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O cansaço típico de final de ano pode ser sinal de doença

A culpa pelo cansaço talvez não seja só da montanha de tarefas de cada dia. Nossos especialistas apontam causas possíveis e revelam como reabastecer seu reservatório de vitalidade.

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h40 - Publicado em 26 nov 2013, 22h00
Reportagem: Cristina Nabuco - Edição: MdeMulher
Reportagem: Cristina Nabuco - Edição: MdeMulher (/)
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Fazer breves pausas no trabalho a cada 60 a 90 minutos ajuda a renovar o gás.
Foto: Getty Images

A exaustão é uma queixa cada vez mais frequente. Diferentemente do cansaço comum, que desaparece após uma boa noite de sono, ela persiste e traz companhia: desânimo, dificuldade de concentração e fraqueza muscular. “Prejudica o desempenho, interfere nos relacionamentos, repercute mal em todas as esferas da vida”, avisa a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da filial brasileira de International Stress Management Association (Isma). Assim, não dá para ignorar esse sintoma. Antes, porém, de acusar o atual estilo de vida frenético, vale a pena investigar se há outra explicação física, mental ou emocional. “A exaustão pode sinalizar várias doenças”, diz o presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Abrão José Cury Júnior. “O médico precisa ouvir o paciente e fazer um bom exame físico para chegar ao diagnóstico.”

QUESTÃO DE SANGUE

Causa comum de cansaço, a anemia é a baixa da hemoglobina, pigmento do sangue que carrega oxigênio para as células. “Essa condição priva o corpo de energia”, diz a endocrinologista Silvia Bretz, do Rio de Janeiro. Surge por causa da dieta pobre em nutrientes, em especial ferro e vitamina B12 (carne e frango), ou da perda de muito sangue na menstruação (nesse último caso, pedem-se também dosagens hormonais). Um hemograma confirma a suspeita. O tratamento prevê correção da dieta e suplementação de vitaminas.

SONO PICADINHO

Mesmo dormindo as oito horas, há quem acorde cansado. Motivo comum é a apneia do sono, que ocasiona pequenas pausas da respiração e microdespertares noturnos. Isso compromete o descanso. O distúrbio, frequente em quem ronca e está acima do peso, pode ser notado no exame do sono (polissonografia). Tratamento: aparelho que alivia o ronco e, às vezes, cirurgia.

EXAUSTÃO EXTREMA

Os exames dão resultado normal. A hipótese para o cansaço físico e mental é a síndrome da fadiga crônica, que acomete quem já teve alguma virose, como mononucleose, e dura pelo menos seis meses, com dores de cabeça e musculares, gânglios inchados e perda da concentração. “Antes de adoecerem, quase todas as vítimas são ativas. Sob o domínio da doença, tornam-se meras sombras do que foram; seus corpos se comportam como um inimigo, tornando cada despertar uma luta física, emocional e cognitiva que dificulta as ações mais simples”, escreve a psicóloga inglesa Kristina Downing-Orr, autora de Vencendo a Fadiga Crônica (Summus Editorial). Ela sugere suplementos vitamínicos, exercícios, relaxamento e, em certos casos, antidepressivos.

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PICOS DE AÇÚCAR

Diabetes não detectada ou fora de controle é outra possibilidade. O distúrbio aparece quando o pâncreas deixa de produzir insulina ou o organismo resiste a essa substância, que leva a glicose para dentro das células. “Daí as células não dispõem de glicose para gerar energia, e o açúcar se acumula no sangue, com risco de lesar coração, rins, nervos e olhos”, informa Silvia Bretz. O diagnóstico requer dosagem de glicose no sangue. O controle engloba ajuste da dieta, exercícios físicos regulares e, se preciso, remédios.

