Dia Mundial da Menopausa: com informação, o desconforto pode ser amenizado
Especialista fala sobre a importância de conhecer as opções para lidar com desafios do período
Não há como negar – e nem é o caso: se não for abordada adequadamente, a queda dos níveis de hormônios própria da menopausa repercute, e muito, na qualidade de vida da mulher. Por isso a ginecologista Anna Valéria Gueldini, da Associação Brasileira de Climatério (Sobrac), defende que conversas e busca de informações sobre o tema se iniciem o quanto antes. Afinal, com o aumento da longevidade, estamos falando de uma etapa que pode abranger um terço da vida.
“Trata-se de um processo longo, sinuoso. Os primeiros sinais são sutis, a mulher ainda está menstruando quando as mudanças começam e muitas vezes nem se dá conta das mensagens que o corpo envia”, pondera Anna Valéria. “O esgotamento da capacidade ovariana, que marca o fim da fase reprodutiva feminina, não se dá da noite para o dia. É importante estar preparada para o que está por vir”, diz a médica, que é doutora em fisiopatologia ginecológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A especialista explica que o ovário vai perdendo sua capacidade entre cinco e sete anos antes da última menstruação. É a perimenopausa, quando os ciclos já dão indícios de alterações de padrão, com irregularidades e encurtamentos dos intervalos entre um e outro, além de aumento no fluxo.
“É uma fase de imprevisibilidade”, resume Anna Valéria. À medida que se aproxima a menopausa propriamente dita, chegam os sintomas clássicos: ondas de calor, suores noturnos, insônia, além do chamado nevoeiro cerebral, quando a mulher se assusta com pequenos esquecimentos e confusões, e da instabilidade emocional. “Escuto muito nas consultas que a paciente já não se reconhece mais, e isso traz uma grande vulnerabilidade”, descreve.
Mas há formas de se preparar para isso, intensificando cuidados de saúde, sobretudo a partir dos 40 anos. “Aquelas que fazem exercícios físicos, têm boa alimentação, qualidade de sono e conseguem lidar bem com situações estressantes passam por essa transição de uma maneira mais tranquila e menos sintomática”, afirma Anna Valéria.
E a terapia de reposição hormonal é um recurso capaz de mitigar os incômodos que abalam o dia a dia de quem se encontra nessa etapa da vida. “Iniciada dentro do que chamamos de janela de oportunidade terapêutica, abaixo de 60 anos ou com menos de uma década da menopausa, quanto mais próximo do início dos sintomas for iniciada a terapia, menor o risco de sofrer problemas cardíacos, uma das maiores complicações da baixa hormonal”, argumenta Anna Valéria. Não à toa, as doenças cardiovasculares são o tema central do Dia Mundial da Menopausa de 2024, neste 18 de outubro.
A reposição, porém, ainda é cercada de dúvidas e receios. Recente pesquisa elaborada pelas revistas CLAUDIA e VEJA SAÚDE, com o apoio da farmacêutica Bayer, revela que essa abordagem ainda não é totalmente conhecida e aceita pelas mulheres, sendo que 30% delas relatam que o assunto não é explicado adequadamente pelo médico.
Na visão de Anna Valéria, apesar de ser compreensível a associação da reposição hormonal com o aumento de risco de desenvolvimento de câncer de mama, tudo tem que ser pesado na balança antes da decisão de aderir ou não a esse plano.
“A mulher tem que ser avaliada minuciosamente, todos os antecedentes analisados, exames solicitados, respeitando sempre as diretrizes, para indicar a melhor opção terapêutica”, completa.
Na sondagem, que contou com 1 363 participantes de todas as regiões do Brasil, entre aquelas que optaram pela terapia hormonal, 75% dizem que esta ajudou a controlar os sintomas. “Essa é a primeira linha de tratamento para os sintomas vasomotores moderados a graves, responsáveis pelas ondas de calor. Atua também na função sexual, melhorando a lubrificação vaginal, o fluxo sanguíneo local e a sensibilidade dos tecidos da região”, exemplifica a ginecologista, que foi uma das revisoras do mais recente Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério, da Sobrac e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Ao controlar esses perrengues, a terapia tem impacto positivo também no estado emocional.
“As mulheres devem ser as agentes da própria saúde. Elas precisam estar cientes de que, munidas de informação de qualidade e devidamente assessoradas por especialistas, opinar sobre reposição hormonal é um direito de todas”, conclui Anna Valéria Gueldini.
PP-MIR-BR-0924-1 Outubro 2024.