Índia: um roteiro por 3 cidades imperdíveis nesse país das multidões
Apesar da multidão inevitável (são mais de um bilhão de pessoas), o país te convida a experimentar da gastronomia à arquitetura
–“Selfie, madam?”. A pergunta é onipresente a qualquer viajante pelas ruas de Délhi, Udaipur e tantas outras cidades da Índia. Os locais, especialmente em pontos turísticos, se encantam ao ver estrangeiros zanzando pela cultura, gastronomia e Deuses indianos, a ponto de sacar seus smartphones com sorrisos e sinais de V com os dedinhos.
Prontamente, aparece uma família alegre para completar as fotografias. O idioma não é um empecilho. Mesmo com mímica a foto sai e, logo, cada grupo se separa, para cedo ou tarde, encontrar mais um pedido de foto pelo caminho.
A curiosidade pelo estrangeiro e por como o mundo os vê fica clara quando um visitante é abordado em algum aeroporto, loja ou restaurante: “Onde você já foi?”, “O que mais gostou?”, “E a comida, muito picante?”. A simpatia e o bate-papo também são especialidades.
A usual insistência de vendedores em países em desenvolvimento, por estas bandas, porém, é bem diferente. Muito mais rara, suave e sempre com um interesse alegre rapidamente transformado em conversa. Até a longa permanência do Império Britânico fica clara: uma dificuldade em agir sem antes confirmar protocolos com a hierarquia direta e a burocracia estatal são alguns destes sintomas que permaneceram.
Udaipur, a queridinha dos viajantes na Índia
Sem dúvida, a mais rica cidade da Índia é também uma das mais modernas. Conhecida como “a cidade dos lagos” e “a Veneza do Oriente”, Udaipur une a tradição indiana de templos e palácios ao lado da melhor prática turística: o comer, o beber e o passear.
A antiga capital do reino de Mewar — fundado por volta de 530 d.C. e governado pelos Rajput que, como nos conta a mitologia Hindu, são os descendentes diretos dos guerreiros da Índia védica —, esbanja terraços com restaurantes, bares e hotéis. O ponto principal, o lago Pichola, artificial e de água doce, criado em 1362, é cercado de construções claras, que também dão para ela mais um apelido: a cidade branca.
O clima meio hippie, meio romântico joga Udaipur no centro da peregrinação turística. É uma das cidades favoritas em qualquer roteiro atual e vemos muitos europeus flanando por entre as ruas cheias de lojas.
O City Palace, um dos mais famosos pontos turísticos da cidade, foi construído por 22 gerações de Marajás durante um extenso período de tempo a partir de 1559. O complexo tem onze pequenos palácios interligados. Erguido em granito e mármore, em uma mistura atemporal de arquitetura medieval, europeia e chinesa, fica bem no cume do Pichola, garantindo as melhores paisagens da cidade. Guarde ao menos três horas para conhecer o palácio e chegue cedo. Essa joia lota ao longo do dia.
Varanasi, a sagrada
O nome do rio vem em masculino, mas uma Deusa reina ali, Ganga. O mais sagrado na cultura hindu é a personificação da esposa de Shiva. A cidade ninguém sabe ao certo quando começou a ser construída. Alguns falam em cinco mil anos, outros em três.
Na mitologia, a história conta que Shiva andou pelas margens do rio e assim nasceu a cidade. Ele é o Deus da transformação, por isso é o lugar sagrado das cremações. A transformação final acontece por lá. Da vida para a morte.
A cidade é, sem dúvida, conhecida por suas cremações. Mas não é exatamente como imaginamos. Não vemos mortos descendo o rio. Existem crematórios, e ali os turistas podem acompanhar o ritual, um pouco distantes e sem fotografias.
Já na cidade, muitas vezes podemos ver um cortejo passando por entre as vielas enquanto tomamos um lassi de manga — bebida tradicional feita de iogurte, água, especiarias e frutas. Não é algo particularmente chocante. Ao contrário. Os indianos têm, em sua grande maioria, uma visão muito diferente da morte: não é o fim, é uma passagem.
O rio é dividido em escadarias, as ghats, onde pulsa a vida no entorno. Banhos, uma hidratação de pele e cabelo com óleo de amêndoas, comércio, encontros, rituais, agradecimentos, pedidos, tudo acontece por ali. Aula de yoga ao amanhecer? Temos também. Aberta ao público. É só trazer o tapetinho e fazer a sua saudação ao sol. Separe ao menos dois dias para essa cidade que vibra fé.
Sua Majestade, o Taj Mahal
A imensidão de sua presença é sentida pelo olhar. O Taj Mahal fica em Agra, cerca de 200 quilômetros de Nova Délhi. Uma estrada estalando de nova nos leva até lá. É, sem dúvida, o caminho mais famoso da Índia.
Dificilmente um turista passará pelo subcontinente e não colocará os pés em um dos mausoléus mais famosos do mundo. Aqui, pode parecer uma surpresa para alguns desavisados, mas não, não temos um palácio e, sim, um mausoléu.
A obra foi feita entre 1632 e 1653. E a história Jorge Ben nos contou. Sha Jahan, um imperador mongol e muçulmano, tinha uma favorita entre suas esposas, Mumtaz Mahal, que significa a joia do palácio — seu nome original era Aryumand Banu Begam, mas, ao se casarem, as mulheres precisavam mudar o nome, como dizia o costume.
Mumtaz faleceu no parto do seu 14° filho. Sha ficou arrasado e, então, decidiu construir o maior mausoléu já visto para homenagear e provar seu amor. Não poupou esforços e recursos. Trouxe milhares de homens para o trabalho, toneladas de mármore e pedras preciosas.
O prédio é flanqueado por duas mesquitas, quatro minaretes e no seu interior são dezenas de citações do Alcorão, livro sagrado islâmico. Além das pedras preciosas incrustadas por todos os lados, a cúpula foi totalmente desenhada com fios de ouro. Claro que, em se falando de uma das sete maravilhas do mundo ainda em pé, o lugar lota. O ideal é chegar bem cedo e aproveitar a tradicional neblina que encobre tudo.
Mas não importa o horário, sem dúvida o Taj Mahal vai conseguir deixar qualquer viajante boquiaberto. Sha Jahan e Mumtaz Mahal se asseguraram que fosse assim, “a mais linda história de amor”.