NA LINHA DE FOGO

Infecções podem esgotar sua energia, sejam elas bacterianas, como certas pneumonias, ou virais, caso da AIDS. Às vezes o culpado é uma infecção urinária não diagnosticada ou mal tratada. Basta uma gripe para deixar o corpo moído. Então, o cansaço costuma se associar a febre e gânglios inchados. Outro sintoma destacado pelo clínico geral é a perda de peso sem causa conhecida, que pode sugerir algo mais grave, como linfoma, câncer no sistema linfático. Os exames variam conforme a suspeita, bem como o tratamento. Pode ser à base de antibióticos, antivirais ou quimioterápicos.

EM GUERRA COM A BALANÇA

Os quilos a mais, por si só, constituem um problema: “Uma coisa é carregar 65 quilos, outra é carregar 85”, explica a endocrinologista Silvia Bretz. “O excesso de peso exige maior esforço do coração, dos músculos e dos vasos sanguíneos, o que pode trazer cansaço e doenças, como hipertensão arterial e diabetes.” O tratamento combina dieta e exercícios, às vezes medicamentos para reduzir o apetite e, em casos severos, cirurgia.

PRETO E BRANCO

O cansaço às vezes é o sinal inicial da depressão, lembra Cury Júnior. A doença se caracteriza por tristeza mental profunda, irritabilidade, desinteresse por algo que só nos dava alegria, dificuldade de concentração, alteração do sono, mudanças de apetite e dores crônicas, além da perda de energia. Antidepressivos e psicoterapia ajudam a recuperar o interesse pela vida.

A MAIORIA

Em mais de 90% dos pacientes, o cansaço é resultado do estilo de vida. Dieta irregular, longas horas de jejum, comer rápido, abusar de café, não praticar exercícios, dormir menos que o necessário. “É uma bola de neve: uma coisa potencializa a outra”, comenta Silvia Bretz. Desse modo, é preciso combater o cansaço em várias frentes. “Não dá para tomar um remedinho e prosseguir num ritmo alucinante. É preciso dar a devida atenção a esse alerta, desacelerar, respeitar os próprios limites.”

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QUASE PARANDO

Distúrbios na tireoide podem ser os responsáveis. O mais usual é o hipotireoidismo: a glândula opera em ritmo lento e produz menos hormônios. Ocorrem sonolência, cansaço, queda de cabelo, pele seca, unhas quebradiças, intestino preso, menstruação irregular, redução da libido e ganho de peso. A dosagem de hormônios (T3 e T4, sintetizados ali, e o TSH, que estimula a glândula) aponta o problema, pois os sintomas nem sempre são evidentes. É preciso repor as substâncias em falta.

CORAÇÃO E PULMÃO EM RISCO

Antecedentes de infarto na família, tabagismo e hipertensão alertam para os males do coração. “Na insuficiência cardíaca, a fadiga surge porque o sangue não é bombeado a contento. Já na insuficiência respiratória, o cansaço se expressa por falta de ar”, diz o cardiologista Luciano Harary, do Hospital Samaritano, em São Paulo. Eletrocardiograma e ecocardiograma ajudam a diagnosticar e a planejar o tratamento.

ENERGIA A JATO

– O café da manhã ou lanche deve ser à base de pães ou cereais integrais, iogurte ou leite desnatado e frutas (pêssegos, uva, maçã, damasco seco, goiaba). A mistura de proteínas, carboidratos complexos e fibras garante um ótimo aporte de energia.

– A cada 60 a 90 minutos de atividade no trabalho, faça breves pausas de dois a cinco minutos. A medida renova o gás.

– Meditar nesses minutinhos, nem que seja no banheiro do escritório, é indicado. Fique numa posição confortável, feche os olhos e concentre-se na respiração mais lenta.

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– Uma caminhada após o almoço, mesmo que por apenas dez minutos, revigora.

– Telefonar para uma amiga bem-humorada pode devolver a disposição.

– Assistir a uma comédia ajuda. Rir ativa a circulação, alivia a ansiedade, aumenta o pique e torna a rotina mais agradável.

– Separar algumas horas para se dedicar a um hobby, tomar banhos relaxantes e receber massagens recarregam a bateria.

– Horários regulares para comer, dormir e se levantar organizam o relógio interno.
 

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