“Temos crianças que estão desde domingo sem oxigênio”
Meire é mãe de uma menina dependente de oxigênio e ventilação mecânica. Na crise de Manaus, ela busca ajuda desesperadamente
“Desde domingo está difícil conseguir oxigênio aqui em Manaus. Sou mãe de uma menina de sete anos que há cinco está acamada. Ela teve uma bactéria chamada mielite transversa, precisou ser traqueostomizada e, por isso, hoje depende de ventilação mecânica e oxigênio.
Por conta da condição dela, recebo um salário do governo e participo de um programado chamado Melhor em Casa, que fornece materiais hospitalares, mas não são o suficiente. Quando acaba, temos que comprar por conta e não são baratos, principalmente as fraldas.
Eu já liguei várias vezes para a White Martins, que é paga pelo governo para nos fornecer oxigênio em casa, e a única resposta é que a demanda é muito grande e que estão priorizando os hospitais. Nossas crianças não são prioridade?
Tenho apenas 2 balas de oxigênio em casa, uma está sendo utilizada e a outra está vazia. Na última vez em que liguei, a moça calculou que a minha filha ainda tinha oxigênio suficiente para 54 horas e que caso acabasse eu deveria ligar para o Samu e pedir transferência para o posto de saúde mais próximo da minha residência. Eu não posso expor a minha filha a isso. Ela está bem em casa; não quero correr o risco de ser infectada pela Covid-19 em um hospital.
Faço parte de uma rede, chamada Família TQT, com outras mães de crianças com traqueostomia e que necessitam de oxigênio, algumas usam 24 horas. Uma criança está sem oxigênio desde domingo (10), a mãe está desesperada. Já emprestamos balões umas para as outras, mas precisamos de uma solução.
Neste momento, estamos recebendo ajuda de uma conselheira tutelar e já procuramos jornais para pedir auxílio, mas nós não temos a quem recorrer. Ninguém do governo nos oferece ajuda.
Nós não sabemos o que fazer, estamos agoniadas, entrando em desespero. São várias vidas que não podem ficar sem esse oxigênio. Eles também são prioridade.”