Quem são as duas mulheres que estão entrando no novo governo do Temer
Depois de ter sido amplamente criticado, nacional e internacionalmente, pela composição de seu Ministério sem nenhuma presença feminina, o primeiro desde o mandato do general Ernesto Geisel (1974-1979), duas mulheres aceitaram nesta semana o convite do presidente interino Michel Temer (PMDB)
Depois de ter sido amplamente criticado, nacional e internacionalmente, pela composição de seu Ministério sem nenhuma presença feminina, o primeiro desde o mandato do general Ernesto Geisel (1974-1979), duas mulheres aceitaram nesta semana o convite do presidente interino Michel Temer (PMDB). A economista Maria Silvia Bastos Marques foi selecionada para integrar a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – sendo a primeira mulher a estar no cargo responsável por financiar projetos e obras fundamentais em nível nacional. A procuradora e professora de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Flávia Piovesan, também aceitou representar a Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, que assim como o Ministério da Cultura e outros 8, perderam o posto e passaram a ser secretarias, agora submetidos aos ministérios.
Michel Temer durante a cerimônia de posse aos novos ministros de seu governo, ocorrida em 12 de maio.
Quem são as mulheres do sim?
Maria Silvia Bastos Marques
A economista Maria Silvia Bastos Marques aceitou, nesta última segunda-feira (16), ser a primeira mulher a estar à frente da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a assumir um cargo no governo interino de Temer. Maria já presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de 1999 a 2002, foi secretária de Finanças da Prefeitura do Rio de Janeiro, entre os anos de 1993 e 1996, durante a gestão do prefeito César Maia, e diretora do BNDES.
Maria Silvia ocupará o posto de Luciano Coutinho, que após a indicação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, desempenhava a função desde o ano de 2007.
Flávia Piovesan
A segunda mulher selecionada foi a procuradora e professora de direito da Pontifícia Universidade Católica, Flávia Piovesan, que aceitou, nesta última terça-feira (17), o cargo referente a Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, antigo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, e já é figura conhecida no âmbito da defesa dos direitos econômicos e socioculturais.
Com ideias divergentes da maioria dos que integram a gestão interina, Flávia já declarou publicamente ser contra a redução da maioridade penal, militante à favor da causa dos direitos humanos para refugiados, contra a criminalização do aborto e as violações dos direitos humanos em períodos ditatoriais.
No mesmo dia em que foi anunciada a decisão, juristas, ex-ministros da pasta de direitos humanos, parlamentares e ativistas publicaram uma carta aberta como uma forma de repúdio a sua escolha. Os alunos da PUC também espalharam pela faculdade cartazes para demonstrarem retaliação a sua decisão.
Quem são as mulheres do não?
O convite para integrar o governo de Temer foi negado por seis mulheres. A sexta a dizer não foi a cantora Daniela Mercury, cotada para assumir a Secretaria Nacional da Cultura. A decisão de sondar Daniela para ocupar o cargo ocorreu depois da recusa da atriz Bruna Lombardi, da antropóloga Claudia Leitão, da consultora de projetos culturais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eliane Costa e da apresentadora Marília Gabriela. “Muita testosterona e pouco pigmento” foi um dos destaques do jornal britânico The Guardian sobre a falta de representatividade da atual gestão brasileira.
A tentativa de um diálogo com as lideranças femininas para fazer parte do núcleo do governo tem sido protagonizada pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). Em suas contas no Facebook, Claudia e Eliane se justificaram, manifestando-se contrárias ao projeto da Secretaria que pretende substituir o Ministério da Cultura, sendo este o motivo principal da rejeição de ambas.
A ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, também havia sido cotada para a Constroladoria-Geral da União (CGU), mas não aceitou.