Beatificada em 2011, Irmã Dulce foi canonizada pelo Papa Francisco na manhã deste domingo (13), na praça São Pedro, no Vaticano. Ela é a primeira mulher nascida no Brasil a tornar-se santa, e agora passa a ser chamada de “Santa Dulce dos Pobres”.
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Além de Irmã Dulce, outros quatro religiosos foram canonizados durante a cerimônia: John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan e Marguerite Bays.
Após citar os nomes dos novos santos, o Papa declarou: “Inscrivamo-os no álbum dos santos, estabelecendo que eles sejam venerados assim por toda a Igreja. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
O anúncio da canonização aconteceu em maio deste ano, quando o Vaticano reconheceu o segundo milagre atribuído à Irmã Dulce. O feito é relacionado ao caso de um homem com glaucoma que, após 14 anos de cegueira, rogou à religiosa para que o ajudasse com a dor de uma conjutivite e, então, voltou a enxergar.
Chamada de “Mãe dos Pobres” ou “O Anjo Bom da Bahia”, Irmã Dulce teve seu primeiro milagre reconhecido em 2010.
Primeiro milagre reconhecido
O primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce e que possibilitou a sua beatificação aconteceu em 2001, nove anos após sua morte. O caso aconteceu em Malhador, no interior de Sergipe, onde uma moradora local apresentava um quadro forte de hemorragia não controlável.
Em um período de 18 horas, a mulher chegou a passar por três cirurgias, mas sem cessar o sangramento. Entretanto, de acordo com o médico Sandro Barral, após pedir a intercessão de Irmã Dulce, a hemorragia subitamente parou, sem intervenção médica, e a paciente se recuperou.
De acordo com informações da Osid, a abertura do processo de beatificação começou em 17 de janeiro de 2000. No ano seguinte foi anunciada a graça, e em 2002 o processo foi levado para análise do Vaticano. O milagre foi reconhecido pela Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano em 2010.
Em 22 de maio de 2011, foi realizada a cerimônia de beatificação de Irmã Dulce, no Parque de Exposições de Salvador. A freira passou a ser chamada de “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”.
O Legado de Irmã Dulce
Irmã Dulce nasceu como Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes no dia 26 de maio de 1914. Passou a se interessar por religiosidade aos 13 anos, quando começou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família em um centro de atendimento – que, posteriormente, ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, por conta do grande número de carentes que se aglomeravam a sua porta.
Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, cidade de São Cristóvão, em Sergipe. No mesmo ano recebeu o hábito e adotou o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe, que se chamava Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.
No ano de 1935, em Salvador, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara no bairro de Itapagipe. Em 1936, fundou a União Operária São Francisco, primeira organização operária católica do estado, dando origem, depois, ao Círculo Operário da Bahia.
Em 1959, é instalada a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), que é, atualmente, um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito no Brasil, com 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Lá são atendidos idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pacientes sociais, crianças e adolescentes em situação de risco social,dependentes de substâncias psicoativas e pessoas em situação de rua.
Irmã Dulce faleceu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, em Salvador.