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Patrizia Gucci: a saga de uma mulher em defesa de seu nome

Em entrevista a CLAUDIA, a bisneta do criador da Gucci fala sobre sua trajetória e sobre os problemas enfrentados por causa de seu nome

Por Júlia Warken
13 out 2020, 10h08
 (Massimo Sestini/Divulgação)
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Designer de moda e de interiores, artista plástica e escritora, nascida em uma família cujo nome dispensa apresentações. Essa é Patrizia Gucci. Ela trabalhou por anos na empresa da família e fala com grande admiração sobre o bisavô Guccio Gucci – o gênio que criou a marca nos anos 20. Na Gucci, atuou na área de relações públicas e também como designer. Desde 1996, trabalha de maneira independente.

Mas, infelizmente, há décadas Patrizia lida com o incômodo de ser confundida com Patrizia Reggiane. Esta mulher, por sua vez, era casada com Maurizio Gucci (primo da Patrizia Gucci original) e foi a mandante de seu assassinato. O crime aconteceu nos anos 1990 e, em breve, será contado através de um filme.

Mais recentemente, Patrizia também se vê sendo confundida com Patricia Gucci, uma filha que seu avô Aldo teve fora do casamento. Em entrevista ao New York Times, a filha de Patricia, Alexandra Zarini, acusa o padrasto de tê-la abusado sexualmente durante anos na infância e afirma que a mãe era conivente.

Em entrevista a CLAUDIA, Patrizia Gucci fala dos dissabores enfrentados por conta de seu nome e conta um pouco mais sobre sua história. Confira:

Numa entrevista para o La Stampa, a senhora deixou claro que é a autêntica Patrizia Gucci. Como você lida com os problemas envolvendo seu nome?

Eu também dei uma entrevista ao Italian Stories da emissora RAI 1, esclarecendo que eu sou a autêntica Patrizia Gucci, filha de Paolo Gucci, da autêntica linhagem do fundador [da marca Gucci], meu bisavô Guccio Gucci. Durante anos, tem sido muito difícil, porque sou sempre confundida com a Patrizia Reggiani. Ela se divolciou, em 1994, do meu primo Maurizio Gucci, então ela não tem mais o direito de usar o sobrenome Gucci. Mas, com frequência, os jornalistas e a imprensa deliberadamente utilizam o sobrenome Gucci [para se referir a Patrizia Reggiani], pois dá mais visibilidade. Eu também precisei mover vários processos litigiosos contra jornais. Na Itália existe uma lei que confere o “direito a um nome e personalidade”, então foi um verdadeiro pesadelo, tanto no trabalho quanto na vida social. Até mesmo quando eu lancei meu livro, que eu escrevi sobre a família, eles me confundiram com ela.

Qual é a sua relação com Patricia Gucci, a mãe de Alexandra Zarini, e Patrizia Reggiani?

Eu não tenho relação com a Patriccia Gucci. Ela é uma filha ilegítima que o meu avô Aldo teve quando já estava velho, fruto do relacionamento com uma outra mulher e eles nunca se casaram. Meu avô Aldo Gucci sempre foi casado com a minha avó Olwen e eles nunca se divorciaram. Então, elas não são minhas parentes e eu não conheço as histórias nem as filhas, me dissocio completamente. Quanto à Patrizia Reggiani, depois do assassinato nós nunca mais nos falamos, porque todos nós ficamos muito chocados.

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Como a senhora já disse em outras ocasiões, o fato de que as pessoas a confundem com essas mulheres é muito desagradável. Como a senhora quer ser conhecida pelo público? Quem é Patrizia Gucci?

Eu nasci em Florença, a cidade onde a primeira loja da Gucci foi inaugurada (em 1923) e, depois de trabalhar por anos na empresa, eu me tornei uma designer de moda e de interiores autônoma. Também sou bem-sucedida na pintura e já fiz muitas exposições ao redor do mundo. Além disso, escrevi livros que foram traduzidos em muitas línguas. Meu segundo livro, Solteira, foi traduzido para o Brasil e eu fui a São Paulo para lançá-lo – e foi uma experiência maravilhosa. No meu quinto e último livro, Gucci – La vera storia di una dinastia di successo, eu falo sobre a verdadeira história da minha família.

Um filme sobre a morte de Maurizio Gucci está sendo desenvolvido. Como a senhora se sente em relação a isso?

Essa história interminável aconteceu em 1995, ou seja, 25 anos atrás. Eu gostaria de esquecer isso e ter meu primo Maurizio vivo novamente. Nenhum filme estará à altura da história verdadeira.

A senhora publicou um livro chamado Gucci – La vera storia di una dinastia di successo. O que fez a senhora querer escrevê-lo?

É porque foram lançados muitos livros falsos e escandalosos, então eu queria finalmente contar a verdadeira história, como um membro da família.

Você já falou sobre o conflito geracional na empresa da sua família. Mesmo com essas complicações (que são comuns em inúmeras empresas) e as controvérsias envolvendo membros da família, a Gucci segue sendo uma das maiores potências do mundo da moda. Como você descreveria a sua experiência pessoal sendo parte disso?

Não é fácil fazer parte dessa família, porque os membros são pessoas carismáticas com personalidades fortes. Mas eu tenho orgulho de fazer parte disso e de ter aprendido e herdado o bom gosto, o refinamento e o senso estético no que diz respeito a olhar para a beleza das coisas ao nosso redor. Especialmente por causa o meu pai Paolo, que foi o diretor artístico da empresa.

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O que o legado da Gucci representa para você?

A Gucci esteve acima de todos os símbolos de status no passado. Usar bolsas e acessórios era uma escolha relacionada à elegância e ao estilo de um produto da máxima qualidade. Hoje tudo é muito globalizado e muitas marcas surgiram, mas a Gucci segue famosa através do tempo, já que nasceu no início do século 20 graças ao gênio da minha família. A marca foi vendida para a empresa francesa Kering, que está seguindo um caminho bem sucedido.

E qual é o legado que você, Patrizia Gucci, quer deixar para o mundo?

Não pode passar despercebido o fato de que cada um de nós deve deixar uma marca nessa vida.

 

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