“Fui abusada sexualmente por dois dos meus irmãos. Eu tinha 5 anos e um deles me dava moedas para me molestar. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas ele esfregava seu órgão genital nas minhas pernas e minha calcinha ficava toda suja com o esperma dele. Não contei para minha mãe na época e ele parou sozinho.
Aos 12, meu irmão mais velho abusou de mim. Dessa vez, houve penetração. Eu dormia com a minha mãe até então e ela havia mudado minha cama para um quarto só meu. Fiquei tão feliz! Não sabia que essa seria a pior decisão da minha vida. Ele não esperou nada. A casa estava cheia. Ele tinha chegado de viagem com a esposa. Todos estavam alegres, mas cansados e fomos dormir. Acordei com meu irmão em cima de mim, me estuprando. Não pude fazer nada. Só queria que aquilo acabasse. Falei que precisava ir ao banheiro e ele saiu de cima de mim. Comecei a chorar e chamei minha mãe. Ela escutou tudo e não fez nada, só pediu para eu tomar um banho. No outro dia, colocou minha cama de volta no quarto dela.
Mesmo assim, ele não parou. Eu dormia com muitas roupas e ele entrava no quarto e tirava todas. Ficava tocando meus seios, que estavam começando a crescer. Falei de novo com a minha mãe e ela ainda assim não fez nada. Ameacei ir morar com a minha irmã se aquilo não parasse imediatamente. Ela o colocou contra a parede e ele negou tudo, me chamando de mentirosa.
Com medo, pedi para minha irmã para ficar na casa dela alguns dias. Queria esquecer tudo aquilo. Minha irmã percebeu que tinha algo de estranho. Quando começamos a conversar, descobri que ele também havia tentado abusar dela. Os abusos só acabaram quando minha irmã ameaçou ir na polícia e denunciar meu irmão.
Na época, minha mãe lutava contra um câncer. Não queria que ela sofresse mais. Ao vê-la chorando, eu disse que era mentira. Seis anos depois minha mãe veio conversar comigo e me perguntou tudo novamente. Eu respondi: ‘Eu contei tudo para a senhora, como pode ter esquecido? Como diz o ditado, quem bate esquece, mas quem apanha, não’. Ela ficou calada . Nunca tive coragem de contar para meu pai, que faleceu sem saber. Minha mãe morreu também e hoje não tenho contato com nenhum dos meus irmãos. Sou casada e mãe de uma menina de 4 meses.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem.
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