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Tendência Y2k: o que é e como ela pode ser prejudicial para você

Estética pode acender alerta para transtornos alimentares e baixa autoestima

Por Nathalie Páiva
16 ago 2022, 08h11
Cintura baixa
Y2k traz de volta as tendências mais preocupantes dos anos 2000.  (|Foto: Mars Bars/Getty Images)
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Uma coisa é fato, precisamos sempre estar atentas ao que estamos consumindo e como isso nos impacta tanto fisicamente como emocionalmente. A tendência Y2K (Year 2000, ou anos 2000 em português) exalta a volta de toda a moda que faz referência ao período, inclusive as calças de cintura baixa, que muitas mulheres relatam que modificaram a sua cintura. Algumas das estrelas mais conhecidas por usar a peça na época são Britney Spears, Beyoncé, Avril Lavigne e Christina Aguilera. 

Passados 22 anos, após o auge da trend, marcas influentes como Fendi, Versace e Balmain incluíram a calça de cintura baixa em seus catálogos de moda. O problema principal é que ela pode trazer o alerta para transtornos alimentares e baixa autoestima, coisa que também esteve bem presente nos anos 2000

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O problema da Y2k

“Ver influenciadores digitais incentivando a volta dessa peça é observar todo o trabalho que lutamos por anos para uma moda mais inclusiva, sem rótulos e democrática, indo para o ralo. Houve um grande trabalho para que as pessoas se vissem mais nas peças e tendências que usam. Abraçar a estética da cintura baixa que dá espaço apenas para o corpo magro, do que é e não é belo, é dar vários passos para trás”, opina a consultora de imagem e estilo, Janaína Souza. 

Para a especialista isso também levanta outra questão: “Será que toda a tendência que eu vejo é realmente para mim? Às vezes ficamos maravilhadas com o que vemos na grande mídia sobre tendências, e esquecemos de nos questionar se aquela tendência tem realmente algum caráter inclusivo até para nós mesmas. A moda e o trabalho que eu exerço têm o papel de valorizar corpos independente de como sejam, não me prendo a tendência e sim ao que faz sentido para o corpo da pessoa que estou atendendo”, diz.” A Y2K não incluí corpos gordos, plus sizes, com curvas, e é o exemplo de estética que não deveria estar em alta”, expressa. 

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Outro alerta enfatizado por Janaína é o consumismo que as tendências podem gerar. “Será que eu preciso ter aquela peça que todo mundo tá usando realmente agora? Essa também é uma pergunta que devemos nos fazer na hora de pensar em entrar na ‘moda do momento’ e no final das contas acabar com peças que você nem vai conseguir aproveitar em outra fase da sua vida, gerando um consumismo desnecessário para si e para o meio-ambiente”, observa. 

A Y2k pode fortalecer transtornos e baixa autoestima?

Malu de Falco, psiquiatra especializada em transtornos alimentares, pontua traços históricos dos anos 2000 que, somados à tendência, podem trazer heranças ruins.  “Existem características que trazem  a tona esse padrão de beleza dessa época, como nos filmes que trazem nitidamente casos de gordofobia, na música onde padrão extremamente magro era o almejado, nas revistas onde víamos estrelas como Kate Moss também seguindo essa ‘tendência’ de magreza extrema. Fora as grandes artistas que, mesmo estando magras na época, relataram perda de trabalhos por ter um corpo considerado ainda fora da métrica pelas contratantes”, lembra. “Ainda vale ressaltar que quando surgiram as modelos plus size, mulheres que tinham corpos magros e modelavam se viam nessa categoria. É uma batalha que começa culturalmente”, afirma a profissional. 

As varejistas de moda precisam dar variedade de peças para atender também quem não se sente incluído nessa tendência, de acordo com Malu. “As lojas que comercializam calças de cintura baixa precisam dar outras saídas para quem não se vê usando esse produto, para não causar um buraco de mercado e obrigar quem tem um corpo fora do padrão da peça a duas coisas: a  não comprar um produto e gerar perda de mercado ou obrigar a cliente a caber nesse produto que claramente não foi formulado para ela”, destaca. 

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Todas essas situações citadas acima chegam a distúrbios alimentares e a perda de autoestima, de acordo com a psiquiatra. “Toda essa pressão pode levar a anos em uma luta contra o peso, enfrentando uma doença como transtorno alimentar, baixa autoestima por não se ver no que ‘todo mundo está vestindo’”, alerta. ”No passado, mulheres com um maior poder aquisitivo fizeram procedimentos estéticos para corrigir a dupla cintura causada pela calça de cintura baixa, há vários danos emocionais e físicos que a febre dessa peça causou”, explica Malu. 

Se reconstruir pode ser a saída para fugir dos gatilhos dessa tendência. ”Se é algo bem forte na sua personalidade você terá que se lembrar diariamente que: sua história é essa, você chegou até onde está com esse corpo que, além de ser importante para chegar até aqui, está passando com você por essa reconstrução. E aos poucos, passando por essa jornada de se amar e aceitar como é, procurar um psicólogo e um consultor de moda são saídas para você conseguir cuidar da sua mente e ir equilibrando esses dois mundos”, ressalta.

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