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10 mitos e verdades sobre a infertilidade feminina

Anticoncepcionais hormonais interferem? E a endometriose? Será que quem malha pesado tem mais dificuldade para engravidar? Especialistas esclarecem tudo.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 08h35 - Publicado em 28 set 2018, 01h05
Unhappy woman with imagination of a pregnant belly holding negative pregnancy test - infertility concept (andriano_cz/ThinkStock)
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Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a infertilidade atinge de 15% a 20% dos casais que desejam engravidar no Brasil. A taxa é um pouco menor que a mundial: estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que 25% dos casais em idade reprodutiva no mundo têm problemas de infertilidade.

Os números da OMS apontam, ainda, que há um equilíbrio entre os sexos: a causa da infertilidade é 30% feminina e 30% masculina; em 25% dos casos os dois estão com algum problema de infertilidade e nos 15% restantes a causa é desconhecida (mesmo depois de muita investigação – é a chamada ISCA-Infertilidade Sem Causa Aparente).

Mesmo assim, é comum a mulher se sentir culpada pela infertilidade até que se prove o que realmente acontece com o casal. Sobram mitos e “certezas absolutas” a respeito da responsabilidade feminina sobre a gravidez que não vem.

Para esclarecer o que é mito e o que é verdade, conversamos com três especialistas sobre o assunto: Karla Zacharias (ginecologista e especialista em reprodução humana do Huntington Medicina Reprodutiva), Mario Cavagna (diretor da Divisão de Reprodução Humana do Hospital Pérola Byington e integrante da equipe médica da Genics Medicina Reprodutiva) e Ricardo Luba (ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana, parceiro da Genics Medicina Reprodutiva). Tire todas suas dúvidas (e as caraminholas da cabeça).

Usar anticoncepcional hormonal por muitos anos aumenta a dificuldade para engravidar

Mito. Anticoncepcionais hormonais, sejam eles em pílula, adesivo ou DIU, bloqueiam a ovulação apenas momentaneamente, impedindo a rotura do folículo e a liberação do óvulo. Quando deixam de ser usados, a ovulação é restabelecida e a gravidez pode ocorrer. A regularização pode ser imediata ou levar até três ciclos (aproximadamente três meses).

Mulheres com ovário policístico não conseguem engravidar

Mito. O que acontece com frequência em casos de ovários policísticos é a anovulação crônica: em alguns ciclos, mesmo havendo menstruação, nenhum óvulo é liberado. Mas em outros ciclos a ovulação ocorre normalmente. É essa infrequência que torna a fecundação uma “loteria” um pouco mais difícil de ganhar, mas a chance de engravidar nos meses em que o óvulo sai é a mesma que qualquer mulher que não tenha ovário policístico.

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Quanto mais avançada a idade da mulher, mais difícil engravidar

Verdade. O número de óvulos diminui progressivamente com o passar dos anos. Aos 25 anos, a mulher tem 20% de chance de engravidar todo mês; aos 35, cai para 15%. A partir dos 40 anos, a chance de engravidar naturalmente gira em torno de 5% e 7%.

Mulheres que já sofreram aborto têm dificuldade para engravidar

Mito. Abortos naturais são comuns, principalmente depois dos 40 anos. Uma mulher pode sofrer um aborto em um mês e no mês seguinte engravidar e levar a gestação adiante.

Alguma dificuldade pode surgir quando ocorrem dois abortos seguidos: a condição passa a ser considerada aborto de repetição e requer investigação da genética do casal e de doenças sistêmicas, funções endócrinas e outros elementos tanto da mulher quanto do homem. E, mesmo assim, pode ser que a causa não seja descoberta – lembre-se dos 15% de ISCA que mencionamos ali no começo.

Mas, voltando ao assunto inicial, o fato de ter havido um aborto não é sinônimo imediato de dificuldade para engravidar.

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Mulheres que pegam pesado na malhação têm mais dificuldade para engravidar

Verdade. Exercícios físicos intensos, principalmente os aeróbicos (corrida, por exemplo) podem diminuir a ovulação por causa da alta liberação de endorfina. Este hormônio pode inibir a hipófise, que controla glândulas de secreção endócrina do organismo. O fato de a gordura corporal ser muito reduzida também dificulta o processo, pois a conversão dos hormônios ligados à ovulação ocorre no tecido gorduroso.

A endometriose impede a gravidez

Há controvérsias. Karla considera verdade, uma vez que o fato de o endométrio (o tecido que reveste a parede interna do útero) crescer nas tubas uterinas e/ou em outros órgãos pélvicos pode impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide e dificultar o processo da implantação.

Mario e Ricardo, porém, veem a situação como mito: eles reconhecem que a endometriose pode ser uma das causas da infertilidade, mas lembram que um tratamento clínico ou uma técnica de reprodução humana pode resolver o problema, e que é discutível se a doença prejudicará os resultados dos tratamentos.

Mulheres que ficam muito nervosas com os resultados negativos de exames de gravidez acabam tendo mais dificuldade para engravidar de fato

Verdade. Quando a ansiedade fica excessiva, o desequilíbrio emocional pode interferir nos níveis hormonais e dificultar a fecundação.

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Mulheres com apenas uma trompa e um ovário não conseguem engravidar

Mito. Se o ovário produzir óvulos e a trompa não estiver obstruída, a mulher engravida.

Uma rotina estressante atrapalha as chances de engravidar

Verdade. O estresse pode causar disfunções hormonais, alterar o ciclo menstrual e a ovulação e diminuir as chances de sucesso para uma gestação.

Ter o útero retrovertido impede a gravidez

Mito. Útero retrovertido ou invertido é apenas uma possibilidade natural de posicionamento do útero, e cerca de 15% das mulheres nascem assim. A posição do útero não interfere na fertilidade: os espermatozoides conseguem chegar às tubas e fecundar os óvulos normalmente.

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