Morre psicanalista que combateu preconceitos contra a homossexualidade
Por meio de seus estudos, Richard C. Friedman demonstrou que a orientação sexual humana está ligada à biologia e não é uma doença.
Morreu no último dia 31 de março o Dr. Richard C. Friedman, psicanalista responsável por desmistificar a equivocada ideia de que a homossexualidade era uma doença capaz de ser curada. Aos 79 anos, ele sofria de diversos problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas e metabólicas, segundo informou sua esposa, a assistente social Susan Matorin, ao New York Times nesta segunda-feira (4). A causa da morte, contudo, não foi divulgada.
Publicado em 1988, o livro de Friedman Male Homosexuality: A Contemporary Psychoanalytic Perspective (Homossexualidade masculina: uma perspectiva psicanalítica contemporânea, em tradução livre) demonstrou que, ao contrário do que acreditavam analistas que seguiam as teorias freudianas, a homossexualidade não era uma patologia, mas sim que, como qualquer orientação sexual, tem natureza biológica. Àquela altura, há 15 anos a Associação Americana de Psiquiatria já havia deixado de classificar a homossexualidade como uma doença, mas muitos psicanalistas continuavam a considerá-la uma “perversão” e propagar que era possível curá-la.
Através de estudos de gêmeos idênticos e teorias da psicologia do desenvolvimento, ele apresentou um trabalho acadêmico que apontava ser a biologia e não a educação a desempenhar um papel mais determinante na orientação sexual. Sua teoria levou à criação de um modelo em que pacientes e especialistas passaram a assumir que a homossexualidade era simplesmente intrínseca ao ser humano. “Considerando que ele era um novato, foi corajoso de sua parte desafiar os especialistas mais velhos”, declarou o professor Jack Drescher, colega de Friedman. “Ele tinha uma convicção e não tinha medo de ninguém.”
Além de seus estudos sobre a sexualidade humana, Friedman também se dedicou a tratar traumas de jovens soldados que haviam estado na Guerra do Vietnã. Trabalhando em um centro médico, ele também foi capaz de provar a importância do sono para um melhor rendimento da performance dos estudantes residentes, o que ajudou a mudar a maneira como as escolas de medicina treinavam seus profissionais em formação.