Rebeca Andrade é nomeada atleta do ano pelo Comitê Olímpico do Brasil
Ao lado de Isaquias Queiroz, a ginasta venceu o Prêmio Brasil Olímpico, organizado pelo COB
Aos 22 anos, a ginasta Rebeca Andrade venceu o Prêmio Brasil Olímpico, organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), ao lado do canoísta Isaquias Queiroz, 27 anos, na categoria de melhores atletas brasileiros do ano.
Realizada pela primeira vez no Nordeste, a cerimônia aconteceu em Aracaju, Sergipe, e contou com a presença de diversas personalidades do esporte brasileiro.
A ginasta superou Ana Marcela Cunha, maratonista aquática, e a skatista Rayssa Leal, entre as mulheres. Já Isaquias disputou com o surfista Italo Ferreira e o pugilista Hebert Conceição, na categoria masculina.
O prêmio, que acontece desde 1999, foi realizado pela primeira vez com a maioria de atletas nordestinos concorrendo. Eles eram cinco dos seis finalistas. As Olimpíadas de Tóquio também contaram com o protagonismo inédito do Nordeste, que levou quatro medalhas de ouro para a região.
Os atletas que concorreram fizeram questão de aproveitar a visibilidade para pedir mais investimento no esporte, principalmente no Nordeste, para que os esportistas não precisem se mudar para outras cidades, como muitos precisam fazer.
“Pô, eu não recebi nenhuma carta do Governo da Bahia [após o ouro em Tóquio] nem nada. Isso para mim foi bem triste”, afirmou Isaquias Queiroz, medalhista de ouro na canoa individual C 1.000.
Aos 15 anos, ele teve que sair de casa para poder melhorar seu rendimento. Essa decisão é vista também na trajetórias de outras grandes promessas do esporte local.
“Eu percebi que, por mais que a gente tenha tido resultado, parece que não foi tão valorizado. Pela população, sim, a gente foi bem parabenizado, teve bastante carinho. Para mim, beleza, já tenho minha vida feita, mas não quero ver um atleta mais novo tendo que sair da Bahia com 15 anos, como eu tive, e passar a vida toda fora de seu estado para treinar”, completou.
O boxeador Hebert Conceição, também medalhista olímpico, complementa: “Espero que tenha incentivado os governantes da nossa região a olhar com carinho para a gente, para o esporte, e proporcionar uma estrutura adequada para que a gente não precise só nascer no Nordeste, ser criado até a adolescência e se mudar na fase adulta para outros locais”, questionou.
Também nas Olimpíadas de Tóquio 2020, Rebeca Andrade se tornou a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha na competição. A paulista levou para casa o ouro no salto e a prata no individual geral.
Neste ano, ela ainda foi campeã mundial no salto e nas barras assimétricas. No Campeonato Brasileiro, Rebeca conquistou a medalha de ouro no individual geral.
O desempenho da ginasta é resultado de sua trajetória, que começou no projeto social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de Guarulhos. Somando três cirurgias no joelho e diversos obstáculos, como a falta de dinheiro para a ida aos treinos, por exemplo, ela ultrapassou os desafios ao longo da carreira no esporte até chegar em Tóquio, sua segunda Olimpíada.
Premiação
A cerimônia, que aconteceu em Sergipe, contou com um colégio eleitoral de 230 pessoas, formado por jornalistas, dirigentes, atletas, ex-atletas, patrocinadores e outras figuras relacionadas ao esporte, para escolher os indicados e vencedores.
Uma votação popular foi realizada para eleger o vencedor do prêmio de atleta da torcida. Fernanda Garay, jogadora de vôlei, venceu com 41,52% dos votos. O troféu Adhemar Ferreira da Silva, que é dado a ex-atletas, foi entregue à jogadora de basquete Janeth Arcain.
A cerimônia ainda marcou a entrada de novas estrelas no hall da fama do esporte brasileiro. A homenagem conta com os seguintes reforços: A jogadora de basquete Magic Paula, 59 anos, prata nos Jogos de Atlanta-1996; Adhemar Ferreira da Silva, morto em 2001 aos 73 anos, bicampeão olímpico no salto triplo (1952 e 1956); Aída dos Santos, 84, única brasileira a disputar as Olimpíadas de Tóquio-1964, no salto em altura; o jogador de basquete Wlamir Marques, 84 anos, bronze em Roma-1960 e Tóquio-1964; o nadador Tetsuo Okamoto, morto em 2007 aos 75 anos, bronze nos 1.500 m livre em Helsinque-1952; e o canoísta Sebastián Cuattrin, 48, ouro no Pan do Rio de Janeiro-2007.