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Alta-costura verão 2023: os destaques do primeiro dia

Semana de moda começou agitada, entre cabeças de animais na Schiaparelli e a delicadeza dos anos 1920 na Dior

Por Paula Jacob
24 jan 2023, 11h50
Alta-costura verão 2023: os destaques do primeiro dia
Modelos do desfile da Dior, que homenageou a cantora e dançarina Josephine Baker. Na cenografia, colagens da artista Mickalene Thomas com rostos de Nina Simone, Eartha Kitt e Naomi Sims. (Laura Sciacovelli/Dior/Divulgação)
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A semana de moda de alta-costura começou agitada em Paris, na manhã da segunda-feira (23). Não só porque é uma época aguardada por editores de moda, fashionistas e artistas de todo o mundo, mas também por conta da polêmica envolvendo a Schiaparelli. De repente, os olhos todos estavam atentos para os vídeos e fotos que surgiam nas redes sociais. Porém, nem só de cabeças de leão e full look de cristais se fez o primeiro dia da alta-costura verão 2023. Aqui, os destaques:

É de verdade?

Alta-costura verão 2023: os destaques do primeiro dia
Kylie Jenner na porta do desfile da Schiaparelli, usando a peça que causou polêmica nas redes. (Edward Berthelot/Getty Images)

Talvez isso tenha passado pela sua cabeça na hora que Kylie Jenner apareceu com um vestido preto básico, não seria a cabeça de “leão” hiperrealista acoplada ao seu ombro. A peça usada pela empresária era um dos “itens artísticos” que cruzou a passarela, no corpo da modelo Irina Shayk – além dele, um “lobo”, com Naomi Campbell, e um “leopardo”, em Shalom Harlow, também apareceram. Os animais estão colocados entre aspas porque não são de verdade: eles foram feitos a partir de resina, pele falsa e espuma. E sua presença foi justificada pelo diretor criativo, Daniel Roseberry, por meio da inspiração no Inferno de Dante e na Divina Comédia – na história, os três animais guardam a porta do inferno.

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Claro que a onda de comentários e questionamentos tomou conta das redes sociais e dividiu opiniões, os que defendem a possibilidade da arte acima de tudo versus os que acharam a escolha de mal gosto, por incitar a violência contra os animais. Até porque a imagem de uma cabeça de um animal selvagem nos remete imediatamente à caça e ao valor de um luxo ultrapassado, pautado no extermínio de outras espécies. Tudo isso, incluindo Doja Cat vestida de 30 mil cristais vermelhos na primeira fila, ofuscou o restante da coleção, que tinha seus méritos esculturais pautados no surrealismo – vertente artística de exímio interesse de Elsa Schiaparelli que, inclusive, colaborou com Salvador Dalí na época.

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E assim como no surrealismo, Daniel brinca com as nossas noções do inconsciente colocando uma vestimenta tradicionalmente masculina em um shape extremamente feminino, a partir de silhuetas hiper ajustadas à cintura e maxi ombreiras em casacos e ternos. As peças douradas, que fizeram bastante sucesso nas últimas apresentações, voltam em looks pontuais, apenas para marcar uma estética-sucesso da Schiaparelli.

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Detalhes que valem a sua atenção. (Schiaparelli/Divulgação)

Imersas

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Assim estavam as modelos da apresentação digital de Iris van Herpen, que sempre fugiu o buzz tradicional e buscou na ciência uma outra forma de desenvolver suas peças e conceitos. Para o verão 2023 de sua alta-costura, a estilista convidou a coreógrafa Julie Gautier para coordenar os movimentos fluídos das mulheres que nadam dentro da Y-40, a mais profunda piscina de água termal do mundo. Os vestidos esculturais, marca registrada de Iris, ganham outra dimensão embaixo d’água, que parece enaltecer ainda mais as formas orgânico-tecnológicas das peças. Uma bela celebração da liberdade feminina.

De volta aos anos 1920

Alta-costura verão 2023: os destaques do primeiro dia
A referência aos anos 1920 aparece de forma mais clara nos vestidos com franjas, um clássico da era melindrosa. (Dior/Divulgação)

Desde que assumiu a direção criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri tem o costume de revisitar mulheres inspiradoras e homenageá-las em coleções deslumbrantes. Não foi diferente dessa vez. O nome em questão foi Josephine Baker, cantora e dançarina afro-americana que, inclusive, fez uma performance em um desfile da maison em 1951. Nascida em Nova York, a artista se mudou para Paris em 1925, onde conseguiu espaço para se tornar uma das grandes na era do jazz. Além da música, ela também participou ativamente na política: durante a Segunda Guerra Mundial, se juntou à resistência francesa e lutou pelos direitos civis.

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Tal inspiração rendeu uma coleção que revisita os anos 1920 por meio de vestidos com alças bordadas e franjas. Não só: a atmosfera art deco também aparece nas peças melindrosas, com lingeries delicadas encobertas por casacos e capas deslumbrantes. E como há de acontecer dentro de uma casa do tamanho e importância da Dior, um passeio nos arquivos revive a icônica Bar Jacket, de 1947, de forma contemporânea, claro, dando estrutura ao terninho bem acabado – aliás, a sobriedade da alfaiataria foi um dos pontos altos da apresentação. Outra aposta na mesma direção foram os vestidos de gala, que devem conquistar as atrizes logo logo nas premiações e festivais de cinema, pela elegância em saber exatamente até onde ir nos volumes e tecidos.

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Entre os destaques da passarela, a alfaiataria impecável e os vestidos de gala mais simplificados na forma, pensando na mulher contemporânea, mas nem por isso menos extravagantes. (Dior/Divulgação)

Olha a noiva

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Marina Ruy Barbosa no backstage da Giambattista Valle para encerrar o desfile de alta-costura verão 2023 da marca. (Joao Kopv/Divulgação)

É costume algumas marcas trazerem para o encerramento de seus desfiles da alta-costura um vestido de noiva, que traz à máxima toda a sabedoria da arte de fazer uma roupa com os melhores materiais e acabamentos. No último desfile do dia, de Giambattista Valli, quem cruzou a passarela com a peça foi a atriz e empresária brasileira Marina Ruy Barbosa – que honra! Ela foi escolhida pelo estilista por já ter uma relação super próxima com a casa, inclusive por usar modelos em ocasiões especiais, tais quais prêmios de cinema que frequenta ao redor do mundo.

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