Michelle Bachelet denuncia violação de direitos humanos no Brasil
A alta comissária discursou em Genebra, na Suíça, nesta quinta (27)
Michelle Bachelet, alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, criticou “ataques contra defensores de direitos humanos” no Brasil, durante um discurso em Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira (27). Segundo Bachelet, também há retrocessos significativos nos direitos dos povos indígenas do país e nas políticas de proteção ambiental. O governo brasileiro afirmou que as críticas são “lamentáveis”.
“No Brasil, os ataques contra defensores dos direitos humanos, inclusive assassinatos — muitos deles contra líderes indígenas — ocorrem em um contexto de retrocessos significantes das políticas de proteção ao meio-ambiente e aos direitos dos povos indígenas. Há também cada vez mais tomadas de terras indígenas e de afrodescendentes, e esforços para deslegitimar o trabalho da sociedade civil e movimentos sociais”, afirmou a alta comissária que, no início da semana, já havia alertado a ministra Damares Alves (Família, Mulher e Direitos Humanos) sobre suas preocupações em uma reunião a portas fechadas.
Durante o discurso, Michelle Bachelet também falou sobre as políticas migratórias dos EUA que, segundo ela, “aumentam preocupações sobre os direitos humanos”, e afirmou que o país regrediu em ações de proteção ao meio ambiente. “Poluentes não tratados agora podem ser despejados diretamente nas correntezas e rios, colocando em risco ecossistemas, água potável e a saúde humana”, disse.
Hoje, no mesmo dia do discurso da alta comissária, a Anistia Internacional publicou um relatório em que afirma que a América Latina é o local mais perigoso para ativistas de direitos humanos no mundo. No estudo, a Venezuela é citada como um país especialmente preocupante devido aos “crimes cometidos pelas forças de segurança do regime chavista”, como execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias e uso excessivo de força. A Anistia, inclusive, já tentou entrar em contato com o governo venezuelano a fim de evitar as atitudes repressivas do Estado, mas o presidente Nicolás Maduro se recusou a discutir o assunto e disse que a entidade é um órgão imperialista a serviço dos EUA.