos anos depois, quando a doença já alcançou tamanha gravidade que evoluiu para hepatite crônica. Nesse caso, há o risco das mesmas complicações da hepatite do tipo B, como a cirrose e o câncer de fígado. Segundo a OMS, a hepatite C é responsável por aproximadamente 70% dos transplantes de fígado no mundo.1
“O diagnóstico é feito por exames de sangue e ainda não há vacina disponível para a hepatite C. O tratamento acontece com medicamentos antivirais orais, com chances de cura de 95%. Os pacientes que têm cirrose em decorrência do vírus também são tratados com medicamentos, com possibilidade de cura de até 90%. Já os casos mais graves são elegíveis a transplante”, afirma o dr. Henrique Coelho.
Mais rara, a hepatite D se manifesta em quem já está contaminado pela hepatite B, agravando o quadro.
Apoio e conscientização
Quando a hepatite evolui para quadros mais graves, é indicado que o paciente recorra a centros de saúde de referência, que possuem equipes multidisciplinares especializadas em tratamento e transplantes. A medicina alcançou a capacidade de realizar transplantes de forma eficiente e segura, mas ainda há espaço para avançar. O Brasil realiza 2 600 transplantes de fígado por ano, mas 10 000 pessoas morrem de cirrose.
Como lembra a dra. Maria Isabel de Moraes Pinto, infectologista e consultora de vacinas do Alta Excelência Diagnóstica: “As hepatites virais podem ser a causa de muitas doenças graves, desde cirrose e carcinoma de fígado até insuficiência hepática aguda com necessidade de transplante. A fim de evitar todos esses riscos, é importante que as pessoas tenham consciência da importância da vacinação e de realizar exames de rotina regularmente. A prevenção passa, necessariamente, pela vacinação contra as hepatites A e B, mesmo entre adultos”.
![DRA MARIA_DELBONI (1) (1) Maria Isabel de Moraes Pinto, infectologista e consultora de vacinas do Alta Excelência Diagnóstica -](https://preprod.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/07/DRA-MARIA_DELBONI-1-1.jpeg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
A vacina contra a hepatite A costuma ser aplicada em crianças em duas doses, sendo a primeira com 1 ano de vida e a segunda seis meses depois. Já a imunização contra o tipo B é fornecida com 12 horas de vida, com uma segunda dose com 2 meses e a terceira, com 6 meses de idade.
“Como as vacinas contra as hepatites A e B surgiram nos últimos anos, muitos adultos não foram imunizados quando crianças. A vacina contra a hepatite B, por exemplo, está disponível para todas as idades na rede pública de saúde”, finaliza a dra. Maria Isabel.