“Eu não tinha nem 7 anos quando minha mãe ficou viúva. Ela logo começou a namorar de novo. Éramos em quatro filhas e minha mãe estava grávida de um menino. Ela esperou o bebê nascer para se casar com o homem.
Meu irmão era criado pela minha avó paterna, mas todas as meninas ficaram com a minha mãe. A gente acordava à noite com o homem abaixando nossas calças ou passando a mão no nosso corpo. Eu nunca me calei. Perguntava para minhas irmãs se também acontecia com elas. Quando entendemos que era com todas, contamos para nossa mãe.
Só que a minha mãe preferia o homem dela. Teve um episódio em que minha irmã mais nova, de 5 anos, apareceu com a vagina sangrando. Minha irmã mais velha, de 12 anos, a levou ao médico. Ele disse que eram sinais claros de abuso, mas não fez nada. As duas voltaram para casa e minha mãe disse que minha irmã estava ela mesma se machucando com o dedo.
Certa noite, acordei com dor no ânus e rapidamente me sentei na cama. Meu padrasto saiu correndo cobrindo os órgãos sexuais nus. Não sei o que ele estava tentando enfiar em mim, se era o pênis ou o dedo.
Eu e minhas irmãs fomos embora de casa muito cedo por causa dos abusos e da falta de atenção da minha mãe. Mesmo hoje, aos 43 anos, ainda tenho muitos traumas do passado. Meu padrasto morreu em 1996 e minha mãe em 2013. Ela nos pediu perdão e disse que estava cega de amor. Ela teve mais quatro filhas com ele e outro menino.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem