Documentos contam detalhes das orgias na ilha de Jeffrey Epstein
A quebra de sigilo dos depoimentos, feitos em 2015, dão detalhes dos abusos contra menores feitos por Ghislaine Maxwell e Epstein
A Justiça americana determinou a quebra de sigilo dos depoimentos de sobreviventes de Ghislaine Maxwell e Jeffrey Epstein e aceitou que sejam incluídos no processo contra a empresária, que está presa há um mês depois de ficar quase dois anos sem ser localizada pela polícia.
Nos documentos, há a descrição das orgias e abusos sexuais, ambos envolvendo Ghislaine, Epstein e menores de idade. Várias revelações contradizem o argumento da acusada, que insiste dizer não ter participado, não ter conhecimento e de ter estado afastada de Epstein há “décadas” antes de sua morte, em agosto de 2019. Troca de e-mails entre os ex-namorados ainda em 2015 desfazem do argumento de defesa. “Você não fez nada de errado”, Epstein escreveu, “Levante a cabeça e continue indo às festas”, escreveu em reposta ao e-mail de Ghislaine quando ela pede para que ele diga que os dois não tinham nenhum relacionamento. Nos documentos o pedófilo realmente argumentou que ele e Ghislaine eram apenas amigos e que ela estaria em um longo e firme relacionamento com outra pessoa, não identificada no processo. Ghislaine diz que é casada, mas não revela o nome do marido.
Nos depoimentos divulgados essa semana, há detalhes das relações sexuais de Ghislaine com várias menores, tanto nas orgias quanto em ambientes privados. Em determinada parte das gravações, a sobrevivente descreve como foi obrigada a fazer sexo oral em Ghislaine durante uma festa, a pedido de Epstein. Ela descreve partes íntimas do corpo da empresária como prova de que tiveram relações, como formato dos seios de Ghislaine e outros detalhes. A pedido dos advogados, ela também descreve as relações sexuais que teve com Epstein, na presença de Ghislaine. Segundo ela, os dois voavam menores vindas da Europa para “servir” aos convidados, além deles próprios. “Eram tantas meninas que não lembro nome de todas, são quase como um borrão”, diz no depoimento.
A mesma sobrevivente cita nomes de vários políticos e pessoas influentes que frequentavam a ilha de Epstein, que participaram dos abusos e que tinham noção do que acontecia com as menores. Entre as novas revelações, ela diz que Epstein e Ghislaine agiam sempre juntos e que pediam os detalhes das relações sexuais com os convidados, para ter material para usar contra eles. Epstein filmava todos os ambientes da ilha.e um dos rumores é que Ghislaine tem posse da cópia dessas imagens.
A outra informação que agora dá mais detalhes é de como Ghislaine assediava as menores para a rede de exploração que liderava com Epstein. O pedófilo gostava de meninas novas, tinham que ser brancas – ele não queria negras – e as “’não brancas’, tinham que ser ‘exóticas’”. A sobrevivente diz também que elas tinham que ser “divertidas”.
Há mais documentos ainda para serem revelados, eles fazem parte do processo judicial de 2015, que possibilitou a prisão de Jeffrey Epstein, em 2019. Na época, Ghislaine Maxwell, que teria cometido perjúrio ao negar envolvimento e as acusações, foi excluída da condenação e estava livre até julho desse ano, quando foi presa em seu esconderijo numa mansão isolada em uma pequena cidade dos Estados Unidos.
A defesa da empresária ainda não apresentou a versão dela, mas a derrota de impedir a inclusão dos depoimentos como válidos é importante para a conclusão do caso. Há mais documentos a serem incluídos e revelados na próxima semana.
Ghislaine segue presa e acompanhada de perto, em Nova York. A Justiça não quer o mesmo destino de Jeffrey Epstein, que se matou enquanto aguardava julgamento, em 10 de agosto de 2019.