Doenças erradicadas: quais têm risco de voltar se a gente não se vacinar?
A queda nas taxas de vacinação no Brasil pode trazer o retorno de perigosas doenças. Saiba quais são elas.
Os dados são alarmantes: a imunização da população brasileira tem caído muito nos últimos anos, segundo o relatório da Unicef, divulgado em julho de 2018. Os números mostraram que o índice foi o mais baixo em 16 anos. Assim, doenças que antes eram consideradas erradicadas voltaram a ameaçar o país – segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018 foram confirmados 10.274 casos de sarampo.
E o que as pessoas precisam entender é que essa e outras enfermidades são facilmente evitadas se mantivermos o calendário de vacinação em dia.
A maioria toma as vacinas na infância, mas se você não tomou alguma, saiba que é possível resolver isso em qualquer posto de saúde!
Veja quais são as doenças que mais nos preocupam:
Sarampo
Se não estiver imunizada, você pode ser um alvo fácil para o sarampo, pois esta é uma doença transmitida pelo ar. “O grande problema é que uma pessoa pode transmitir o vírus mesmo antes de ele causar os sintomas“, explica o infectologista Bernardo Almeida. Assim, a disseminação acaba sendo mais rápida e silenciosa.
Por atacar o sistema respiratório e nervoso, o sarampo traz complicações pulmonares e neurológicas, que podem até levar a óbito, dependendo da intensidade. Há casos em que a doença deixa sequelas, como “comprometimento neurológico após uma inflamação no sistema nervoso”, exemplifica o infectologista.
O maior risco está relacionado às crianças pequenas, principalmente aquelas com menos de 2 anos – lembrando que o sarampo já foi uma das maiores causas da mortalidade infantil.
Apesar do ideal ser tomar a primeira dose da vacina aos 12 meses de idade (a chamada tríplice viral) e a segunda aos 15 meses (tetraviral), é possível se vacinar contra o sarampo depois disso. Então, corra para o posto de saúde se você ainda não está prevenida!
Poliomielite
A doença que atingiu o país com força total nas décadas de 60 e 70 estava erradicada na América desde 1994. Em junho de 2018, no entanto, a poliomielite, causada pelo poliovírus, voltou a aparecer na Venezuela e pode ser só questão de tempo até ela ressurgir no Brasil se a gente não se prevenir.
O perigo da pólio é que a maioria das pessoas não sente nada ao contrair o vírus. “Apenas 5-10% possuem sintomas“, conta o Dr. Almeida. Dentre aqueles que desenvolvem os sintomas, alguns correm o risco de ter a paralisia, porque o vírus ataca a medula óssea, com risco de sequelas pelo resto da vida (como atrofia do membro afetado e necessidade de ventilação mecânica, quando o vírus atinge a musculatura respiratória).
Em casos em que o sistema respiratório é afetado, o atendimento médico deve ser urgente, pois a doença pode ser fatal.
A vacina contra a poliomielite tem doses injetáveis (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço via oral (a chamada gotinha). Se você não foi imunizada na infância, pode ser agora – consulte seu médico.
Rubéola
Esta também é uma doença altamente contagiosa. De acordo com o Ministério da Saúde, no final da década de 90, foram confirmados cerca de 30 mil casos de rubéola no país, com surtos em diversos estados. A situação só melhorou alguns anos mais tarde, após as campanhas de vacinação.
O último caso confirmado da enfermidade aconteceu em 2008 e, desde então, o Brasil chegou a receber um documento da verificação da eliminação da rubéola.
Caso a doença retorne, o maior risco é para mulheres grávidas, uma vez que o vírus pode ser transmitido ao feto, causando inúmeras complicações. “Além de estar relacionado a aborto e baixo peso ao nascimento, o bebê pode desenvolver uma série de problemas, como surdez, malformações cardíacas e lesões oculares“, diz o infectologista.
A orientação é para a primeira dose da vacina ser aplicada aos 12 meses de vida e o reforço, entre quatro a seis anos de idade, mas ela pode ser tomada na fase adulta também.
Se você estiver pensando engravidar, faça um exame de sangue para conferir se está imunizada. Caso o resultado seja negativo, tome a vacina e espere pelo menos um mês para começar as tentativas.