Duas mulheres conquistam pela primeira vez maior prêmio de arquitetura
Dupla irlandesa foi considerada pela premiação como um farol feminino em um campo ainda dominado por homens
Pela primeira vez em 41 anos de existência, o prêmio Pritzker, maior honraria do universo da arquitetura, laureou duas mulheres conjuntamente. A dupla irlandesa Yvonne Farrell e Shelley McNamara foi anunciada vencedora nesta terça-feira (3), recebendo uma medalha de bronze e um prêmio em dinheiro no valor de 100 mil dólares. Esta é apenas a quarta nomeação feminina na história da premiação – considerada o Nobel do setor – que já havia laureado outras três arquitetas antes.
Trabalhando em uma parceria que vem desde os tempos da faculdade, Farrell e McNamara são responsáveis pela fundação do Grafton Architects, escritório localizado em Dublin, e comandaram, em 2018, a curadoria da Bienal de Veneza, maior evento de arquitetura do mundo. Elas também dedicam-se a dar aulas, já tendo lecionado no University College of Dublin (onde se formaram) e também em Harvard e Yale.
Com um estilo que busca conciliar força e delicadeza, as arquitetas valorizam os contextos dos locais onde inserem suas obras e a experiência humana. Tudo isso sem deixar de respeitar os fenômenos naturais, uma vez que têm a Terra como cliente, como declararam ao The New York Times. “Existem tantas construções que você visita e realmente admira, mas em que falta algo”, disse McNamara. “Arquitetura não se trata apenas de design, sofisticação e realização, mas também como faz você se sentir enquanto um estranho.”
Em carta, a organização do Prêmio apontou a capacidade da dupla de fazer com que “seus edifícios respondam a um cenário e uma cidade da maneira mais apropriada, enquanto continuam atuais e modernas. Esse profundo entendimento do “espírito do lugar” significa que seus trabalhos melhoram a comunidade local.” A publicação também destacou a capacidade de Farrell e McNarma de “reconhecer a arte da arquitetura e o serviço consistente à humanidade”, considerando-as pioneiras e faróis para outras mulheres em um campo que ainda é dominado por homens.