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Esporotricose: o que é a doença que acendeu um alerta em infectologistas

Causada pelo fungo Sporothrix, o Brasil vê o número de casos crescer aqui e nos países vizinhos; apesar do alerta, doença tem cura

Por Julia Ribeiro
18 out 2023, 16h05
Esporotricose: o que é a doença que acendeu um alerta em infectologistas
Esporotricose: o que é a doença que acendeu um alerta em infectologistas (Remus Belododia/Getty Images)
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Os casos de esporotricose, uma micose subcutânea ocasionada pelo fungo do gênero Sporothrix, está aumentando no Brasil e acende um alerta em infectologistas no país. Durante o 23° Congresso Brasileiro de Infectologia, em Salvador, o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da UFPR, afirmou que a doença está descontrolada e já atinge outros países da América do Sul, com casos registrados no Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile.

No país, 90% dos casos estão relacionados ao fungo Sporothrix Brasiliensis, onde o gato é o principal transmissor da doença para humanos e cachorros, afirma o infectologista em entrevista à Folha de S.Paulo. Apesar do alerta, a doença tem cura e o SUS (Sistema Único de Saúde) faz a distribuição gratuita do medicamento. Conversamos com médicos para entender mais sobre a doença, formas de transmissão, tratamentos e prevenção.

O que é a esporotricose?

A esporotricose humana é uma micose subcutânea que surge quando o fungo do gênero Sporothrix entra no organismo, por meio de uma ferida na pele. Classificada como uma zoonose, a doença atinge tanto humanos quanto animais.

Como ocorre a infecção?

Ela ocorre pelo contato do fungo com a pele ou mucosa, por meio de uma lesão causada por espinhos ou lascas de madeira, contato com vegetais em decomposição e arranhões ou mordida de animais doentes, sendo o gato o mais comum. Apesar de cachorros poderem ter a doença, eles não a transmitem.

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Em caso de animais com suspeita de infecção, é importante levá-lo imediatamente para avaliação veterinária (Tranmautritam/Pexels)

Quais são os tipos de esporotricose?

De acordo com o Ministério da Saúde, existem quatro tipos de esporotricose:

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Esporotricose cutânea: uma ou múltiplas lesões, localizadas principalmente nas mãos e braços;
Esporotricose linfocutânea: é a forma clínica mais frequente; são formados pequenos nódulos, localizados na camada da pele mais profunda, seguindo o trajeto do sistema linfático da região corporal afetada. A localização preferencial é nos membros;
Esporotricose extracutânea: quando a doença se espalha para outros locais do corpo, como ossos, mucosas, entre outros, sem comprometimento da pele;
Esporotricose disseminada: acontece quando a doença se dissemina para outros locais do organismo, com comprometimento de vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos, fígado).

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Quais são os sintomas?

“O desenvolvimento da lesão inicial é parecida com uma picada de inseto e pode evoluir para uma cura espontânea”, comenta o médico infectologista Marcelo Neubauer. Em casos mais graves, o fungo pode afetar pulmões, causando tosse, falta de ar e febre e até afetar ossos e articulações, causando dor nos movimentos e se assemelhando à artrite infecciosa.

Esporotricose tem cura?

Sim e o tratamento pode ser feito pelo SUS. A variação do tratamento pode variar de três meses até um ano e é realizado com a ajuda de antifúngicos. “Ele deve ser iniciado após avaliação clínica e é feito de forma oral. Casos graves da doença podem levar à internação e precisam de administração de medicamentos endovenosos”, comenta o infectologista Ralcyon Teixeira, diretor da divisão médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Como prevenir a contaminação?

Evitar traumas e lesões em áreas que se saiba que tem a ocorrência do fungo é essencial, por isso, o uso de botas, luvas, calças e blusas de manga comprida quando for lidar com palha, galhos e vegetais em decomposição é importante.

Em caso de animais com suspeita de infecção, é importante levar o bichinho imediatamente para avaliação veterinária. Se confirmado o diagnóstico, o animal precisa ser isolado do convívio humano, principalmente com crianças, para tratamento e todo o ambiente de convívio e brinquedos devem ser higienizados.

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Pais com gatos em casa devem redobrar a atenção. (Leticia Curvelo/Pexels)

Pais em alerta

Pais com gatos em casa devem redobrar a atenção, já que crianças são mais propensas a beijar e abraçar os bichinhos, podendo se contaminar mais facilmente. As lesões ocorrem com mais frequência em orelhas, focinho e patas, mas também podem existir áreas com alopécia, onde regiões ficam sem pelos e com feridas.

A doença em animais também tem cura

Os gatos sofrem tanto quanto os humanos e não tem culpa por estarem infectados. A esporotricose em animais pode e deve ser tratada e também tem cura. Ele não deve ser abandonado ou sacrificado por estar doente. Em casos que o tratamento não deu certo, o bichano deverá ser cremado em uma clínica veterinária o mais rápido possível.

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