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Serena Williams está certíssima e foi vítima, sim, de sexismo no US Open

Entenda por que as reclamações da maior tenista de todos os tempos fazem sentido.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 16 jan 2020, 09h20 - Publicado em 9 set 2018, 17h46
NEW YORK, NY - SEPTEMBER 08: Serena Williams of the United States reacts after her defeat in the Women's Singles finals match to Naomi Osaka of Japan on Day Thirteen of the 2018 US Open at the USTA Billie Jean King National Tennis Center on September 8, 2018 in the Flushing neighborhood of the Queens borough of New York City. (Photo by Elsa/Getty Images) (Jaime Lawson/Getty Images)
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“Qualquer esporte que pressiona as atletas mulheres a usar vestidos é um esporte que não leva elas tão a sério quanto leva os homens”, dizia um tuíte que viralizou logo após a polêmica derrota de Serena Williams no US Open, ontem (08), nos Estados Unidos.

Na partida, que rendeu uma vitória histórica para Naomi Osaka, de 20 anos, a primeira japonesa-haitiana a conquistar um troféu de simples em um dos quatro torneios mais importantes do planeta, Williams discutiu com o árbitro de cadeira português Carlos Ramos e sofreu três punições.

Leia Mais: Traje de Serena Williams inspirado em Pantera Negra é vetado em Roland Garros

A primeira delas aconteceu após ele acusá-la de “coaching”, que é quando tenista e técnico se comunicam durante o jogo. “Eu não trapaceio para vencer, só para você saber, eu prefiro perder a ter que fazer isso”, respondeu ela para o árbitro.

Um tempo depois, Serena atirou a raquete no chão quando errou um golpe de fundo. Nova punição do árbitro, seguida de mais uma reclamação da tenista com ele: “Quando você vai me pedir desculpa? Você me deve um pedido de desculpa. Diga, diga que você sente muito… Você roubou um ponto meu. Você é um ladrão, também”. Por causa disso, Ramos aplicou mais uma penalidade, desta vez por abuso verbal. “Porque eu sou mulher você vai fazer isso comigo. Isso não está certo. Todo ano que eu jogo é a mesma coisa, não é justo”, afirmou ela chorando. Fim de jogo e vitória de Osaka. Pelas infrações, Serena foi multada em cerca de 70 mil reais.

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Serena Williams no US Open
Serena Williams discute com o árbitro de cadeira Carlos Ramos no US Open (Jaime Lawson/Getty Images)

Após o jogo, na coletiva de imprensa, Serena apontou o sexismo como o principal motivo das decisões do árbitro.

“Eu não posso sentar aqui e dizer que ele não é um ladrão, eu acho que, sim, ele tirou um game de mim. Pois eu já vi outros homens discutirem com árbitros de cadeira… E eu estou aqui para lutar pelos direitos das mulheres e pela igualdade em todas as áreas. Para mim, ter me punido por eu dizer ‘ladrão’ foi algo sexista. Ele nunca puniu um homem por ter feito o mesmo e isso me deixa incrédula. Mas eu vou continuar lutando pelas mulheres e para que a gente seja tratada da mesma forma.

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… Isso é revoltante… O fato de eu ter que passar por isso é um exemplo para outras pessoas que têm emoções e se expressam e querem ser mulheres fortes. E elas vão poder fazer isso por causa de hoje. Talvez, não tenha funcionado para mim, mas vai funcionar para a próxima”.

Não é que o árbitro não estivesse certo, inclusive, de acordo com a maior parte da imprensa especializada, ele estava. O problema é como existem dois pesos e duas medidas: as regras são claras e apesar de, muitas vezes estúpidas, é preciso respeitá-las. Serena, no entanto, não está questionando elas, está chamando a atenção de por que diabos homens conseguem se livrar disso facilmente e mulheres não? De como para eles as regras são aplicadas de forma mais branda – SE aplicadas. Ela está questionando esse sistema que continua a proteger os homens e a culpar e silenciar as mulheres. Sim, isso parece demais com a vida real, mas é o tênis mesmo…

Fashion Police

Serena Williams no US Open
Serena Williams: tutu e uma raquetada por vez no sexismo. (Jaime Lawson/Getty Images)
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No mesmo US Open, a tenista francesa Alizé Cornet foi penalizada por tirar a camiseta que ESTAVA DO AVESSO por alguns segundos, a justificativa foi “conduta inapropriada”. Enquanto isso, no mesmo torneio, Novak Djokovic sentou POR MINUTOS sem camisa e sem consequências. A organização do torneio pediu desculpas um tempo depois à esportista, mas só por esse episódio já dá para ter uma ideia de que, sim, é um esporte sexista para caramba.

A própria Serena recentemente foi vítima desse “fashion police do mal”. Depois de um pós-parto complicado, a tenista voltou às quadras de Roland Garros usando um macacão justo que ajudava na circulação. Uma criação do estilista Virgil Abloh para a Nike, a roupa foi inspirada no filme “Pantera Negra” e causou revolta entre os ~puristas~ do esporte. Bernard Giudicelli, presidente da Federação de Tênis da França, afirmou que a roupa não será permitida na próxima edição do torneio e que o campeonato adotará um código de vestimenta. “Nós devemos respeitar o jogo e o local”, afirmou. Como resposta, Serena pareceu para jogar no US Open usando um tutu de bailarina. Genial!

Se esse esporte policia o corpo das mulheres dessa forma, se ele obriga elas a usarem um certo tipo de roupa, a performar um ideal antigo de feminilidade, por que não acreditar que existe, sim, sexismo? Que mulheres são tratadas de forma muito mais severa do que homens? E que quando “ousam” falar abertamente o que acreditam são punidas?

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Resposta 1: Serena está certa.

Resposta 2: Elas são.

Resposta 3: Elas são punidas, mas, surpresa, não vão ficar mais caladas – mesmo que para isso ainda precisem usar vestidos e tutus idiotas por um tempo.

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