Quem são as primeiras vereadoras negras de cidades como Curitiba e Vitória
Em todo o Brasil, mulheres negras fizeram história ao ocupar câmaras municipais até então compostas apenas por pessoas brancas
No domingo (15), milhões de brasileiros foram às urnas eleger prefeitos e vereadores para comandar os municípios. Em meio ao cenário nacional de pandemia, aumento das desigualdades e polarização em torno das eleições, foi um pleito histórico em muitas cidades, que elegeram as primeiras mulheres negras para a Câmara Municipal. Em diferentes pontos, elas também aumentaram em representatividade. Um avanço a ser celebrado.
Capitais como Curitiba, Cuiabá e Vitória elegeram as primeiras mulheres negras da história das casas. Cidades do interior dos estados também obtiveram marcas importantes. Cada uma dessas mulheres tem trajetória política distinta, diferentes visões de mundo e filiação partidária. Além delas, há ainda mulheres trans eleitas Brasil afora, muitas delas também negras. Apresentamos abaixo mais algumas das pioneiras, que quebraram barreiras ao ser as primeiras em suas cidades:
Edna Sampaio
Professora e sindicalista, Edna Sampaio (PT) foi a mulher mais votada para a Câmara Municipal de Cuiabá, com 2. 902 votos. Durante a campanha, ela se apresentou como defensora dos direitos humanos e afirmando que seu mandato seria pautado pelos direitos das mulheres, da população negra e LGBTQI+.
Camila Valadão
É a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vitória. Assistente social, mãe e feminista, Camila Valadão (Psol) já atuou no movimento estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e foi presidente do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS). Ela afirma que seu mandato será “coletivo, pela vida das mulheres, e pela população negra, além de levar projetos que garantem a defesa e proteção da população LGBTQI+”.
Vivi Reis
Na capital paraense, Vivi Reis (Psol) foi a vereadora mais votada – considerando também os homens, ficou em quinto lugar, com 9. 654 votos. Formada em fisioterapia, começou sua trajetória política no movimento estudantil. Vivi é fundadora do Coletivo Juntas e educadora Popular da rede Emancipa.
Tainá de Paula
O Rio de Janeiro também mostrou que deseja mudanças políticas, elegendo a arquiteta e urbanista Tainá de Paula (PT) como a segunda mulher mais votada. Tainá é ativista das lutas urbanas com foco nas periferias. Em meio à sua carreira política, Tainá se tornou mãe e, mais recentemente, doula, acompanhando a gestação de mães de regiões mais vulneráveis.
Ana Carolina Dartora
Em Curitiba, a primeira vereadora negra também foi eleita nestas eleições. Ana Carolina Dartora (PT) é professora, historiadora e ativista do movimento negro. Ela foi a terceira mais votada entre todos os candidatos. Ela afirma defender o direito da classe trabalhadora, das mulheres e da população LGBTQI+.
Coletiva Bem Viver
Também se fortaleceram neste pleito as candidaturas coletivas, muitas delas compostas por mulheres negras. Formado por Cíntia, Joziléia, Lívia, Marina e Mayne, o Coletivo Bem Viver (Psol) foi eleito em Florianópolis. Cada uma delas tem um perfil – elas são professora, estudante, líder cultural, economista, bióloga, líder indígena e gestora pública.
Bancada Feminista
O mandato coletivo de vereança em São Paulo Bancada Feminista (Psol) também garantiu seu lugar na Câmara dos Vereadores. Eleito pelo PSOL com 46. 267 votos, contribuiu para que o número de mulheres eleitas batesse o recorde na cidade. A bancada, que inclui a travesti negra Carolina Iara, foi a sétima candidatura mais votada.
Elaine Monteiro
Integrante da candidatura coletiva Quilombo Periférico (Psol), que conseguiu uma vaga para a Câmara de São Paulo, Elaine Mineiro é geógrafa, arte educadora e articuladora cultural. É coordenadora de núcleo de base da UNEafro Brasil.
Dani Portela
Em Recife, Dani Portela (Psol) foi a pessoa mais votada para uma cadeira na Câmara Municipal com 14.114 votos. Ela já havia disputado o governo de Pernambuco, tendo ficado em terceiro lugar.
Jô Oliveira
Foi a primeira vez que uma mulher negra foi eleita vereadora também em Campina Grande (PB). A assistente social Jô Oliveira (PCdoB) ficou em sexto lugar entre os eleitos no município.
Ana Lúcia Martins
Em Joinville (SC), a professora e servidora pública Ana Lúcia Martins (PT) será a primeira mulher negra a tomar posse na Câmara Municipal. Entre suas pautas, ela defende o respeito à liberdade religiosa, bem como incentivos ao consumo consciente, à proteção ao meio ambiente, às manifestações culturais e a garantia de direitos trabalhistas .
Verônica Lima
Em Niterói (RJ), Verônica Lima (PT) foi a primeira mulher negra eleita à vereança em 2012. Neste domingo, foi mais uma vez reeleita. Antes da carreira política partidária, ela esteve envolvida no movimento estudantil. Ela também atuou como Subsecretária de Segurança Alimentar e Nutricional na Prefeitura de Niterói.
Ana Nice Martins
Com 4. 728 votos, a trabalhadora metalúrgica e siderúrgica Ana Nice Martins (PT) foi reeleita em São Bernardo do Campo (SP). Antes disso, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi coordenadora da Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, integrante da Comissão das Mulheres Metalúrgicas.
Domingas Quilombola
A marca dos quilombolas também foi deixada nestas eleições. Chamada de Domingas Quilombola (Solidariedade), a militante do movimento negro há mais de 20 anos foi eleita em Uruaçu (GO).
Taise Braz
Em Catanduva (SP), Taise Braz (PT) foi eleita para o próximo mandato – marca até então nunca alcançada por outra mulher negra. A jovem é estudante de pedagogia, administradora de empresa e membro-fundador do Movimento Negro de Catanduva.
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