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“Ao descobrir um abuso, a família deve acolher e não repreender a menina”

A leitora Valentina* foi abusada na infância, na adolescência e na vida adulta, pelo marido. O apoio da mãe foi fundamental para ela se reerguer

Por Da Redação
Atualizado em 11 set 2020, 09h29 - Publicado em 11 set 2020, 09h27
 (Palmiro Domingues/Getty Images)
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“Minha história retrata abusos desde a infância até a fase adulta. A família tem que ter atenção redobrada com meninas e cuidar ao descobrir abusos para não repreender, pois isso é o que mais dói em quem está passando ou passou por essa violência e quer se libertar ao expor. O abuso é uma vergonha para o abusado.

Minha infância foi tranquila. Muitos dos fins de semana eu passava no sítio com minha família. Lá havia um caseiro que era muito querido pelos meus avós. Certa vez, em um fim de tarde, estavam todos pescando e ficamos com ele, eu e minhas primas, jogando baralho na mesa grande de madeira que havia na varanda. Eu tinha uns 7 anos.

Ele me pegou no colo e abusou de mim, colocando aquela mão áspera dentro da minha calcinha e estimulando até eu começar a chorar. Ele me largou e eu fui ao banheiro. Estava toda machucada e ardendo. Não tive coragem de contar para ninguém e isso nunca mais se repetiu.

Depois, quando eu tinha uns 15 anos, comecei a fumar escondida dos meus pais. Eu tio, irmão do meu pai, descobriu e tentou me chantagear. Ele foi até o meu quarto e começou a alisar minhas pernas até chegar às minhas partes íntimas. Mas eu já sabia me defender nessa época. Saí correndo e contei tudo para minha mãe. Lembro que ela me acolheu e nunca mais voltou a falar no assunto. Depois de adulta, tentei falar com ela a respeito, mas fui repreendida.

Aos 24 anos, me casei com um homem abusivo, mas não descobri até os 29 anos, quando saí de casa. Esse homem me abusava fisicamente e psicologicamente. Voltei para a casa dos meus pais na época e pedi ajuda da minha mãe. Ela me deu todo o apoio necessário e foi isso que me ajudou a me reerguer e seguir em frente deixando o passado para trás. Em 2012, conheci realmente alguém especial que me deu todo amor e respeito até hoje.

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Obrigada pelo desabafo. Isso é muito importante para as vítimas. Apesar da dor de recordar essa situação, é algo que não desejo mais levar na memória. Hoje sou grata por não ter acontecido algo pior.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

*Nome trocado a pedido da personagem

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