Ser mãe não impede que as mulheres cheguem ao topo da carreira. Elas provam que é possível
Participantes do Prêmio CLAUDIA Talks, em Brasília explicam como conciliam a carreira e maternidade e lidam com o famoso sentimento de culpa
“Todas nós trabalhamos com paixão”, define a fonoaudióloga Mônica Azzariti, finalista do Prêmio CLAUDIA, na categoria Trabalho Social. Essa foi a resposta que deu para uma participante da plateia, no segundo Prêmio CLAUDIA Talks – o segundo dos três eventos que reúne as candidatas em diferentes capitais do país. Ser mãe e chefe de um grande projeto exige planejamento e uma força imensurável , além de requerer uma boa dose de paixão. Na manhã de terça-feira (30/9), seis finalistas conversaram, em Brasília, sobre carreira e maternidade e como lidam com a conhecida culpa, sentimento que aflige “todas as mulheres”, como resume a cientista e finalista na categoria Ciências, Thelma Krug.
As seis candidatas trabalham em áreas que exigem grandes responsabilidades. São chefes e diretoras e coordenam equipes e projetos complexos, que afetam desde a realidade de um bairro até do planeta inteiro. Arquitetam planos, arriscam, por vezes repensam os seus caminhos, mas sempre avançam. Além disso, todas são mães.
Confira a seguir o que pensam as candidatas do Prêmio CLAUDIA Talks sobre carreira, maternidade e sonhos:
Carla Renata Sarni
Quem é: A dentista atendeu gratuitamente as famílias desfavorecidas durante a faculdade, juntou suas economias e abriu na periferia de São Paulo uma rede de consultórios que oferece tratamento odontológico a um custo acessível.
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“Os meus filhos passavam dias inteiros na clínica comigo. Durante 12 anos eu trabalhei de domingo a domingo. Folgava um domingo por mês para poder alcançar os sonhos. A mulher tem esse perfil de fazer as coisas de verdade. Ela se doa quando ela está no trabalho. E é presente quando está com os filhos. Eu sempre acreditei muito na qualidade e não na quantidade. Meu filho desenhou um coração para mim e escreveu: ‘mãe, eu adoro quando você vem para casa’. Eu tive que fazer couching durante um ano e meio, pois eu tinha muita dificuldade de parar de trabalhar. Eu sou extremamente detalhista e exigente comigo, com a minha equipe. Mas eu precisei buscar ajudar.”
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Eliana Abdelhay
Quem é: Desenvolve pesquisas a fim de melhorar os prognósticos de doenças graves e agilizar o diagnóstico de câncer. É chefe e idealizadora da divisão de Laboratórios do Centro de Transplantes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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“Nós, mulheres, somos capazes de cuidar do nosso tempo de uma maneira melhor que os homens. Os homens iam caçar e lutar na época das cavernas. E nós já nascemos 360°. A gente consegue administrar muito bem as coisas. Com 25 anos eu já tinha quatro filhos. Hoje tenho 10 netos. E eu estudava com os meus filhos, ficava as manhãs com eles. Tudo o que eu queria fazer eu fazia. E dava tempo de trabalhar muito também. Hoje em dia, eu estudo com a minha neta pela manhã e depois eu vou pro trabalho. E se eu preciso ficar mais tempo lá, eu vou ficar. A gente usa o nosso tempo de uma maneira muito boa e leva os filhos para o trabalho quando precisa. A gente inova e é capaz de gerar maneiras de fazer. A gente tem foco.”
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Heloísa Helena de Oliveira
Quem é: A economista bate na porta de senadores e deputados para conversar olho no olho sobre leis que afetam nossas crianças e nossos jovens. Ela é administradora executiva da Fundação Abrinq.
