Suas coleções se tornaram bastante luxuosas nas últimas temporadas. O que está por trás disso?
Todos passaram a falar bastante sobre os “vestidos Valli” e eu não me sinto confortável ao ver meu trabalho de certa maneira rotulado. Claro, os vestidos são as peças mais fortes que fiz até agora. Mas adoro a ideia de túnicas usadas com calças, por exemplo. Parece-me mais versátil do que um vestido. É importante lembrar que sou nascido em Roma, então, sempre haverá um quê barroco, meio Caravaggio, nos meus traços. Também carrego muito de Paris, e isso mostra um lado meu introspectivo, de “menos é mais”. O meu novo olhar tem a ver com a mistura desses dois mundos.
Você desfila suas coleções de prêt-à- -porter, alta-costura e Moncler Gamme Rouge, em Paris, e a nova linha, Giamba, em Milão. Como um estilista, você se considera mais francês ou mais italiano?
Eu não conheço muito a França. Nunca saio de Paris. E Milão pode ser uma cidade complicada e difícil. Vou falar algo que pode soar um pouco maldoso: as pessoas lá não são muito receptivas. Então digo apenas que sou parisiense ou romano.
Valli com as modelos no backstage do desfile de alta-costura.
“Minhas fantasias giram em torno do lado lúdico de uma história de amor”, diz Valli sobre sua coleção inverno 2016 de alta-costura.
Opções de prêt-à-porter para o inverno: vestidos e túnica com calça.
Você veste mulheres bem diferentes, da socialite Lee Radziwill à cantora Rihanna. O que acha que elas têm em comum?
Acho que um estado de espírito. De alguma maneira, são todas líderes e falam o que pensam. Elas são chiques sem fazer esforço para isso e não estão sempre usando tendências. Não é algo que tem a ver com pessoas quebrando algum padrão específico, mas com pessoas que nem sequer sabem que existem regras a serem quebradas.
Vi uma foto de Amal Clooney saindo de um restaurante em Nova York recentemente com você ao fundo.
Era apenas um jantar entre amigos. Quando nos conhecemos, em Milão, ela estava se preparando para o casamento, e tivemos a sensação de já nos conhecermos há muito tempo. Sempre que faço o esboço de uma criação, penso em uma mulher real. Penso em pessoas que poderiam usar as roupas, como a própria Amal e a Bianca Brandolini, e, às vezes, começo a desenhar e passo a imaginá-las todas juntas, conversando umas com as outras.
Amal Clooney e o designer, ao fundo, em Nova York.
Couture – SOB medida
Da esquerda para a direita: Alisson Williams, Margot Robbie, Elizabeth Debicki, Keira Knightley, Lupita Nyong’o
Valli dá um toque pessoal às peças feitas para clientes especiais, como Alisson Williams, que o acompanhou no baile de gala do MET de 2015. “Eu estava em seu estúdio, rodeada por peças de alta-costura, e Giambattista desenhava o vestido no meu corpo. Foi encantador”, disse a atriz.
Prêt-à-porter – Sonhos na passarela
O designer cria imaginando personalidades específicas. A atriz Kate Mara diz que seu vestido lembra Mia Farrow. “As flores na gola e nas cavas funcionam bem com o corte pixie de Kate”, diz Valli.
Giamba – Uma nova ideia
Como um sopro de ar fresco (e adornada com muitos babados), a linha mais jovem de Giambattista Valli, chamada Giamba, debutou em 2014 e caiu nas graças da nova geração de atrizes de Hollywood.
“Gostei de cara de cada peça da nova linha”, diz a atriz Kiernan Shipka. “As produções são diferentes entre si, divertidas, atraentes e excitantes.”