O governo da Finlândia oferece às famílias de recém-nascidos, desde 1938, uma caixa de papelão com itens infantis. Com o intuito de promover mais saúde e igualdade para a mãe e o bebê, a iniciativa já foi adotada por diversos países, como Reino Unido e Chile.
Podendo ser usada como uma alternativa para os berços (em 2107, 37% dos pais usavam a caixa como caminha), o compartimento já foi enviado pelo governo ao próprio presidente do país, que será pai. Segundo a BBC, a caixa, chamada de Maternity package, tem diversos objetivos, influenciando várias áreas da vida dos finlandeses.
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Foi a partir dos dados nacionais da década de 1930 que o projeto foi desenvolvido. O governo considerou que, na época, 80% da população morava em vilarejos pobres e agrários.
O valor dos itens dentro da caixa eram de aproximadamente 450 marcos finlandeses (cerca de R$ 10 reais). A quantia era equivalente a um terço do salário mensal dos trabalhadores industriais da época.
Com o passar do tempo, houve um maior investimento, mantendo o valor estável. “Aumentamos o valor da caixa duas vezes recentemente, em 2001 e em 2017. O último aumento foi de 30 euros, o que é cerca de 20%”, disse Karoliina Koskenvuo, diretora de pesquisa da Kela, distribuidora das caixas, à BBC.
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O projeto ainda refletia na saúde da mãe e dos bebês. Os partos, por exemplo, aconteciam nas casas das famílias, onde as condições de higiene não eram adequadas. Pensando nisso, as primeiras caixas incluíam uma folha de papel limpa para a ocasião.
O recebimento da caixa também estava atrelado ao compromisso e necessidade de visitar um médico, parteira ou clínica de pré-natal, para um check-up. Isso enaltecia a importância do acompanhamento de um profissional.
Além da saúde, outra preocupação do governo era o crescimento populacional. “Bebês saudáveis aumentariam o número de contribuintes saudáveis. Nos anos 1930, o governo temia que uma nova geração de finlandeses fosse requisitada pelo Exército para lutar contra as ameaças da Alemanha de Hitler e da União Soviética de Stalin”, explicou Sanna Särkelä, etnóloga finlandesa, à BBC.
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A caixa também é questão de responsabilidade social e igualdade de gêneros. Todas recebem os mesmos itens, roupas iguais e neutras, sem diferenciar sexos. Isso deixa todas as crianças e famílias iguais.
“É uma espécie de símbolo da sociedade igualitária finlandesa. Todo mundo tem a mesma caixa, seja rico ou pobre. A caixa tem tudo o que o bebê precisa. Ela dá um bom começo de vida especialmente para famílias pobres”, ressaltou Heini Särkkä, uma mãe, à BBC.
Ainda que não seja mais pobre como já foi, a Finlândia segue com o compromisso de distribuir a caixa para todas as famílias de recém-nascidos no país. Todo ano, são investidos de 9 a 11 milhões de euros (entre 38 e 46 milhões de reais), para que o programa tenha continuidade.
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Resultados até aqui
Aliada a investimentos na saúde, unidades médicas e programas de imunização, realização de partos em hospitais e melhora no padrão de vida, a caixa ajudou a diminuir a taxa de mortalidade do país.
Em 2017, a Finlândia tinha 3,9 mortes infantis a cada mil bebês nascidos vivos e natimortos. O número é dez vezes menor do que na década de 1930. A mortalidade das mães também caiu: em 1960 eram 71,8 a cada cem mil partos, enquanto em 2016 o número caiu para 5,7.
Segundo pesquisadores finlandeses, cerca de 60 país têm algum tipo de iniciativa baseada no projeto finlandês. A maioria começou nos últimos três anos, com exceção do Chile, que adotou a ideia há quase uma década.
Em 2018, segundo o site oficial da Kela, a caixa continha 64 itens. Entre eles estavam sapatinhos, um cobertor, colher, chupeta, produtos de cuidados pessoais, babador, meias e um livrinho.
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