Ex-nadadores denunciam técnico brasileiro por abuso sexual
Segundo relatos da vítima, Alexandre de Azambuja Pussieldi guardava vídeos em que tinha relações sexuais com adolescentes
O órgão regulador nacional da natação nos Estados Unidos, chamado USA Swmming, é alvo de denúncias de abuso sexual, revela apuração da CNN. Os casos puderam ser levados à Justiça estadunidense por conta de uma nova lei, que aumenta o período para as vítimas registrarem as violências sofridas.
A mudança fez com que ex-nadadores denunciassem seus técnicos na época. Para eles, a organização era conivente com os crimes, já que os profissionais eram registrados pela USA Swmming.
Robert Allard, advogado de nove ex-nadadores, contou que a abordagem se repetia nos casos. “Você tem predadores tendo acesso às crianças, eles cuidam delas, eles mantêm o fascínio da glória olímpica sobre suas cabeças, eles tocam as crianças progressivamente, eles ganham sua confiança e eventualmente fazem o que eles querem que é molestar crianças”, informou o advogado.
Em 2012, chegou a registrar um pedido de reforma na organização esportiva por conta das denúncias. O pedido surtiu resultado e os abusos foram investigados pelo deputado George Miller. Em julho de 2014, as denúncias passaram para o comando do diretor do FBI (Federal Bureau of Investigation), Jim Comey.
O brasileiro Alexandre de Azambuja Pussieldi, também conhecido como Coach e Pussi, é um dos técnicos investigados. As denúncias ligadas a ele teriam acontecido na Flórida em 2004 e 2012.
Ex-nadador, Alexandre começou sua carreira de treinador ainda no Brasil, onde ficou até 1999. O acusador também é homenageado com o seu nome em troféu de competições da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Segundo boletins obtidos pela CNN, o primeiro caso aconteceu com o nadador mexicano Roberto Cabrera Paredes, 20 anos, em 13 de fevereiro de 2004. O atleta revelou que o técnico apertou seu pescoço com uma toalha, enquanto era arrancado da arquibancada. Em seguida, Alexandre socou a costela e barriga da vítima.
O nome do atleta não foi divulgado na época por conta dos abusos sexuais revelados. Na denúncia, o ex-nadador ainda contou que o técnico tinha fitas em casa mostrando relações sexuais com adolescente.
De acordo com o relato, os menores falavam português em todos os vídeos. Por isso, ele acredita que não tenha acontecido nos Estados Unidos. Além disso, ele ainda encontrou imagens dele e de outros atletas no vestiário, sem consentimento.
“Roberto Cabrera é uma pessoa que tem alguns problemas e ele era homosexual não assumido na época, ele tinha uma atração por pessoas mais velhas, que depois acabou se configurando. E ele tinha ciúme das pessoas que estavam na casa com relação ao meu relacionamento com essas pessoas. Ele achava, na cabeça dele, que havia uma certa relação, coisa que não existe, mas na cabeça dele existia. Isso inclusive está configurado tanto no depoimento da polícia, quanto no depoimento da USA Swimming, por parte do processo”, disse o técnico para a CNN.
Após atuar na cobertura da Olimpíadas de Londres, posto que deixou de lado em março deste ano, ele foi denunciado de novo para a polícia da Flórida. O técnico de natação e membro da USA Swimming Jean-Pierre Côté e sua esposa, a enfermeira e oficial de natação Carolyn Côté, contaram que Alexandre teria tocado inapropriada um garoto em uma competição aquática. O relato ainda descreve que, sentado, Pusssieldi encostava suavemente no peito, costas e na parte de dentro da coxa do nadador infantil.
Em contato com a polícia, os pais não questionaram a postura do técnico, mas ainda é considerado que o ângulo que eles observaram a situações pode não ter ajudado. “Fiz contato com dois dos meninos e seus pais que desejavam ser anônimos para o propósito deste relatório, ambos os quais indicaram que eles nunca foram tocados de forma inadequada por coach Pussieldi e nunca sentiu que ele os vitimou. O terceiro garoto nunca retornou minhas ligações”, escreveu Robert Mazer, detetive das investigações.
As investigações foram arquivadas, já que não há depoimento de vítimas. Por meio de uma nota, a CBDA diz que nenhum contato foi feito com eles e que Alexandre não pertence ao sistema federativo brasileiro, desde 1998.