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Candidato à reeleição, prefeito de Florianópolis é acusado de estupro

Ex-funcionária da prefeitura afirma ter sofrido três abusos entre 2017 e 2019

Por Da Redação
29 out 2020, 18h02
 (Solon Soares/Agência AL (ALESC)/Reprodução)
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Uma ex-funcionária da Prefeitura de Florianópolis acusa o atual prefeito da cidade, Gean Loureiro (DEM) de estupro. Segundo informações do boletim de ocorrência, registrado no dia 9 de outubro e obtido pelo UOL, a mulher que fez a denúncia, Rosely Dallabona, de 47 anos, relata três situações de abuso ocorridas entre 2017 e 2019, das quais em duas houve relações sexuais não-consentidas.

Os atos teriam ocorrido no gabinete da Secretaria Municipal de Turismo, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico da capital catarinense, onde a mulher trabalhava. Na última ocasião, ela conseguiu filmar secretamente a situação.

O primeiro ataque de Loureiro teria ocorrido em 2017. Rosely arrumava a sala de reuniões da Secretaria quando o prefeito passou a fazer investidas e a agarrou. O boletim diz que ele “segurou firme com uma das mãos um dos braços da comunicante e com a outra tentou tocar as partes íntimas por baixo da roupa da comunicante, a qual imediatamente o empurrou e saiu da sala.” Abalada e envergonhada com a situação, ela diz que acabou optando por não contar nada para ninguém na época.

A segunda vez teria acontecido entre o final de 2017 e o começo de 2018, quando o prefeito solicitou que ela buscasse água para ele e, após seu retorno, a trancou na sala. “Passou a abraçá-la e baixou a calça e a calcinha da comunicante, que em choque não conseguiu reagir. Na sequência, Gean empurrou a comunicante contra uma mesa e passou a praticar a conjunção carnal, que durou poucos minutos, sendo que na sequência o senhor Gean vestiu sua calça e abriu a porta, momento em que a comunicante se vestiu rapidamente e saiu”, continua o registro.

Rosely afirma que o episódio desencadeou crises de ansiedade e que ela procurou ajuda psicológica e psiquiatra. Ainda por vergonha e “medo do poder do prefeito”, mais uma vez manteve tudo em segredo.

Em 10 de outubro do ano passado teria acontecido a terceira agressão. Rosely conta que, na ocasião, ela saia do trabalho quando Loureiro começou a puxar conversa. Temendo mais uma investida, a funcionária “instintivamente colocou seu celular para gravar.” Pouco depois, o prefeito teria trancado a porta e tirado a roupa.

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“O senhor Gean baixou a calça da comunicante e a empurrou em cima do sofá e passou a praticar conjunção carnal, que durou poucos minutos. Na sequência, ele se vestiu, sem falar nada e saiu da sala. A comunicante ficou em pânico e em choque”, informa o boletim.

Segundo Rosely, foi através da terapia que ela criou coragem para contar tudo ao marido e fazer a denúncia. O registro de ocorrência aponta ainda que, durante os abusos, Rosely se sentia “sob grave ameaça, pois o autor é muito poderoso na cidade.”

“Armação” e “relacionamento extraconjugal”

Atualmente tentando a reeleição, Gean Loureiro publicou na madrugada desta quinta-feira (29) um vídeo e uma nota de defesa. Na filmagem, ele se diz surpreendido por uma “avalanche de mentiras” e que nunca, em toda sua vida, cometeu “um ato de violência contra quem quer que seja.”

Ele alegou ter tido um relacionamento extraconjugal, algo do qual não se orgulha, mas que assumirá todas as consequências. “É um assunto doloroso que eu e minha esposa já havíamos tratado dentro das quatro paredes da nossa casa, lugar de onde esse assunto jamais deveria ter saído. Pedi perdão para minha família pela dor que causei. Sei o que fiz e me arrependo, mas também sei o que não fiz”, disse.

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Loureiro também declarou que não se calará diante da “armação eleitoral” que, há poucos dias da eleição, estaria tentando transformar em crime o que, em suas palavras, foi um ato consensual entre dois adultos.

“Fui alvo de uma armação covarde, com uso de uma câmera escondida de propósito, expondo imagens da minha intimidade de forma desumana nas redes sociais. Quem já sofreu uma acusação injusta, quem teve sua imagem destroçada publicamente sabe o que estamos sentindo”, continuou, pedindo apuração da Justiça “para que a verdade prevaleça.”

Procurados pelo UOL, o Ministério Público de Santa Catarina e a Polícia Civil afirmaram que, por razões legais, não vão se manifestar.

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“Não é motivação política”

Entrevistada pelo G1, Rosely contou que, na época dos ocorridos, ela chegou a pensar em ir ao Instituto Geral de Perícias do estado, onde se realizam exames de lesão corporal e corpo de delito. Acabou, porém, desistindo e fez apenas outros exames não especificados. “Na época, não deu nada”, aponta.

Candidata a vereadora também pelo DEM, ela nega ter tido um relacionamento extraconjugal com o prefeito ou que as denúncias tenham motivação política. “Isso não me ajuda em nada politicamente. Então, não é motivação política, de forma alguma.”

Caso semelhante aconteceu no Rio Grande do Sul

Em 2018, um caso semelhante aconteceu em Não-Me-Toque, cidade do Rio Grande do Sul. O prefeito Armando Carlos Roos (PP) foi investigado e denunciado pelo MP por assédio sexual, importunação ofensiva, abuso de autoridade e perturbação do sossego.

Assim como Loureiro, Roos foi filmado por uma servidora enquanto conversava sobre o cargo que ela ocuparia na prefeitura e a convidava para um encontro em seu apartamento. “Mas tem que ser semana que vem”, diz o prefeito no vídeo, “porque na outra tu já começa.” Outras duas vítimas foram ouvidas, além da responsável pela gravação.

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Com a repercussão do caso, Roos chegou a proibir o uso de celulares na prefeitura, mas negou que a medida estivesse relacionada às denúncias. Ele foi afastado do cargo e, posteriormente, teve seu mandato cassado.

O que falta para termos mais mulheres eleitas na política

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