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“Acredito que posso levar esperança e otimismo para o mundo”, diz diretora do Greenpeace

A neozelandesa Bunny McDiarmid dedicou a vida ao ativismo. Hoje, o Rio Tapajós está em sua mira

Por Letícia Paiva
Atualizado em 15 abr 2024, 08h52 - Publicado em 3 out 2016, 14h07
Júlia Rodrigues
Júlia Rodrigues (/)
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Foi a bordo do lendário barco Rainbow Warrior, que já percorreu o mundo todo com seu arco-íris no casco, que a neozelandesa Ann McDiarmid, conhecida como Bunny, viveu seus momentos mais desafiadores no Greenpeace. Era 1984 quando ela zarpou como voluntária para transferir moradores da pequena Ilha de Rongelap, no Oceano Pacífico, para longe dos efeitos da radiação de testes nucleares americanos na região. Bunny mal conhecia a ONG, mas ficou encantada com a iniciativa. Enquanto acompanhava milhares de pessoas deixando suas casas e a terra que ocupavam havia muitas gerações, percebeu a enorme responsabilidade que assumira. “Elas estavam confiando em alguém que nunca tinham visto”, lembra.

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Desde então, não abandonou mais as questões ambientais e transformou o interesse em trabalho. Há cinco meses, as missões em campo se tornaram mais raras, pois Bunny passou a ocupar o cargo de diretora executiva do grupo, no qual escolhe quais lutas serão assumidas pelo Greenpeace em cada região do globo. “Estou há tanto tempo nessa área porque acredito que posso levar esperança e otimismo para o mundo”, diz a ativista, que esteve no Brasil em junho para promover uma campanha para impedir a construção de hidrelétricas na bacia do Tapajós, no Pará – elas ameaçam inundar parte do território ocupado pelo povo indígena munduruku.

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Bunny se diz confiante no sucesso da empreitada. Afinal, já enfrentou outros oponentes fortes antes, brasileiros inclusive: em 2011, combateu a instalação da Petrobras na Bacia de Raukumara, na costa da Nova Zelândia. Durante seis semanas, com mais de 600 ativistas divididos em 20 barcos, ela participou de protestos para expulsar a empresa da região por receio de que o oceano fosse contaminado durante as escavações dos poços de petróleo e gás natural. Depois de um ano, a petrolífera desistiu de explorar a área, alegando não ter identificado reservas suficientes. “Nós a mandamos para casa”, comemora.

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A ativista aprendeu – muito cedo, aliás – que as vitórias nem sempre vêm fácil. Um ano após a missão de estreia de Bunny, o Rainbow Warrior, primeira embarcação do Greenpeace, foi destruído na Nova Zelândia por bombas colocadas por mergulhadores da agência de inteligência francesa. O fotógrafo português Fernando Pereira morreu e só não houve feridos porque era muito tarde e os funcionários estavam descansando em outro local. Uma visita à família salvou Bunny naquele dia. Ela não se intimidou: “Sei que temos que ser persistentes para conseguir as transformações que desejamos”. Na época, a luta era pelo fim dos testes nucleares realizados pela França na Polinésia Francesa – cessados só em 1996. O segredo da neozelandesa para não perder o ânimo é a paixão. “Assuma causas que são realmente importantes para você, junte um grupo de pessoas que compartilhe da sua crença, crie um plano e coloque-o em prática”, ensina. “É essa ideia, do coletivo poderoso, que me move desde o princípio”, diz.

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