É bastante comum relacionar a doença de Parkinson a problemas da velhice, mas não é bem assim! Essa doença pode vir bem mais cedo do que você imagina.
Um dos casos mais populares de Parkinson na juventude é o do ator Michael J. Fox, o protagonista da trilogia De Volta Para o Futuro, que foi diagnosticado com apenas 29 anos de idade. Ele, desde então, tem sido um dos grandes responsáveis pelo financiamento de pesquisas sobre a doença.
É para desbancar essa e várias outras concepções erradas que existe o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado nesta quinta-feira (11).
O que é a doença de Parkinson?
Todo mundo já ouviu falar da doença de Parkinson, mas pouca gente sabe o que ela é exatamente. A descoberta do problema aconteceu em 1817, quando o médico James Parkinson analisou alguns casos de tremedeira constante de seus pacientes.
Anos depois, mais estudos foram realizados e médicos chegaram à conclusão de que os tremores fazem parte de “um distúrbio neurológico que ocorre em razão à degeneração de neurônios vinculados a funções musculares e motoras”, como conta o Dr. Claudio Côrrea, neurocirurgião e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho.
A parte do cérebro afetada é a produtora da substância controladora dos movimentos do corpo, a dopamina, que tem sua produção reduzida. “Quando a quantidade do hormônio diminui, começam a aparecer os sintomas da doença de Parkinson”, completa o neurologista Saulo Nader.
Causas
Infelizmente ainda não se sabe com certeza o que causa o Parkinson, mas há algumas teorias. Grande parte dos cientistas acredita que o problema degenerativo esteja relacionado a fatores genéticos e ambientais, uma vez que, ao longo da vida, podemos entrar em contato com diversas toxinas bastante prejudiciais à nossa saúde.
Por que a doença é mais comum em idosos?
Para o Dr. Claudio, isso pode se dar devido ao processo degenerativo que é comum em todo o organismo a partir da terceira idade. Então esse distúrbio neurológico aceleraria e ampliaria os efeitos naturais do envelhecimento.
Como o Parkinson pode afetar a sua vida?
O sintoma mais conhecido são os tremores, mas a doença pode apresenta vários outros efeitos no corpo. Normalmente, há ocorrência de rigidez muscular nos braços e pernas, alterações e dificuldade na fala, que vêm com uma queda de potência vocal, dificuldade de engolir, problemas de equilíbrio e coordenação motora.
Quais são as chances de desenvolver Parkinson?
Isso é bem difícil de saber. O ideal é ficar atenta ao histórico médico de seus parentes próximos e prestar bastante atenção nos sintomas.
Tem como prevenir?
Não existe uma receita exata do que fazer para prevenir. Mas há algumas pequenas coisas a fazer no seu dia-a-dia que podem te deixar menos vulnerável!
O Dr. Saulo recomenda praticar atividades físicas regularmente, para aumentar a oxigenação cerebral e facilitar a renovação dos neurônio, ingerir alimentos antioxidantes, que colaboram para o equilíbrio do organismo, e realizar atividades estimulantes para o cérebro, como estudar outra língua, ler com frequência e desafiar o cérebro com tarefas que parecem difíceis.
Tudo isso tornará as funções neurológicas mais resistentes aos processos degenerativos.
Diagnóstico
Em primeiro lugar, é importante que você esteja alerta para qualquer mudança, além de estar com suas consultas em dia. Se suspeitar que há algo de errado, procure atendimento médico o mais rápido possível!
O diagnóstico mais comum é o chamado diagnóstico clínico, feito através das queixas do pacientes e exames feitos pelo médico neurologista. Mas esse processo pode demorar um pouco. É provável que haja a necessidade de passar por alguns outros exames que irão descartar outras possíveis causas.
Tratamento
“Como a doença apresenta um conjunto de sintomas, seu tratamento precisa ser multidisciplinar, reunindo diversos especialistas conectados com o médico de base”, conta o neurocirurgião do Hospital 9 de julho.
Dessa maneira, o paciente, além de tomar doses do medicamento à base de dopamina, deverá participar de sessões de fisiatria e a fisioterapia, que atuam na manutenção de sua mobilidade.
A fonoaudiologia será essencial para cuidar das funções da fala e deglutição/alimentação. “Já as áreas de psiquiatria e psicologia funcionam como suporte emocional para quadros de depressão, presentes em aproximadamente 30% dos pacientes, contribuindo para um isolamento social”.
Se esses métodos não apresentarem bons resultados, é recomendada a realização de um procedimento cirúrgico, a Estimulação Cerebral Profunda, na qual eletrodos são implantados na região cerebral afetada pela doença e estimulados por geradores (baterias no mesmo modelo do marca-passo), controlando os tremores e a rigidez muscular.
Parkinson tem cura?
Até o momento não foi descoberta nenhuma cura. “O tratamento consegue minimizar muitos dos sintomas, proporcionando qualidade de vida ao paciente, mas não é possível controlar 100% a progressão, e a doença vai crescendo lentamente”, conclui o Dr. Saulo.