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Kamala Harris, a mulher que pode ser a primeira vice-presidente dos EUA

Senadora pela Califórnia, negra de origem jamaicana e indiana, ela fez história ao entrar para a chapa do democrata Joe Biden

Por Letícia Paiva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 nov 2020, 12h38 - Publicado em 6 nov 2020, 12h30
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  • Senadora pela Califórnia, Kamala Harris, 55 anos, concorre à vice-presidência na chapa de Joe Biden. Se a dupla vencer no pleito, Kamala será a primeira mulher eleita a ocupar o cargo na história dos Estados Unidos.

    Antes de anuncia-la como sua vice, Biden já havia afirmado que escolheria uma mulher negra para a posição restava saber o nome definido por ele, pois havia várias políticas no páreo. “Eu tenho a grande honra de anunciar que escolhi Kamala Harris uma lutadora destemida pelos pequenos e uma das melhores servidores públicas do país como minha parceira de chapa”, escreveu ele em seu perfil no Twitter, em 11 de agosto. Ela agradeceu a nomeação destacando que mulheres pretas e de cor passaram muito tempo sem representatividade política.

    Horas antes do anúncio em agosto, Donald Trump, que disputa a reeleição, afirmara em entrevista à rádio Fox Sports que “não se vota em vice-presidente” e que “algumas pessoas diriam que os homens se sentem insultados” pelo compromisso de Biden de nomear uma mulher.

    Antes de Kamala, os Estados Unidos já tiveram duas mulheres disputando a vice-presidência pelos dois grandes partidos. Em 1984, foi a democrata Geraldine Ferraro; em 2008, Sarah Palin. Nenhuma mulher negra ou de origem indiana, como Kamala, chegou a concorrer. Em uma eventual vitória, ela entra para a história da maior democracia do mundo apenas por ter sido eleita.

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    Formada em ciência política, economia e direito, ela foi procuradora de São Francisco e do estado da Califórnia — cargos que ocupou no período de 2003 a 2014. Em 2016, foi eleita senadora, se tornando a segunda mulher negra a conquistar a posição. É filha um jamaicano e uma indiana. A mãe dela, Shyamala Gopalan, emigrou do país asiático para os Estados Unidos na década de 1960 para obter um doutorado e, posteriormente, se tornou ativista de direitos humanos e referência nos estudos de câncer de mama. O pai, Donald Harris, é economista e professor emérito da Universidade Stanford.

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    Kamala Harris e Joe Biden foram adversários nas prévias para a candidatura democrata à presidência, vencida por ele (Getty/Getty Images)

    Nas prévias para a indicação democrata para a presidência, Kamala chegou a concorrer, mas acabou abandonando a disputa em dezembro passado. Nos últimos meses, com a eclosão de protestos contra o racismo e a violência policial em todo o país, ela se posicionou a favor de políticas de combate à discriminação. “Os policiais que assassinaram Breonna Taylor há três meses ainda não foram indiciados. Não podemos esquecer mulheres negras na nossa reivindicação por justiça”, publicou ela em seu Twitter em junho, em referência à morte de uma jovem por policiais nos Estados Unidos ainda sem punição.

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    A escolha por ela foi também uma forma de atrair o eleitorado negro. Biden foi vice nos dois mandatos de Barack Obama e, por conta desse histórico e da escolha da ex-procuradora, visou receber apoio dessa população, especialmente de mulheres negras, apontadas como eleitorado mais fiel dos candidatos democratas.

    Por sua atuação como procuradora, Kamala recebeu críticas ao não ter se posicionado a favor de algumas pautas progressistas e, por isso, é vista com algum ceticismo por uma parcela do eleitorado. Alguns fatos que foram usados contra ela em pleitos passados são o fato de ela ter defendido em juízo pelo estado da Califórnia a pena de morte, embora se diga contrária a esse tipo de pena, e ter processado número significativo de pessoas por porte de pequena quantidade de drogas. Além disso, em alguns episódios enquanto era procuradora se absteve de comentar mortes por policiais.

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    Enquanto senadora, ela ganhou relevância no noticiário por se manifestar em casos de violência sexual, especialmente envolvendo parlamentares e membros do Judiciário. No ano passado, deu voto contrário à nomeação de Brett Kavanaugh, apontado como autor de um estupro, à Suprema Corte, que acabou confirmada. Também liderou uma frente democrata pedindo a remoção Stephen Miller do cargo de conselheiro da Casa Branca após indícios de discurso de ódio contra minorias. Em 2018, a senadora submeteu legislação que tornaria linchamento um crime de ódio de nível federal, mas o texto não foi aprovado.

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