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Islanna, marca brasileira cria projeto para enaltecer criadores negros

O Movimento Vozes Negras tem o objetivo de levar ao mercado novos artistas da moda e doará 50% do valor arrecadado para duas Ongs brasileiras

Por Esmeralda Santos (colaboradora)
Atualizado em 15 ago 2020, 14h26 - Publicado em 14 ago 2020, 19h00
 (foto: Gleeson Paulino/Divulgação)
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Ver uma mulher negra nas telas da televisão ou nas capas de revista é algo significativo para muitas mulheres que nunca haviam visto seus rostos estampados na mídia. Logo, chegar em uma posição de destaque já não é uma conquista individual, mas coletiva.

Entretanto, estar nos outdoors nem sempre fala sobre a tal da representatividade. “No Brasil ainda vemos a mulher empreendedora com muito preconceito, ainda mais se for negra”, afirma a empresária Islana Rosa. Apesar das dificuldades encontradas no caminho e principalmente os impasses que o racismo estrutural impõe, ela conseguiu criar e consolidar em Londres sua própria grife que leva seu nome, Islanna.

Sua trajetória sempre foi baseada na valorização e empoderamento da população negra. “A ideia da Islanna foi construída com esse pilar em mente: fortalecer as conexões entre a mulher negra e a sociedade”, explica ela.

Empreender sempre esteve em seus planos, mas do nascimento até a materialização da marca que leva seu nome houve, um tempo de espera, paciência e planejamento. Com os dois filhos já grandes, Islana se dedicou a pesquisar sobre o mundo da moda e como fazer uma marca que pudesse traduzir sua visão de mundo. “Não queria criar mais uma marca de roupa, sem proposito. O mercado está saturado e não faria sentido trazer mais uma marca sem uma filosofia”, argumenta a empresária.

Quando a marca começou a ganhar forma, e o processo de conhecer a necessidade de um mercado mais consciente e o materiais alternativos levou um ano, até que sua primeira coleção fosse lançada durante a semana de moda em Paris e São Paulo no ano passado. “Apresentamos a Islanna para o mercado brasileiro em novembro de 2019. Nosso plano é que possamos começar a operar no Brasil já a partir de Outubro deste ano com uma produção nacional”, elucida.

Movimento Vozes Negras

Com a força que o movimento Black Lives Matter ganhou nos últimos tempos e a intensa discussão sobre o racismo na moda, Islana decide colocar seus ideais em um projeto. O Movimento Vozes Negras nasce da necessidade de fortalecer e oportunizar artistas mulheres através da moda.

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O projeto é um chamamento para todas as mulheres negras criativas que desejam transformar o universo assim como ela. Uma coleção cápsula será criada a partir das ideias de estampas para camisetas. As artistas e criadoras poderão então enviar suas idéias – o publico escolherá as estampas através de uma votação, e as escolhidas serão transformadas em 12 camisetas, com o lançamento previsto para outubro.

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(foto: Gleeson Paulino/Reprodução)

“Criar o Movimento Vozes Negras neste momento da marca e alinhado com discussões geradas a partir do Black Lives Matter é realmente um sonho”, conta Islana. Os envios podem ser feitos até o dia 20 de agosto, data que encerrá o recebimento das estampas.

Pensando em organizações que viabilizam o trabalho das mulheres negras brasileiras, além de fortalecer criadoras e artistas o projeto ter por objetivo doar 50% do lucro para duas instituições: o Instituto Geledés, organização que se posiciona em defesa da população negra, e a Ong Criola, que defende e promove os direitos das mulheres negras. “Meu objetivo a longo prazo é que o Vozes Negras ganhe corpo e se transforme numa Fundação focada no empoderamento da mulher negra”, elucida Islana.

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Plantando sementes para o futuro

Islana une dois pilares fundamentais que visam o futuro: a pauta racial com a sustentabilidade. O desejo da empreendedora é que o projeto tenha repercussão nas próximas gerações – com uma moda mais inclusiva e com maior participação das mulheres negras deste tempo e também do futuro. “É algo que faço pensando nos meus filhos, netos, nas próximas gerações, para que eles colham os frutos desse trabalho que grandes líderes iniciaram já ha algum tempo e que grandes nomes vem conduzindo com maestria no nosso país. Meu olhar é de esperança, busco a justiça social, a igualdade e a representatividade das vozes negras na sociedade.

Através de sua marca, Islanna deseja inspirar outras mulheres a empreender e buscar os seus maiores sonhos. “Nossa sociedade dá muito pouco espaço para a mulher empreendedora, e muito menos espaço para a mulher empreendedora negra, minha missão é passar a mensagem de que é, sim, possível. Não é uma jornada fácil, mas quero utilizar da Islanna e dos meus outros negócios para mudar esse cenário”, conta.

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(foto: Gleeson Paulino/Reprodução)

Ser uma mulher negra em um espaço majoritariamente branco, de acordo com Islana é desafiador, em especial no Brasil onde os estigmas associados a mulheres negras é algo intenso. “Hoje, depois de todos esses anos empreendendo e aprendendo a lidar com esse trabalho extra que vem associado a cor da pele, me sinto muito mais preparada e forte para assumir esta posição de protagonismo e liderar junto com outros grandes nomes da moda nacional esse movimento de re-apropriação da cultura e da posição negra na moda”, elucida Islana.

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Atualmente, grandes marcas de homens e mulheres negras se consolidam no mercado da moda, sendo essencial para o espaço para outros empreendedores possam também adentrar nesse universo e realizar seus sonhos. “Eu fico muito feliz quando vejo marcas como a Lab Fantasma, Isaac Silva, entre muitas outras, assumindo uma posição de vanguarda, de protagonismo, criando moda. É isso que quero. Colocar a mulher negra de volta ao pedestal, na posição de liderança, de força”, manifesta.

*As propostas de estampas para as camisetas devem ser enviadas para vozesnegras@islanna.co, até dia 20 de agosto. A seleção será realizada através de votação publica no site do movimento www.vozesnegras.org.

Podcast Senta lá, CLAUDIA: Todas as mulheres podem (e devem) assumir uma postura antirracista

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