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Coronavírus: o que já se sabe sobre a infecção que está assustando o mundo

Originada na China, a misteriosa doença respiratória já matou 25 pessoas e se espalhou para, ao menos, seis países

Por Colaborou: Gabriela Teixeira
Atualizado em 24 jan 2020, 18h25 - Publicado em 23 jan 2020, 17h34
Coronavírus
 (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)
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As 25 mortes e os mais de 400 infectados pelo coronavírus 2019-nCoV têm deixado o mundo inteiro em estado de alerta nas últimas semanas. A misteriosa doença respiratória surgiu na China em dezembro e, desde então, já atingiu outros seis países da Ásia e América do Norte, preocupando especialistas por sua letalidade e rapidez de propagação.

Enquanto os cientistas correm contra o relógio para descobrir meios de tratamento, o governo chinês tem tomado medidas para evitar que o vírus se espalhe ainda mais. Além de ter colocado Wunhan, cidade onde tudo começou, em quarentena, as autoridades também isolaram Huanggang e Ezhou, interrompendo o fluxo de trens em ambas. Em Pequim, o governo local optou por cancelar as comemorações do Ano Novo Chinês, que deveriam começar na sexta-feira (24), para evitar que a alta concentração de pessoas – algo comum durante as festividades – facilite a transmissão do coronavírus.

Na quarta-feira (22), uma mulher que esteve em Xangai e desembarcou em Belo Horizonte no dia 18 foi internada na capital mineira, apresentando sintomas semelhantes aos da doença. Notificado como suspeito, o caso está sendo investigado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que, em nota, informou que a paciente se encontra estável e que “todas as medidas assistenciais para redução de risco de transmissão foram tomadas”, ainda que a mulher não tenha tido contato com nenhuma pessoa sintomática enquanto estava na China.

O Ministério da Saúde também se manifestou, afirmando que, até o momento, não há identificação de casos suspeitos no Brasil e que a paciente de Minas não se enquadra nessa categoria, pois “de acordo com a definição atual da OMS, só há transmissão ativa do vírus na província de Wuhan.”

O fato é que, mesmo com novas informações surgindo a todo momento, ainda há muita incerteza sobre a doença. A seguir, reunimos o que se sabe até agora sobre a epidemia:

O que é o vírus?

Com espigas em forma de coroa (daí o nome), os coronavírus são uma família de vírus normalmente encontrados em animais, mas com determinados subtipos que também podem infectar humanos, causando resfriados e outras doenças respiratórias – em geral leves ou moderadas. Para contaminar pessoas, é preciso que o vírus tenha sofrido algum tipo de mutação. É o caso do coronavírus, transmitido por morcegos, que desencadeou a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave, em inglês). A doença, que afetou mais de 8 mil pessoas e causou a morte de 774, surgiu também na China, em 2002.

Qual sua origem?

Denominado 2019-nCoV, suspeita-se que o novo coronavírus tenha começado a infectar humanos em um mercado de frutos do mar de Wuhan. Os cientistas, porém, ainda não sabem ao certo de qual animal ele é proveniente. Alguns estudos apontam que a infecção teria ocorrido após o contato de frequentadores do mercado com a carne de cobras, enquanto outros indicam que ele poderia ter sido transmitido por morcegos.

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O quão grave é?

Com transmissão inter-humana, o vírus causa febre, falta de ar, tosse e dificuldade para respirar. Os sintomas podem também evoluir para um grave quadro de pneumonia e causar síndrome respiratória aguda grave e insuficiência renal. “Não sabemos se ele tem ou não alta infectividade, como é o caso do sarampo. O que tem nos preocupado é que, ao que parece, ele tem uma incidência maior de pneumonia do que os coronavírus comuns que já temos pelo mundo”, explica Antonio Carlos Pignatari, infectologista do Hospital 9 de Julho.

Ele aponta que as muitas mortes ocorridas são de pessoas que já sofriam com outras doenças graves. “Estão morrendo pessoas acima de 65 anos, pessoas com doenças pulmonares crônicas, que já possuíam problemas respiratórios. Até agora não temos referências de casos em crianças ou em grávidas, que eram grupo de risco no caso do H1N1, por exemplo. Nestes casos mais graves, há maior probabilidade de pneumonia e, logo, mais mortalidade. É o que parece que está acontecendo”, diz, enfatizando o “parece”.

Devemos nos preocupar?

As possibilidades de que a doença chegue ao Brasil precisam ser consideradas e medidas para evitar uma possível transmissão devem ser tomadas diante de qualquer suspeita. Pignatari afima que não se pode descartar um agente infeccioso, mesmo que a pessoa tenha vindo de uma região diferente da China. “Temos que considerar o país como um todo e fazer testes com o paciente, mesmo que seja só um resfriado, uma gripe. Não se pode negar que seja o coronavírus sem ter realizado estes testes.”

O que fazer?

Além de ficar atento ao surgimento dos sintomas, o infectologista recomenda evitar aglomerações e contato com pessoas que podem ter a doença, sobretudo se estiver nos possíveis grupos de risco, já possuindo alguma outra enfermidade grave. A máscara hospitalar, muito usada em países asiáticos, diminui a transmissão, mas não a evita completamente. “Procurar um médico é sempre a melhor a alternativa. E, em caso de dúvidas, seguir as orientações dos órgãos de saúde, como o Ministério e Secretarias”, diz o especialista.

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Para Pignatari, não há razões para entrar em pânico “Hoje estamos melhor preparados para esse tipo de situação do que dez anos atrás. Acredito que temos boas condições de lidar com isso”, aponta.

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