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“A grande dificuldade para mim foi não estar presente quando os meus filhos estavam crescendo. Quando um dos meus filhos era pequeno, ele escreveu um livro: ‘Minha mãe e eu’. Esse livro tinha vários capítulos: o que eu faço que a minha mãe gosta, o que a minha mãe faz que eu não gosto… E nesse último capítulo, ele fez um desenho meu saindo muito cedo e voltando tarde para casa. Do ponto de vista pessoal, isso foi complicado, mas todos sobreviveram e são adultos bem resolvidos. O processo da mulher sair e construir a própria vida é uma questão histórica. Mas a gente não conquistou de uma maneira equilibrada. Às vezes a gente escuta assim: ‘Nossa, o fulano é ótimo. Ele ajuda tanto em casa.’ Ai eu penso: ‘Mas pera aí, a casa também é dele’. Nós criamos o homem da forma diferente que criamos as mulheres. Eu não digo que é todo mundo, mas a gente tem isso. É um desafio criar os homens nessa forma multidisciplinar. Mas é preciso que a gente eduque dessa maneira.”
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Juthay Nogueira
Quem é: Idealizadora do Projeto Romper, organiza atividades para evitar que os jovens entrem para o tráfico de drogas, na comunidade Morro das Pedras, em Belo Horizonte.
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“Eu nunca me coloquei no papel de mãe das crianças da comunidade. Eu sempre digo que eles são os meus amigos. Eu tenho um filho de 14 anos, o Ben-Hur. Ele é filho único, mas não é mimado de querer só fazer as vontades dele. Ele gosta de fazer algo pelo próximo. Eu consegui conciliar o projeto e a maternidade porque ele sempre participou e vivenciou as experiências. No Natal, ele ajuda as crianças a escreverem cartinhas para o Papai Noel. Ele gosta de ensinar a ler. Ele tem a cabeça super boa. É tranquilo e um menino estudioso.”
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Mônica Azzariti
Quem é: A fonoaudióloga instrui os soldados que atuam nas favelas cariocas para que lidem com conflitos triviais com mais controle e sem violência desnecessária, através da técnica de Comunicação Não Violenta, que se baseia na empatia.
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“Acho que nós, mulheres, sempre pensamos e repensamos essa questão dos filhos. Parece que a sensação é de que poderíamos ter feito mais, participado mais, ter sido mais presente. A mulher ainda é multitarefas. Acredito que o panorama está mudando e por força da situação, os homens têm precisado dividir mais as tarefas, que antes eram ‘coisas de mulher’. Meus filhos têm 23, 21 e 17 anos. São dois meninos e a menina é a caçula. Hoje são adultos, moram sozinhos, completamente autônomos, e a minha filha é uma adolescente madura e independente. Penso que isso é o resultado de uma criação sem paparicos, que a falta de tempo não me permitiu. Posso não estar com eles fisicamente, mas o que prevalece é o laço de amor e o acolhimento que eles sabem que têm a qualquer hora, porque esse elo é invisível e inquebrável. E no final, que nossos filhos possam ter orgulho de nós e descobrir que, quando não estávamos com eles, estávamos contruíndo um futuro para eles.”
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Thelma Krug
Quem é: Restringe o desmatamento nas florestas e emissão de poluentes, responsáveis pelas mudanças climáticas. É vice-presidente do Painel Intergovernamental para Mudanças do Clima, órgão internacional ligado à ONU.
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“Todas nós temos uma história com os nossos filhos e o sentimento de culpa. Mas o médico do meu filho disse: ‘eu cuido do seu filho a vida inteira e ele é o mais bem resolvido que já vi. Então tira esse sentimento de culpa’. O que me remete uma recente história. Quando a minha neta tinha quatro anos, ela fez um desenho. E disse: ‘Essa é a outra vó, a outra tia, meu pai, eu…’ Então eu perguntei: ‘E a vovó aqui onde tá?’ E ela respondeu: ‘A vovó tá viajando’. Então, isso mostra um pouquinho da dificuldade do tempo da família, que a gente acha que não é suficiente. Eu fui criada por uma mãe que não tinha educação e acho que por isso é que ela queria tanto que os filhos fossem independentes e que tomassem as suas próprias decisões.”
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